Luiz Bandeira
Essa primeira etapa da tão aguardada obra de reestruturação da Feirarte, a conhecida Feirinha do Alto, foi prometida para ser concluída em dezembro de 2022, adiada para janeiro deste ano, março já avança e pelo que a reportagem do jornal O Diário e Diário TV pôde perceber ao percorrer o canteiro de obras, não ficará pronta tão cedo. Esse atraso vem causando muitos transtornos e prejuízos aos expositores, muitos deles agora enfrentando dificuldades financeiras. Na tarde desta segunda-feira, 13, durante um breve passeio pela Praça Higino da Silveira, ao perceberem nossa presença, expositores nos abordaram para relatarem as dificuldades pelas quais passam atualmente. Expositores do setor de alimentação, por exemplo, que foi deslocado para a rua ao lado da feirinha para que seja iniciada obra no antigo espaço, próximo setor da feirinha a receber intervenções, queixaram-se das instalações que ocupam atualmente, alegando que os containers e os toldos instalados não contêm chuvas e as instalações são pequenas, permitindo apenas poucos clientes sob o toldo. O espaço agora denominado “boulevard”, realmente não oferece as mesmas condições de trabalho e conforto que os clientes se acostumaram na antiga área destinada à praça de alimentação.
O provisório deslocamento de algumas barracas para outro espaço está demorando causando problemas. Uma das expositoras mais antigas da feirinha, que preferiu não se identificar temendo sofrer represália, externou seu descontentamento por estar mais de 10 meses instalada onde fica quadra esportiva, já que o setor onde tem barraca, 03, é um dos setores que passa por obras atualmente. Essa senhora informou também que “não aguenta mais ficar o dia inteiro enfrentando o calor, pois sua barraca agora está instalada sob sol forte, e que antes ficava à sombra das árvores da Praça Higino da Silveira”.
Outro expositor, que informou estar mais de 20 anos tirando o sustento da sua família da Feirinha, estima que a queda do movimento estpa em cerca de 60%, ou seja, para ele, “devido às obras, a Feirarte vem faturando apenas 40% do que faturava antes das intervenções”. Esse mesmo expositor relatou a “dificuldade econômica que vêm enfrentando amigos que não conseguem sustentar a família, já que não possuem outra fonte de renda e seu faturamento caiu muito com a obra de reforma da Feirarte”.
Nova etapa
Uma das maiores preocupações dos feirantes agora é quanto à continuidade da obra, pois o projeto prevê interdição de um espaço onde se concentra mais da metade das 516 barraquinhas que formam a Feirinha do Alto, com a proposta de transferir essas estruturas para ruas no entorno da Praça Higino da Silveira. O que, segundo os representantes dos expositores “seria desastroso para o visitante, para o feirante e para o morador destas ruas”.
Representante dos Expositores a Associação Sou Mais Feirinha, Edésio Pacheco, conversou com a nossa reportagem sobre a situação preocupante dos associados. “O prefeito estipulou um prazo, que a obra seria em módulos, quatro módulos de 60 dias. A gente sabe que obra sempre dá transtorno, dá problema, dá atraso. Tivemos vários problemas aqui de interligação de manilhas, pois pegou coisas obstruídas, tiveram que demorar mais, mas está muito devagar, a gente está muito preocupado, o pessoal está na quadra ali há dez meses, vai fazer agora e estão passando por muita dificuldade, o movimento despencou, mas para o pessoal que está aqui na quadra o movimento despencou 60%, 70%”.
Edésio informou ainda que espera encontrar o prefeito para pedir providências. “Estou tentando falar com o prefeito pra ver se ele atende a gente pra tentar estipular um prazo pra esse pessoal poder sair daqui. A gente sabe que é preciso montar um canteiro de obras para poder avançar com a reforma, só que aqui está atravancado, aqui não anda. A gente precisa que se abra espaço para poder entrar os outros setores para eles começarem a ganhar mais espaço para trabalharem, porque se não esta obra vai se estender por muito mais tempo”.
Repensar
O representante dos expositores disse também que o projeto para a continuidade da obra precisa ser repensado para minimizar os transtornos. “São setores maiores, são praticamente o coração da feirinha que é a rua do meio. Agora a obra vem para a praça de alimentação aí fica a pergunta: por que não terminou aqui primeiro pra depois ir pra praça de alimentação? Aí já falaram que é porque precisa interligar a água aqui, mas tudo bem, por que não termina aqui primeiro? Vamos pedir ao prefeito pra dar essa força de terminar esse lado aqui primeiro, para o pessoal sair da quadra, pois eles não aguentam mais, 10 meses ali em baixo, é muito tempo”.
Faturamento em queda
Quanto à redução do faturamento Edésio diz que o feirante precisa é trabalhar para recuperar o prejuízo contraído até agora. “Tudo mundo reclama que o movimento deu uma queda muito grande. Carnaval deu muito movimento, porque aqui é uma cidade turística e segura, então o turista quer vir para a Região Serrana, quer um lugar seguro, a feira esteve muito bem policiada com o Segurança Presente, mas o movimento caiu muito. A gente já está passando por uma crise financeira no país, está tudo difícil e a obra também agrava isso. Eu acredito e peço muito a Deus para pôr a mão sobre a nossa feirinha para dar luz aos expositores para eles poderem tirar o seu sustento, pois muita gente vive daqui, muita gente tira o sustento da sua família daqui. Então a gente precisa trabalhar, precisa que a obra ande pra feira ficar bonita, como está no papel, como está no projeto, que vai ficar uma Feirart bonita, mas a gente precisa da conclusão dessa obra”.
“Obra de qualidade”
A Secretária Municipal de Turismo Elizabeth Mazzi, em vídeo gravado antes do Carnaval, falou sobre o andamento das obras e sobre os percalços que atrasam a obra. “Realmente agora a obra está ganhando um outro ritmo, nós viemos acompanhando junto ao cronograma que o Governo do Estado nos passa, com a Emop, estamos aqui com a comissão da Ferinha acompanhando também todo esse andamento. Alguns desafios mais difíceis foram vencidos, já que o governo pretende que essa obra não seja apenas uma maquiagem, em uma parte só externa, mas todas as galerias subterrâneas, tanto para iluminação quanto para todo esse problema que nós tínhamos há muito tempo atrás e que nós estamos tentando vencer, quando há chuvas muito fortes. Tudo isso está sendo sanado com um cuidado muito grande, com galerias novas”, detalhou a secretária.