Wanderley Peres
O programa Hélio Carracena desta segunda-feira, 10, entrevistou Alex Castelar, sobre o sucesso de um projeto que trouxe para Teresópolis, a Casa da Inovação, na Beira Linha, onde os jovens poderão aprender robótica, criação para aplicativos, inclusão digital e música, além de programação de jogos, que tem provocado bastante interesse. O espaço atende 300 alunos, mais de 50% jovens de outros bairros, destes 10% alunos de escolas particulares. Entre outros assuntos, Alex falou também sobre a concessão do serviço de distribuição de água em Teresópolis e a possibilidade de termos o serviço de tratamento de esgoto na cidade, hoje atendida por ETEs, estações de tratamento de esgoto, e as fossas e filtros, “que são particulares, e não públicas”, como observou em entrevista a O DIÁRIO no último sábado o secretário Flávio.
O espaço aberto na Diário Tevê, e no jornal O DIÁRIO, é uma contribuição para o esclarecimento do assunto, contribuição ao público, para o debate do tema, que deveria estar sendo discutido em audiências públicas com a participação do povo, ouvindo-se e assimilando as opiniões divergentes, construindo uma solução republicana para o problema arranjado pelos ex-prefeitos que não tomaram a providência da renovação do contrato com a Cedae, expirado desde o final do século passado, tendo que a Justiça intervir para corrigir a displicência dos políticos relapsos que ocuparam o poder ao longo de mais de duas décadas na cidade. O DIÁRIO já ouviu o prefeito, mais de uma vez, e o secretário de Meio Ambiente também, e outras entrevistas serão feitas para que as pessoas se esclareçam do assunto e da gravidade de uma concessão que poderá trazer aborrecimentos futuros, como vem ocorrendo em outras cidades, como São Gonçalo, Magé e Guapimirim, onde a grita vem sendo geral, enquanto os políticos que promoveram as concessões nem podem ser criticados porque não detém mais o poder.
SEM CORRERIA
“Indiferente de estar bem-intencionado ou não o prefeito e da capacidade do secretário de Meio Ambiente Flávio Castro, que ninguém tem dúvida dela, afinal tem larga experiência como secretário e comandante do Corpo de Bombeiros, sendo certo que eles estão fazendo a coisa do jeito que consideram correta e bem-feita, eu sou contra esse processo de concessão como ela está sendo conduzida. Tenho a mente bem aberta com relação às privatizações, elas são necessárias e uma boa solução, mas só dão certo quando o que se pretende ver feito é discutido com as pessoas de fora dos governos, com os técnicos, com os políticos, e com a população, que em Teresópolis não foi ouvida sobre o assunto.
Concessão difícil de ser implantado, e também de ser entendido o serviço, essa outorga da água deve por discussão em tempo mais longo. Fazer isso em curto espaço de tempo é temerário. Não pode ser uma discussão de um governo, que decide as regras como deseja porque tem o poder, mas de uma cidade inteira, devendo ser ouvidas as diversas vertentes de pensamentos, considerando as críticas”.
SOU CONTRA
“Nesse momento, dessa maneira como estão querendo fazer, como teresopolitano, sou contra, porque é um passo muito grande, que pode trazer algum percalço, e vai trazer, podendo representar um prejuízo muito grande para a cidade se for feita, a exemplo de outras cidades onde as reclamações vêm sendo muitas. As queixas dessas concessões vistas em São Gonçalo, Magé e Guapimirim, por exemplo, não podem ser ignoradas. Todo mundo está reclamando porque foram feitas as concessões sem a população ser ouvida.
Não tenho segurança nessas informações, de que a conta será mais barata. Precisamos saber mais sobre essas intenções. E o esgoto, será cobrado um preço justo? Ele vai ser cobrado, em breve, dobrando o valor da conta da água. As pessoas precisam saber dessa possibilidade, como o fim das mangueiras, a questão de quem tem poços artesianos e terão de pagar pela água e o esgoto, a questão da gratuidade da água nos prédios públicos…”
BORRACHA D’ÁGUA
“É muito bonito ver os políticos falando em soluções para os problemas do centro da cidade, onde o rio passa imundo. E agora vemos também o prefeito falar em “água de borracha”, e da realidade das comunidades carentes que, segundo o governo, vão ganhar com o corte da borracha e a obrigatoriedade de se usar a água tratada. Eu já morei nessas comunidades, e já usei água de borracha, como muitos ainda usam e não terão como pagar uma conta de água, então eu sei o que é essa realidade”.
AUDIÊNCIAS SECRETAS
“Esse mecanismo de audiências públicas é pouco representativo. Para dizerem que a população foi ouvida não basta postar banner na internet e achar que estão convidando o povo, porque quando é para receber o IPTU colocam anúncio até no vidro traseiro do ônibus, anúncio em jornal e rádio. Então, a população foi convidada pró-forma, e aí não vale, vamos ser justos. Marcar um encontro com o operário em horário de trabalho, e em locais nem sempre razoáveis é outro sintoma de que o povo não foi chamado para discutir o assunto, e que não houve, de fato, as tais audiências públicas porque não foi feita divulgação em massa do encontro, basta ver que, além dos políticos e da imprensa, quase ninguém sabe sobre essa concessão da água na cidade e no interior do município. O teresopolitano deveria ter sido convidado devidamente e chamado a debater o problema porque é um serviço público para ele.
E os moradores que usam água que não é da Cedae? Esses moradores vão ser os mais afetados, na cidade e no interior, e não vi essa gente nas audiências públicas, sendo ouvida em seus temores”.
CONTA SALGADA
“Vi numa entrevista aqui no DIÁRIO, que a Cedae fatura R$ 7 milhões de conta de água por mês e deste valor só R$ 4 milhões são recebidos porque os prédios públicos consumiriam R$ 3 milhões em conta de água e os prédios públicos tem gratuidade da Cedae. Com a concessão, os prédios públicos vão pagar pela água que gastam. Então os tais 10% de desconto que a empresa terá que dar na conta da água de todo mundo, considerando que a Cedae não cobra a água de uso público, em relação ao preço que a Cedae esse desconto não significa nada, porque haverá uma recompensa muito maior quando a prefeitura, ou seja, nós, passarmos a pagar a conta, também. É quando o menos vira mais, e isso o povo precisa saber antes de autorizar o prefeito a fazer a concessão”.
MAUS EXEMPLOS
“Já vi outras iniciativas do governo, todas de boa intenção, e se falava em qualidade técnica nos projetos. Estou falando da passagem de baldeação, que enquanto o povo reclamava, o governo alardeava a mudança como boa, e depois tiveram que voltar atrás porque se viu que estava tudo errado, sem técnica alguma. Então, com esses exemplos ruins, o teresopolitano tem que ficar com o pé atrás, não podendo acreditar em tudo que ouve.
No Rio não é diferente. A notícia da concessão da Supervia foi dada como uma coisa muito boa para o povo, a mesma coisa a concessão das barcas. E agora o governo que substituiu o anterior está tendo que interferir, ajudar, para um serviço minimamente razoável porque aquele mundo maravilhoso não era de verdade”.
INTEGRAÇÃO
“Minha preocupação é que não aconteça com a água o que aconteceu com o ônibus em Teresópolis. Na água, ainda é mais grave porque a concessão é de longo prazo, e o prejuízo pode ser muito maior.
Por mais de vintes anos, esse problema da água passou nas mãos de vários governos”.
OBSCURO
“Se a gente errar, o preço político para quem colocar sua assinatura nesse papel vai ser alto. É um risco a privatização da água. E me assusta esses contratos mal feitos. Não sou contra a privatização, sou contra a privatização na correria. Embora existam determinações para providências no sentido de conceder a água, essa concessão precisa ser feita com sabedoria”.
LIXÃO
“Já conversei com a superintendente do governo do Estado sobre o Lixão de Teresópolis, que está sobre um curso de água, que leva o chorume para o Paquequer, que está na bacia do Preto e do Piabanha, rios que tem suas águas captadas para consumo ao longo do percurso até o mar. Precisamos tratar do esgoto urbano, mas precisamos evitar, também, que o chorume contaminado do lixão caia no rio, piorando a qualidade de vida das pessoas”.
CASA DA INOVAÇÃO
Quem participou do programa, também, foi a aluna do Ginda Bloch, Karen, de 12 anos, que faz participa do projeto de busca no espaço para a descoberta de asteroides, programa do ministério da Ciência e Tecnologia em conjunto com a Nasa que envolve jovens do mundo inteiro.
Ao apresentador Hélio Carracena, ela minimizou a importância da sua descoberta, dizendo é só prestar bastante atenção nas figuras da tela, e podem ser asteroides aquelas figuras que andam em linha reta e não mudam de forma. “Se elas agirem diferente, não são asteroides, e não fica difícil de identificar, como aprendemos na primeira aula, de introdução ao programa”, disse, confessando que quer mesmo é ser veterinária. “Seria até uma boa oportunidade, para um desses asteroides ter o nome da nossa cidade”. Além de poder dar os nomes a esses asteroides, em dezembro, os alunos da Casa de Inovação vão à Brasília, para receber medalhas pela descoberta.