Marcello Medeiros
Cercada de unidades de conservação ambiental, com centenas de possibilidades de vias de escalada e caminhada, Teresópolis tem o título de Capital Nacional do Montanhismo. Além disso, e muito antes de se pensar nos parques que hoje protegem riquíssimas fauna e flora, o município tem relação com o primeiro grande feito do montanhismo nacional – a conquista do Dedo de Deus, em 1912, além do teresopolitano Mozart Catão ter feito parte da primeira expedição legitimamente brasileira ao Everest, a montanha mais alta do mundo. Em breve, tamanha riqueza histórica e potencialidade turística estarão em exposição e divulgação em um local pensado para atender essa demanda, a “Casa do Montanhista”. Esse espaço está sendo montado em uma residência na Avenida Rotariana, no Soberbo, em frente à portaria do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Ele terá ambientes para exposição valorizando os conquistadores locais e atletas que se destacaram nesse esporte, além de funcionar como um hub de informação turística do município, um ponto de encontro para montanhistas, aluguel de equipamentos e confraternização no Café de estilo Inglês.
A “Casa do Montanhista” é um projeto do governo Vinicius Claussen que integra os programas municipais “Terê Tão Bela” e “Pra Cima Terê”. “Os nossos projetos são voltados para o desenvolvimento de ações estratégicas que potencializem as nossas vocações municipais e utilizem, como respeito ao meio ambiente e a cultura local, dos elementos da cidade para o fomento econômico de forma sustentável. A implantação da Casa do Montanhista é importante porque reforça a valorização da história de Teresópolis na prática de tal modalidade esportiva, que inclusive dá ao município o Título de Capital Nacional do Montanhismo”, destaca o Prefeito Vinicius Claussen.
O projeto engloba uma série de atividades que serão implantadas e administradas pela Prefeitura, incluindo a reforma e manutenção das instalações externas; sala para exposições; atendimento da secretaria municipal de Turismo; divulgação do voucher eletrônico do turismo; eventos turístico e cultural; e banheiros adaptados. A secretaria de Obras Públicas está fazendo as adaptações necessárias para que a Casa possa ser inaugurada ainda este ano.
“A Casa do Montanhista é um equipamento Turístico de Teresópolis, voltado para receber tanto moradores quanto turistas que chegam ao município. O local, apesar de não ser um museu, está ancorado nas práticas mais contemporâneas de museologia e se dedica a apresentar marcos e feitos do montanhismo no Brasil além de convidar o público a conhecer Teresópolis e seus três parques, além de procurar respostas para a seguinte provocação: ‘Por que subir uma montanha?'”, frisa a secretária de Turismo, Elizabeth Mazzi.
Setor de alimentação e lojinha
A Prefeitura de Teresópolis publicou, no Diário Oficial eletrônico, o Chamamento Público para seleção de empresa de serviços de alimentação e bebidas, como restaurantes, para atuação no inédito projeto chamado de “Casa do Montanhista”. A empresa selecionada também poderá comercializar souvenirs no espaço. Para participar do chamamento, empresários e empreendedores devem consultar o Edital, disponível em https://bit.ly/CP0012023 e entregar a proposta na Secretaria Municipal de Trabalho, Emprego e Economia Solidária (Av. Feliciano Sodré, 675 1º piso Várzea), até o próximo dia 17 de maio, antes do início da abertura das propostas e Sessão Pública para a seleção, marcada para 10h.
Teresópolis na conquista do Dedo
Há muito considerado como inatingível, pois derrotara várias levas de veteranos montanhistas estrangeiros, o Dedo de Deus acabou sendo conquistado por cinco moradores de Teresópolis que, embora aficionados das atividades ligadas à natureza, não tinham grande experiência em escalada. Eram eles o ferreiro José Teixeira Guimarães, o caçador Raul Carneiro e os irmãos Acácio, Alexandre e Américo Oliveira. Contaram também com a preciosa colaboração do menino João Rodrigues de Lima, que percorria diariamente a longa subida até a base da escalada, levando comida para o grupo.
Os preparativos para a conquista foram minuciosos, compreendendo desde o planejamento da operação e definição da rota, até a fabricação e seleção do material técnico empregado (grampos, estribos, hastes, brocas marretas, etc.). Destas últimas tarefas, incumbiu-se o próprio Teixeira, valendo-se para isso dos conhecimentos adquiridos na sua profissão de ferreiro.
No dia 3 de abril de 1912, o grupo partia para seu memorável feito. Com ajuda de pesadas cordas de sisal, bambus e ferragens, os diversos obstáculos foram, dia após dia, ultrapassados. Coragem, determinação e muita cooperação evidenciaram-se como qualidades imprescindíveis para subjugar o perigo, o cansaço, o frio e as condições adversas com que se defrontavam. Paredões abruptos, chaminés estreitas, passagens sobre abismos, tudo foi aos poucos superado, graças ao arrojo e espírito de equipe dos cincos companheiros. Finalmente no sexto dia – 8 de abril de 1912 – o grupo atingia o topo da montanha.
Tomados por intensa emoção abraçaram-se com alegria e tremularam a nossa bandeira, ao mesmo tempo em que eram saudados à distância pelos que os acompanhavam de binóculos e lunetas. No retorno, foram merecidamente recebidos como verdadeiros heróis pelo povo de Teresópolis. Dessa forma, a conquista do Dedo de Deus representou um marco glorioso na história do montanhismo brasileiro. O caminho idealizado por Teixeira, e que mais tarde recebeu o seu próprio nome, constitui, ainda hoje, uma importante via de acesso ao cume do imponente penhasco. O grampo criado por ele para se proteger de eventuais quedas também entrou para a história e prática do esporte até hoje.
Teresópolis no ponto mais alto do mundo
Além da conquista do Dedo de Deus e outras montanhas de relevante importância, Teresópolis teve o nome elevado ao ponto mais alto do mundo, o Monte Everest (8.848m). Em 14 de maio de 1995, os primeiros brasileiros a pisar naquele cume foram Waldemar Niclevicz e o teresopolitano Mozart Catão, que infelizmente perdeu a vida quando escalava a face sul do Aconcágua, na Argentina, em 1998.