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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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SINDPMT acende alerta para atraso nos salários dos servidores

Previsão do governo municipal para o segundo semestre é motivo de grande preocupação

Luiz Bandeira

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, o SINDPMT, avalia que o governo municipal não terá condições de honrar com o pagamento do funcionalismo já a partir de setembro. Para entender porque os representantes da categoria chegaram a essa conclusão, a reportagem do jornal O Diário e Diário TV esteve na sede do sindicato para conversar com a presidente Kátia Borges, que nos confirmou essa preocupação e apresentou o motivo para tal. “Eu jamais imaginaria estar voltando a falar sobre isso, mas de fato há essa possibilidade. Ontem, 11, nós fizemos uma reunião com a diretoria já para alertar quanto ao cenário do segundo semestre e são vários pontos que mostram para gente onde isso vai acontecer”. A sindicalista elencou as derrotas que o governo vem sofrendo para tentar emplacar a concessão do serviço de fornecimento de água no município, além da tentativa de empréstimo vetados pelo legislativo municipal. “Isso ia jogar dinheiro para dentro da prefeitura e a gente começa a ver que o segundo semestre com diminuição de verba, normal, a gente já espera isso, a gente já adiou o Refis por muito tempo, então diminuiu receita, com isso tudo, você já começa a perceber a dificuldade de pagamento. Já não é de hoje que ele está com dificuldade, esse mês a gente já teve aí o atraso dos contratados”, pontuou.
Kátia Borges projetou quando as dificuldades ficarão evidentes. “A gente aqui avaliando todas as situações, as contas, a gente tem uma previsão de dificuldades em honrar com os salários de setembro ou outubro. A educação é que eu acho que vai ficar ainda até novembro, provavelmente tenha dificuldade em dezembro, porque a gente tem o Fundeb, eu sou presidente hoje do Conselho do Fundeb, então a gente está tendo muito cuidado com a verba para que a gente possa cuidar do salário da educação, porque se cair na 00 (recursos municipais utilizados para pagamentos diversos), ainda piora a situação, para as demais categorias o salário dos profissionais da educação caindo na conta comum a todos, piora essa questão de pagamento de salários. Mas é fato que a gente tem aí uma previsão de viver dificuldades ao final desse ano”, enfatizou.

POT onera ainda mais o município
Pedimos a Presidente do SINDPMT para detalhar como é dividido o quadro de servidores da prefeitura. “A gente tem o servidor estatutário, que é aquele que fez concurso, que hoje nós somos aí próximo de três mil. Nós temos o contratado que é feito um contrato CLT, eles têm carga horária, a gente paga imposto em cima desses contratados, tem muitos na educação e saúde e a gente tem o POT (Programa Operação Trabalho), que hoje tem mais deles do que servidores, mais do que contratados. É um serviço que pra gente é considerado um trabalho escravo atualizado, eles não tem garantias e direitos trabalhistas nenhum, nós denunciamos isso ao MPT (Ministério Público do Trabalho), porque a pessoa se machuca e tem que trabalhar naquela condição, eles têm carga horária a cumprir, tem um vínculo com a prefeitura, inclusive estão onerando o município, porque eles estão ganhando processos, que hoje aí são aos montes. São esses os três tipos de servidores que a gente tem hoje dentro do nosso município e a falta do concurso, por conta de a gente ter todas essas condições”, explicou.
Para Kátia, o Programa Operação Trabalho, que inicialmente seria para garantir trabalho à população, prejudicada pelo momento de desestabilização da economia, gerada pela pandemia de Covid-19, vem sendo usado indiscriminadamente, sem limite causando desperdício de recursos públicos, sem garantir a esses trabalhadores direitos trabalhistas conquistados. “Impacta no orçamento afinal é mais de quatro milhões por mês o pagamento desses funcionários do POT, é uma condição de dois anos, a gente tem agora em média saindo cerca de 800 POTs, principalmente da educação, agora em julho, a maioria deles são cuidadores e merendeiras e a gente vai ter que trocar. Então teve o gasto de fazer o curso, mantém por dois anos e agora eles saem e tem que fazer tudo de novo. Então é um gasto no município muito grande”.

“Eu acredito que salário seja uma preocupação dele, porque vão acontecer as greves, as manifestações e a gente só pode fazer greve por falta de salário, ele sabe disso, então eu acredito que exista aí uma preocupação dele com o salário, mas não tem de onde você tirar quando você de fato não tem o dinheiro em caixa. Então isso preocupa muito a gente”, destaca a representante dos servidores

Prefeito “fecha as portas”
A Presidente do SINDPMT disse ainda que o governo municipal não abre mais diálogo com a categoria. “A gente teve uma reunião com ele já fez um tempinho. Agora a gente não tem mais pedido reuniões, porque a gente não tem mais o que conversar com ele de fato e ele fechou a porta aí para gente, enquanto sindicato para o servidor, não há para ele a preocupação com os nossos direitos. Eu acredito que salário seja uma preocupação dele, porque vão acontecer as greves, as manifestações e a gente só pode fazer greve por falta de salário, ele sabe disso, então eu acredito que exista aí uma preocupação dele com o salário, mas não tem de onde você tirar quando você de fato não tem o dinheiro em caixa. Então isso preocupa muito a gente”.
Kátia disse ainda que os servidores sabem das dívidas contraídas pelo município e fez uma grave denúncia. “As dívidas do município não são escondidas, a gente sabe, tanto na saúde quanto na educação, tudo que a gente escuta das verbas que foram gastas, isso não é mentira, a gente está com problema de repasse de verba federal, de verba carimbada, isso é um problema muito sério. A gente está com um problema na educação de desvio de finalidade, se desapropria um imóvel e não se utiliza para a educação, com dinheiro do Fundeb”.

Prioridade
Ao fim da entrevista Kátia deixou claro que a preocupação é de que o salário do servidor não seja priorizado quando o município não tiver recursos. “Então são várias questões que a gente vê no município que de fato vai chegar o momento que precisa ter prioridade e a gente espera que a prioridade seja a gente. A partir de agosto, logo no princípio das aulas, a gente tem uma assembleia marcada, já montamos a pauta e vamos começar nossas ações antes que aconteça para a gente não ter que depois fazer greve quando acontecer”.

Posicionamento
Na tarde desta quarta-feira, 12, levamos ao conhecimento do governo municipal a preocupação dos representantes dos servidores quanto a possibilidade de não haver verba para honrar os salários no segundo semestre. Recebemos do governo a seguinte resposta: “A Secretaria M. de Saúde informa que a legislação municipal que regulamenta o pagamento dos servidores efetivos determina que estes recebam sua remuneração até o quinto dia do mês subsequente o que foi acatado pela municipalidade já que estes receberam seus salários no dia 05/07/2023, conforme estabelecido pela legislação vigente. A data inicial para recebimento pelos servidores contratados era dia 20 do mês subsequente, o que vinha sendo praticado desde abril de 2018. Com a implantação do E-Social, por motivos logísticos, foi solicitado a antecipação do pagamento dos contratados para até o dia 15 do mês subsequente, o que foi prontamente atendido pelo executivo. O pagamento referente ao mês de junho foi depositado no dia 11/07/2023 dentro do prazo estabelecido inicialmente. Sendo assim, não há que se falar em atraso de pagamento, uma vez que todos os servidores receberam seus salários no prazo legal”.

Edição 23/11/2024
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