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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Período de estiagem evidencia agressões ao Paquequer

“Ilha de lixo” na Cascata Guarani viraliza e causa indignação em quem ainda acredita na recuperação do rio

Marcello Medeiros

A grande maioria da população teresopolitana desconhece, mas ainda é possível beber água do nosso Paquequer. Isso, logicamente, a muitos quilômetros de distância da região densamente ocupada às margens do rio, nas altitudes da Serra dos Órgãos. Ele nasce nas proximidades da Pedra São Pedro, desce por um grande vale, corta a sede Teresópolis da unidade de conservação ambiental e, logo depois, começa a ser vilipendiado até desaguar no Rio Preto, em Providência, no Segundo Distrito. Muito lixo e esgoto dão lugar à água cristalina que brota diariamente nas montanhas. E, nessa época do ano, quando chove menos, as agressões ao Paquequer ficam ainda mais evidentes. Esta semana viralizou nas redes sociais um vídeo mostrando uma “ilha de sujeira” no trecho da Cascata Guarani, onde garrafas pet, pedaços de isopor, sacolas e outros resíduos estão aglomerados em um local que já foi muito utilizado para o lazer – isso décadas atrás, quando a população era exponencialmente menor e a consciência ambiental seguia no sentido contrário do que se vê hoje.
Recentemente, a coluna “Mochileiro”, publicada aos finais de semana pelo Diário, mostrou que, se fosse cuidado, o Paquequer poderia ser explorado turisticamente. Nnos domínios do PARNASO existem dezenas de cachoeiras e poços, muito procurados no verão. Inaugurado em 2009, o último trecho da Trilha Suspensa permite ao visitante ver bem de perto um rio totalmente limpo, que convida ao banho. Após receber a água do rio Beija-Flor, o Paquequer segue por dentro da sede local da unidade de conservação. Ao lado da portaria do parque, abaixo da ponte Slooper, as cachoeiras também tem muita visitação.

Imagem de “Ilha de sujeira” na Cascata Guarani viralizou nas redes sociais esta semana. Foto: Marcello Medeiros/O Diário


“Já tendo recebido muito esgoto dos bairros do Comary, Ilha do Caxangá, Araras e Beira-Linha, várias corredeiras e uma grande queda chamam a atenção na Cascata Guarani. Esse trecho, nos saudosos tempos em que se podia tomar banho no Paquequer, era bastante frequentado – há diversas fotos antigas conhecidas na Cascata, hoje completamente descaracterizada pelas construções nas suas margens, assoreamento e o lixo. Para facilitar a identificação do leitor, essas quedas ficam próximas à entrada da Beira-Linha, através da Avenida Alberto Torres”, citou a reportagem justamente sobre o local em evidência esta semana.

A grande queda
Uma das maiores e mais bonitas quedas do Rio Paquequer é a Cascata do Imbuí, com mais de 100 metros de altura. Mas, apesar de tanta beleza toda aquela água é a mesma que cruza a cidade, ou seja, tomada pelo esgoto domiciliar, garrafas pet e sacolas plásticas. Além disso, o que deveria ser mais um ponto turístico está abandonado e é desconhecido da grande maioria dos teresopolitanos. Não fosse a água do Paquequer tratada como destino de todo o esgoto da cidade, o nosso principal rio, com certeza, seria um local ideal para a prática de esportes. A partir da localidade do Matadouro, divisa com Córrego dos Príncipes, até o encontro com o Rio Preto, em Providência, há dezenas de corredeiras. No Matadouro, não muito das casas populares construídas pela prefeitura, além de uma queda de aproximadamente cinco metros de altura há um grande poço, que certamente seria um point para o banho se a situação fosse diferente.

De um lado, a sujeira. Do outro, uma ave que luta para sobrever no que sobrou do rio. Foto: Marcello Medeiros/O Diário

Mais do que meio ambiente
As corredeiras do nosso principal curso d´água são apenas um pequeno exemplo das suas belezas e de que elas deveriam ser melhor aproveitadas – ou, no caso, recuperadas. Como afirmei no começo do texto, o “Paquequer é um rio que nasce e morre todos os dias”. Ainda está longe de o teresopolitano entender sua grandiosidade e suas maravilhas e, mais do que isso, sua importância para a VIDA em nosso município. Temos que entender que fazemos parte desse tão falado “meio ambiente” e que ele não é apenas “o mato que nos cerca”.

Décadas atrás, em um tempo que o rio ainda era utilizado para o lazer. Imagem é o mesmo local onde viralizou a “ilha de sujeira”. Foto: Acervo Pró-Memória/O Diário

Promessa de recuperação
Atualmente, se tem discutido um uma importante questão para contribuir com um futuro melhor do Paquequer: o tratamento do esgoto que é despejado ao longo de quase todo o curso d´água. Tal serviço só deve ocorrer quando for realizado o processo de concessão da água do município, função prevista em tal licitação. Apesar de existir tal previsão, só o futuro irá dizer se realmente nossas próximas gerações terão uma visão diferente do que temos hoje do nosso principal rio.


Edição 23/11/2024
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