MOCHILEIRO – Marcello Medeiros
Cerca de um mês atrás publiquei por aqui uma coluna especial sobre ciclismo mostrando um roteiro entre Teresópolis, Sumidouro e Nova Friburgo, citando, além da beleza da região, a importância de se desafiar e se superar. Três semanas depois desse “feito”, resolvi encarar mais um desafio pessoal que estava projetando há tempos, a “Volta de Além Paraíba”. Trata-se de um roteiro ciclístico saindo de Teresópolis, seguindo até esse município mineiro e retornando para a terra de Teresa por outro caminho, via Petrópolis, por mais de 200 quilômetros utilizando quatro rodovias federais – em apenas um dia de jornada. Esse é, para a grande maioria das pessoas, realmente uma grande meta a ser superada. E para mim não seria diferente. Além de longa distância, o número de subidas é outro “problema” e a maior delas, a serra da BR-465, fica justamente nos quilômetros finais.
Importante frisar que, apesar de um apaixonado pelas duas rodas, não me dedico exclusivamente a esse esporte. Faço meus pequenos treinos semanais, mas não tenho uma rotina de atleta, dividindo meu tempo ainda com o montanhismo – paixão que mantém de pé há quase três décadas e que, portanto, não posso de maneira nenhuma deixar de lado. Isso sem esquecer que já passei dos quarenta… Mas, depois de concluir bem os 160 quilômetros semanas antes, decidi que seria um bom momento para ultrapassar os 200.
BR-116
A primeira rodovia federal utilizada foi a BR-116, conhecida como “Rio-Bahia” ou Rio x Teresópolis x Além Paraíba, na nossa região. Por ela segui por cerca de 70 quilômetros, estando o primeiro trecho com mais inclinação logo nos 25 iniciais, a serra entre a entrada de São José do Vale do Rio Preto e Serra do Capim. Dali em diante, algumas subidas mais leves e uma boa descida depois do limite entre São José e Sapucaia. Cheguei em Além Paraíba por volta das 10h30, parando para registrar a entrada em terras mineiras e um lanche para recuperar as energias.
BR-393
Saindo de Minas Gerais, o retorno ao Rio de Janeiro é pela rodovia BR-393, a mais movimentada e com grande fluxo de caminhões devido justamente ser conexão entre os dois estados. Passei pelo município de Sapucaia e o distrito de Anta, famoso pelas represas de Furnas. Ao longo de todo esse trecho, aliás, o grande volume d´água do Rio Paraíba do Sul é o destaque.
BR-040
Outra grande estrada de nível federal, a BR-040 é famosa por conectar Rio de Janeiro e Minas Gerais. Quando cheguei a ela, já em meados da tarde, ainda faltavam muitos quilômetros para chegar em casa. Devagar e sempre, fui ganhando terreno agora em cada vez maior aclive, saindo da 040 já no início da noite.
BR-465
O dia começou com chuva, depois abriu um sol forte – para mim sempre muito pior para pedalar, pois me desgasta bastante. Como não consegui madrugar para realizar esse roteiro, pegar noite seria inevitável. Como disse acima, não sou um grande atleta. Às vezes, nem atleta me considero… Parei em Itaipava às 19h30, onde fiz mais um bom lanche para encarar o último, e mais difícil, desafio, subir para Teresópolis pela serra que conecta o município a Petrópolis. Quando entrei na BR-495, já havia ultrapassado os 180 quilômetros pedalados… Devagar e sempre, na “vovozinha”, fui escalando essa montanha asfáltica até finalmente encontrar a placa indicando o limite entre os municípios.
Mais sobre a “Volta”
Para quem gosta de números, foram 220 quilômetros percorridos, com 2850 metros de altimetria acumulada. Sete municípios, dois estados e quatro rodovias federais. Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto, Sapucaia, Além Paraíba, Três Rios, Areal e Petrópolis ficaram registrados no meu ciclocomputador e, mais do que isso, na minha memória. Essa será mais uma daquelas realizações que ficam eternizadas por quem vive a essência do esporte, somada à contemplação do mundo ao seu redor. Para saber mais sobre a “Volta de Além Paraíba”, acesse o Instagram @mochileiro_marcello