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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Sobre desistir

Em tempos de reforços positivos que exploram um excesso de vibrações, energias, sorrisos estampados em rostos que parecem ter excedidos nas inserções do Botox, escrevo-lhes sobre a Desistência. A tal, não visita apenas corpos fracos e destituídos de brilho, não se faz presente apenas quando as fragilidades emocionais nos deram uma rasteira sem precedentes, não é condição apenas diante da perda, ela vem, ela está e por vezes ela é, e assim, se faz um com nossa vida.
A desistência não pratica quedas de braço com discursos motivacionais, ela se reconhece maior que eles, sabe do efeito placebo dos livros de autoajuda e, enquanto, o discurso afirmativo procura um ninho para pousar, a desistência, sorrateira e sutilmente, desfaz suas possibilidades de repouso na mente. A mente não trava batalhas com a desistência quando está munida desses conceitos rasos e sem solidez. Seria como enfrentar o exército de Alexandre o Grande com paus e pedras. A desistência também não se incomoda com as postagens exibicionistas que buscam estimular ou até mesmo impor os efeitos e as mudanças nos outros A dieta de um pode não surtir efeito no outro, os treinos de academia podem elevar notoriamente mais um corpo em detrimento do outro, já que existe condições genéticas que favorecem o resultado.
A individualidade quando se confunde com os progressos de um determinado coletivo seguirá destrutivamente para o efeito manada, uma robotização na dinâmica da vida, uma descaracterização naquilo que temos e somos e que enriqueceria o ambiente, a partir das nossas experiências pessoais. Com isso, perdemos o direito de fala e opinião, para assim, sermos direcionados por sistemas de controle e uniformização.
Portanto, não há o que fazer diante da desistência? Bem, somos nós que a alimentamos. O confronto tête-à-tête nos conduzirá a uma perda iminente, portanto, se você não pode com um inimigo então… haja de maneira indireta. Coma pelas beiradas. Enfraqueça-a sem que ela perceba. Desnutri-la é o propósito. Mas, como fazer isso?
Um dos carboidratos que promovem energia a Desistência são nossos comparativos, ou seja, quando não entendemos nossos processos pessoais e queremos viver a vida de outra pessoa. O antropólogo Rene Girard nos escreve sobre o desejo mimético, que nada mais seria que o desejo de imitação. Quando vemos o que o outro tem, muitas vezes queremos não porque necessitamos, mas simplesmente por aquilo ter trazido uma condição de sucesso para aquela pessoa. Esse desejo sufoca nosso desenvolvimento pessoal, pois na admiração que nutrimos por alguém que chegou onde queremos chegar, ou adquiriu o que passemos ansiar, perderemos nosso senso ético por assumir o discurso do custe o que custar, mesmo que custe a vida do outro. Portanto, Vá na academia e foque no seu treino, faça sua dieta e se concentre na sua evolução, ingresse em um curso e esqueça a graduação alheia. O outro poderá ser sua referência, mas nunca a sua permanência existencial.
Outra questão que nutre a desistência é insistir naquilo que já se deveria ter desistido. Contraditório? Pense comigo, quando insistimos em situações que deveríamos ter largado de mão, perdemos forças que seriam usadas em propósitos relevantes para a vida. Desistimos do que é essencial pela escolha do fútil. O discurso raso diria: “Vá! Seja determinado. Não seja um perdedor! ” Já aquela voz que clama no deserto da nossa consciência dirá: Deixa de ser cabeça dura com essa teimosia sem sentido. Desista. Concentre e reserve sua força no que de fato vale a pena para seu desenvolvimento e crescimento de dentro para fora. Desista do que te faz mal. Desista do não-essencial. Nem toda desistência é ruim, apenas decida que voz ouvir.

Tiago

Tiago Sant´Ana

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Edição 15/03/2025
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