Luiz Bandeira
Entregadores de aplicativos de delivery e motoboys em Teresópolis se mobilizam para aderir à paralisação que ocorrerá em 18 estados do país. Organizados principalmente por meio de grupos de WhatsApp, os profissionais prometem suspender os serviços de entrega nos dias 31 de março e 1º de abril. Em Teresópolis, a concentração dos entregadores, com motos e bicicletas, será na Praça Olímpica Luis de Camões, no centro da cidade. Nesta quarta-feira (19), representantes da categoria concederam entrevista à reportagem da Diário TV e detalharam os motivos que os levaram a organizar o protesto.
Vitor Paim, um dos porta-vozes do movimento, destacou que a tarifa de entrega não sofre reajustes há três anos. “Esta paralisação é uma ação conjunta em 18 estados para reivindicar a melhoria da nossa taxa mínima. Hoje, ela está em R$ 6,50, um valor muito baixo, principalmente considerando que, muitas vezes, percorremos 6 km por essa quantia, carregando peso de mercado e correndo o risco de sermos multados por parar em lugares inadequados, para atender a pessoas debilitadas que não podem pegar o pedido”, afirmou Vitor, enfatizando a insatisfação com os valores e a falta de reajuste.
Ele ainda lembrou que durante a pandemia, a categoria foi mais valorizada. “Na pandemia, estávamos na linha de frente, enfrentando o risco de contaminação por Covid-19. Agora, depois de três anos sem reajuste, estamos sendo esquecidos. O custo dos pneus, da gasolina e da inflação aumentaram, mas nossas taxas continuam estagnadas”, lamentou.

Limitação de quilometragem
O movimento não se limita ao pedido de aumento nas tarifas. Também busca estabelecer uma limitação no número de quilômetros para entregas realizadas por ciclistas no aplicativo iFood. Renato Cruz, outro representante da categoria, ressaltou a falta de suporte por parte do iFood. “Somos prestadores de serviço para o iFood e temos uma carga horária fixa de 28 horas semanais. Caso não cumpramos, somos bloqueados. Estamos buscando melhorias, pois não temos um contato direto com a empresa, apenas com uma inteligência artificial. Quando encontramos problemas com as empresas parceiras, como demora ou mau atendimento, não temos um canal efetivo para reclamar”, explicou.
Melhora na parceria
Renato também destacou que a manifestação visa, além de reajustes nas taxas, melhorar o atendimento do iFood e das empresas parceiras, que muitas vezes prejudicam os entregadores com um serviço inadequado. A insatisfação é ainda mais evidente entre os motoboys, que têm se queixado dos baixos valores pagos pelas entregas em bairros afastados ou locais de difícil acesso, com muitas subidas. Já os entregadores que utilizam bicicletas enfrentam trajetos longos e íngremes, como apontou Erlan de Jesus, o “Baiano”. “A gente quer melhorar as rotas agrupadas. Muitas vezes, uma única rota paga apenas R$ 6,50, mas ela acaba sendo combinada com outras, o que diminui o ganho. Para quem trabalha de bicicleta, isso é ainda mais difícil, pois o trajeto é longo e o valor não compensa. Recentemente, um entregador levou um lanche do ‘Mac’ até a Granja Guarany por R$ 6,50. Queremos uma limitação de quilometragem para quem faz entregas de bicicleta”, disse Erlan.

Todos devem participar
Por fim, os motoboys pedem que, mesmo os profissionais que não puderem participar da paralisação, ao menos desliguem seus aplicativos durante os dias 31 de março e 1º de abril, como forma de gerar um impacto maior e sensibilizar as empresas para as demandas da categoria.