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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Estádio do Teresópolis F.C. é retomado e reacende debate sobre patrimônio esportivo

Sócio desde 1960, radialista Ayrton Rebello comemora ação que devolveu praça esportiva ao município

Luiz Bandeira

O Teresópolis Futebol Clube voltou ao centro das atenções na cidade, mas não por feitos esportivos recentes. Fora das competições desde 2019 e desfiliado da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) desde 2023, o clube enfrenta um imbróglio[U1] envolvendo uma negociação irregular do imóvel, a Prefeitura e o uso do seu campo no bairro do Alto. Mais do que uma questão jurídica, o caso reacende o debate sobre a preservação de um dos mais tradicionais patrimônios esportivos de Teresópolis.

Time do Teresópolis Futebol Clube reunido para um registro histórico durante uma partida realizada em seu estádio. No detalhe a criança que aparece como mascote é o radialista Ayrton Rebello. Foto: Acervo Ayrton Rebello


Fundado em 1915, o clube soma 110 anos de história. Já foi campeão municipal diversas vezes, teve papel ativo na formação esportiva da cidade e, em seu passado mais ilustre, chegou a receber a Seleção Brasileira, com nomes como Pelé e Garrincha pisando em seu gramado. O campo, localizado na Rua Ernesto Silveira, no Alto, foi doado oficialmente ao clube por meio de contrato com o município, sob a condição de uso exclusivo para a prática de esportes. Com o abandono da área e uma tentativa de venda, a Prefeitura retomou a posse do terreno na manhã da última quarta-feira (16).
A ação foi embasada em cláusula do contrato registrado em cartório, que determina a reversão automática do imóvel ao município caso a destinação original seja descumprida ou em caso de dissolução da entidade beneficiada. O campo, há anos sem manutenção, encontrava-se tomado pelo mato e com indícios de abandono completo.

Para Rebello, o resgate do espaço vai além da questão legal — é também uma missão de memória e respeito à história de Teresópolis. Foto: Maria Eduarda Maia / O Diário


Ayrton Rebello, radialista e um dos últimos remanescentes do quadro social do Teresópolis Futebol Clube, considera a medida um passo necessário para evitar o desaparecimento de um símbolo da história local. Segundo ele, o clube não possui mais filiação federativa, nem liga, tampouco quadro social, o que caracteriza sua dissolução de fato. Além disso, havia a suspeita de tentativa de grilagem do terreno, articulada entre o suposto comprador e um representante da antiga diretoria.
Para Rebello, o resgate do espaço vai além da questão legal — é também uma missão de memória e respeito à história de Teresópolis. Ele lembra que o clube não apenas formou atletas, mas também fez parte da identidade de gerações. “É um clube com mais de cem anos, que pertenceu aos nossos pais, aos nossos avós. Foi construído com esforço e dedicação de pessoas que acreditavam no esporte e no coletivo”, afirma.

Entre as muitas histórias de vitórias esportivas o dia em que o Rei do futebol, Pelé, treinou com a Seleção Brasileira no Teresópolis F.C. Foto: Acervo Ayrton Rebello

Mobilização pelo espaço
O radialista também tem buscado mobilizar descendentes dos antigos sócios, a fim de preservar o legado daqueles que contribuíram com o clube no passado. Segundo ele, restam poucos nomes vivos na lista dos fundadores e sócios originais, e o envolvimento das famílias pode ser essencial em futuros desdobramentos.
A decisão da Prefeitura de retomar o campo foi amparada pela Procuradoria Geral do Município. A cláusula V do contrato de doação estabelece que, em caso de descumprimento da destinação ou dissolução da entidade outorgada, o imóvel deve retornar ao patrimônio público “de pleno direito, sem necessidade de qualquer ação judicial ou extrajudicial, com as benfeitorias construídas, sem que a outorgada tenha direito à retenção ou indenização de qualquer tipo”.

Ayrton Rebello entrevistando Garrincha. À direita Paulo Nascimento e o operador da Rádio Teresópolis Edson. Foto: Acervo Ayrton Rebello


Agora, a expectativa é de que o espaço seja revitalizado e devolvido à população com sua finalidade original: a promoção do esporte e da convivência comunitária. Em tempos em que a memória urbana muitas vezes é sacrificada por interesses particulares, a história do Teresópolis Futebol Clube ressurge como um lembrete da importância de preservar aquilo que construiu a identidade da cidade.

Título de sócio proprietário, número 6, que confere a Ayrton Rebello os direitos e deveres que lhe confere o estatuto do Teresópolis Futebol Clube. Foto: Acervo Ayrton Rebello
Diretoria do Teresópolis F.C. nos anos 60. Da esquerda para a direita, Antônio Savattone presidente, Alfredo Rebello Filho diretor, Rubens Dis Santos Rocha, vice-presidente e Carlos Siqueira, tesoureiro. Foto: Acervo Ayrton Rebello
Cópia do contrato de doação destacando a cláusula V onde está estabelecido que, “em caso de descumprimento da destinação ou dissolução da entidade outorgada, o imóvel deve retornar ao patrimônio público”. Foto: Acervo Ayrton Rebello
Anos 60: Antônio Carvalho assiste o trator preparando o terreno para receber o novo gramado do Teresópolis F.C. Foto: Acervo Ayrton Rebello

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Edição 19/04/2025
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