O candidato que quiser saber, antecipadamente, se será eleito deve dispensar as pesquisas, pois delas não terá a satisfação do desejo. Melhor será consultar o gênio da lâmpada ou uma cartomante. Pode também buscar a ajuda de um adivinho ou, quem sabe, compreender as fases da lua? As pesquisas têm melhor serventia como bússola para os estrategistas. Márcia Cavallari, reconhecida especialista no ramo, afirma: “as pesquisas não estabelecem prognósticos. Elas fixam diagnósticos.”. É fato! O eleitor decide o voto com base nas informações que processa a cada momento da campanha, tanto no consciente como e, principalmente, no subconsciente.
Quando uma pesquisa sinaliza a vitória de alguém e, portanto, a derrota de outro alguém, os estrategistas se movimentam e adotam novas táticas e alteram o operacional e a decisão deles influenciam o resultado provisório. Por isso, as pesquisas de intenção de votos precisam acontecer em série e respeitar um cronograma estabelecido com base no dia-dia da campanha e na ocorrência de fatos que mexem com o cenário.
A melhor informação de uma pesquisa de intenção de votos não é o nome do candidato que, por enquanto, vence ou perde; lidera por agora ou está em desvantagem.
Existe candidato que contrata uma pesquisa, alegra-se com o resultado e para por aí. Ou, quando se decepciona, questiona o pesquisador com a velha e batida frase: “não percebo isso nas ruas!”
Enquanto as pesquisas acontecem, o cenário muda, a estratégia do adversário também, os fatos que impressionam ou decepcionam eleitores, do mesmo modo, até que se chega ao dia da eleição, quando se ouve, de quem perdeu: “fui traído”; compraram os meus votos”. O filósofo e cientista político, Dicró, preferiu cantar em prosa e verso: “Dei cimento, dei tijolo, dei areia e vergalhão; subi morro, fui em favela e carreguei nenê chorão; dei cachaça, tira-gosto e dinheiro de montão. E mesmo assim perdi a eleição. Traidor, traidor, se tem coisa que não presta é esse tal de eleitor”.
Encerro com uma curiosidade sobre o IBOPE. O proprietário da “Cosmos”, rádio sediada em São Paulo, resolveu descobrir o motivo da baixa audiência. Então, contratou o estatístico George Gallup para entender o que fazer. Depois que conheceu a metodologia e quanto dinheiro se poderia obter com ela, o empresário criou o IBOPE.
