Marcello Medeiros
O morador de Teresópolis Luis Felipe Vieira Toledo Porto, de 27 anos, que residiu na Barra do Imbuí, morreu no início da semana lutando a mais de 10 mil quilômetros de distância de casa: há pouco mais de um ano ele havia se alistado e lutava na guerra da Ucrânia, defendendo aquele país da invasão russa. Com passagem pelo Exército Brasileiro, Luis Felipe é filho do Policial Militar de Teresópolis Luís Toledo, que por muitos anos serviu no 30º Batalhão de Polícia Militar e é bastante conhecido pela patente anterior à que entrou para reserva, ‘Sargento Luis’. Acompanhado por familiares, nesta sexta-feira (05) ele participou da solenidade em homenagem ao filho, sepultado com todas as honras reservadas aos chamados ‘novos heróis’ da Ucrânia, aqueles que têm se dedicado à defesa daquele território.
O funeral de Luís Felipe ocorreu na Igreja da Guarnição dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, em Lviv, oeste da Ucrânia; em seguida, foi realizada uma cerimônia de despedida na Praça Rynok e o sepultamento foi realizado no Cemitério de Lychakiv, em campo destinado aos homens e mulheres que perderam a vida na batalha contra a invasão russa. “Não existe palavra em idioma algum que explique a dor de perder um filho”, publicou o ‘Sargento Luis’ em suas redes sociais.

‘Uma nova família, um novo lar’
Luís Felipe Toledo se mudou para a Ucrânia em 2024, passando a defender a integridade territorial e a soberania do país atacado pelos russos nas direções de Zaporíjia e Donetsk, como parte da 23ª Brigada Mecanizada Independente das Forças Terrestres das Forças Armadas da Ucrânia e como parte da 31ª Brigada Mecanizada Independente, que leva o nome do Tenente-General Leonid Stupnytsky, das Forças Terrestres das Forças Armadas da Ucrânia.
De acordo com relato de familiares a um site que acompanha a participação de brasileiros nessa batalha, Luís Felipe era uma pessoa altruísta, sincera e dedicada, ‘que amava o povo ucraniano de todo o coração’ e, em suas correspondências com a família, enfatizava repetidamente que havia feito a escolha certa, pois na Ucrânia encontrara novos amigos e um segundo lar: “Nossa família se tornou parte deste país. De acordo com nossas tradições, se derramarmos sangue, esta terra se torna sagrada para nós. Estamos orgulhosos de sua escolha”, pontuou o pai na reportagem, que teve grande repercussão. Na próxima semana, o ‘Sargento Luís’ irá participar do programa Hélio Carracena, na Diário TV, para falar sobre como ocorreu a decisão do filho de participar da guerra que teve início em 2022.


Outros brasileiros morreram
Há outros brasileiros lutando na guerra da Ucrânia como voluntários, integrando a Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia. O Itamaraty confirmou a morte de pelo menos 10 brasileiros no conflito até o momento, com o registro de outros 17 desaparecidos.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil alerta para os riscos de alistamento em exércitos estrangeiros e oferece assistência consular aos brasileiros em zonas de conflito, embora a situação seja complexa. Há duas formas de participar da defesa daquele país contra os ataques russos:
- Voluntariado: Os brasileiros que combatem na Ucrânia não são tropas oficiais do governo brasileiro, mas sim cidadãos que se alistaram voluntariamente, muitas vezes atraídos por salários de até R$ 26 mil e pelo sonho da carreira militar, ou por ideais de liberdade.
- Recrutamento: O governo ucraniano criou a Legião Internacional para atrair combatentes estrangeiros. Os interessados devem ter entre 18 e 60 anos, sem antecedentes criminais e em boa condição física.


Brasileiro recebeu as homenagens reservadas aos heróis que têm defendido a Ucrânia contra a invasão russa. Foto: Reprodução








