Comecemos pela sinuca. No jogo, a bola branca é a única utilizada pelos jogadores para empurrar as demais bolas para os buracos. Ela, portanto, controla e decide o jogo. Quando ela se encontra numa posição em que não há como usá-la para impulsionar as demais, diz-se que o jogador está numa sinuca de bico.
Feita a explicação, partimos para a democracia.
Durante a semana, deparei-me com uma pesquisa feita em dezembro do ano passado sobre a relação de confiança entre a população brasileira e as instituições, contratada pela Advocacia Geral da União e realizada pelo IPESPE, Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas.
Olhem o resultado: 55% da população brasileira não confia no Supremo Tribunal Federal nem no Governo Federal e 78% não dão crédito algum ao Congresso Nacional. O resultado mostra que não faz sentido para a população o fato de o Congresso contrariar Lula e ele ir pedir socorro ao Supremo Tribunal Federal. Na cabeça do povo, todos são “farinha do mesmo saco”.
O que se pode esperar do resultado da próxima eleição num ambiente assim? Em quem o povo votará? Quem ele escolherá para representá-lo? Ora, se 78% não confiam no Congresso, a expectativa é de uma significativa renovação. Certo? E se 55% da população desacredita do governo federal, ele será mandado embora. O povo fará a troca sem dó nem piedade: “Políticos e fraldas devem ser trocados frequentemente, pelo mesmo motivo”, expressão atribuída a Eça de Queiroz e a Mark Twain.
Haverá a troca? Mas, que canais de informação os eleitores utilizarão para escolher os candidatos, se a mesma pesquisa informa que 60% não acreditam na imprensa e 74% menos ainda nas redes sociais? Pior: 81% não confiam nos partidos políticos que indicarão os candidatos.
É ou não é uma “sinuca de bico”? Contudo, as igrejas aparecem na pesquisa com o crédito de 55% da população. Eita! Talvez esteja aí a causa de tanto político bater nas portas das igrejas atrás de voto.