A gente vê que há um grupo de parlamentares, de jornalistas, de autoridades, acusando os ministros do Supremo de abuso de poder, de atos de arbitrariedades e de afronta à Constituição. Vê também que há outro grupo de parlamentares, de jornalistas e de outras autoridades e formadores de opinião que apontam no sentido contrário, para defender os atos dos ministros do Supremo a ponto de tê-los como os salvadores da democracia.
As imagens do julgamento da semana no STF, que tornou réus o ex-presidente Jair Bolsonaro, generais e outras autoridades, mostrou ao Brasil o advogado de um dos réus, desembargador Sebastião, sendo impedido de estar presente no julgamento do seu cliente e preso por insistir.
Sabe-se que o Supremo Tribunal Federal é a última instância de decisão jurídica no país, mas não a última de decisão política, pois a Constituição Brasileira, para manter o equilíbrio perfeito entre os três poderes da República, dá ao Senado a decisão final sobre quem deve ocupar as cadeiras no Supremo com a prerrogativa de processar e julgar os componentes. Os senadores são escolhidos pelo povo que precisa, para sua segurança, ter a convicção de que a Justiça será sempre justa e presente na defesa dos seus direitos e de sua liberdade.
Então, o povo precisa da garantia de ter no Supremo Tribunal Federal gente em que confie. Ora, se há desconfianças ou dúvidas sobre o proceder dos ministros da corte, o Senado precisa entrar em campo para apurar e falar. Quando os senadores não se sentem comprometidos com isso, nem precisam existir.
Bem, no próximo ano, teremos eleições para o Senado. O Estado do Rio, como todos os estados, conta com três cadeiras no Senado. Lá estão Romário, Flávio Bolsonaro e Carlos Portinho, que ocupa a vaga deixada, por morte, pelo Senador Arolde de Oliveira. A partir do próximo ano, Romário terá mais quatro anos de mandato. Haverá, portanto, duas vagas em disputa. Quem serão os candidatos? Qual o compromisso deles em esclarecer os eleitores sobre a confusão que há em torno do papel do STF?
É hora de começar a pensar nisso.