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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Castelos do Açu, uma “fortaleza” em um reino de belezas

Considerada uma das travessias de montanha mais bonitas do Brasil, atraindo anualmente milhares de turistas de várias partes do país e até do exterior, a Petrópolis x Teresópolis justifica sua fama a cada etapa percorrida. Pode ser feita de um a três dias, de acordo com a disposição e tempo livre do caminhante. E, para quem faz a opção de conhecer o caminho com a obrigatoriedade de pernoite, um dos pontos de parada obrigatória fica nos Castelos do Açu.

Considerada uma das travessias de montanha mais bonitas do Brasil, atraindo anualmente milhares de turistas de várias partes do país e até do exterior, a Petrópolis x Teresópolis justifica sua fama a cada etapa percorrida. Pode ser feita de um a três dias, de acordo com a disposição e tempo livre do caminhante. E, para quem faz a opção de conhecer o caminho com a obrigatoriedade de pernoite, um dos pontos de parada obrigatória fica nos Castelos do Açu. A curiosa composição rochosa, formada por grandes pedras moldadas por séculos de erosão, se eleva a aproximadamente 2.200 metros de altitude e podemos dizer que seu nome se justifica bem mais do que apenas pelo que lembra o conjunto de enormes paredes rochosas. Os Castelos são uma verdadeira “fortaleza” para um reino de maravilhas nos campos mais altos da Serra dos Órgãos.
Geograficamente, o Açu fica entre Petrópolis, Guapimirim e Magé. Porém, como sempre costumo frisar aqui, por conta de sua história e seu principal acesso, a referência para tal montanha é a terra de Pedro. Sua trilha é pesada, de aproximadamente sete quilômetros, tendo início na portaria do Parnaso no bairro do Bonfim. O grande desnível do trajeto – altitude da saída em relação ao ponto final – faz com que a subida seja dura, principalmente quando se está com uma mochila cargueira e enfrentando as partes mais íngremes no horário de sol a pino. Porém, são tantas gratas surpresas em praticamente toda a trilha que, se o caminhante souber observar e absorver, nem se incomodará com as dificuldades impostas pelas condições climáticas e do terreno.

As atrações e atrativos
Logo após a portaria do Parque Nacional, o caminhante começa a cruzar pequenos cursos d´água e, à esquerda, escuta o Rio Bonfim cruzando o vale. E é ele que compõe a cachoeira Véu de Noiva, muito procurada pelos petropolitanos no período de verão, e que pode ser vista de alguns pontos da trilha, especialmente uma “janela” em meio à floresta que se abre antes do primeiro local de parada, a Pedra do Queijo.
E nesse primeiro ponto de descanso, se avista bem abaixo o local onde começou a caminhada – já tendo uma ideia da grande variação altitudinal. E, ao olhar para cima, o caminhante percebe que ainda há muito a se percorrer, em relação à distância e altitude. Mas, como também deve ser comum àqueles verdadeiros montanhistas, nem sempre só o cume interessa.
Devagar e sempre. Olhando e realmente enxergando tudo à volta, como, por exemplo, já se destacando no horizonte imponentes formações petropolitanas como o Alcobaça e Maria Comprida. A próxima parada, para uma respirar e reabastecer os cantis, é o local conhecido como Ajax. Ali, é hora de se preparar para a famosa subida Isabeloca – uma referência à Princesa Isabel, que não teria tido condições físicas de encarar a ladeira e sido carregada por escravos nesse ponto. Porém, segundo montanhistas locais, tal história teria acontecido em trilha do outro lado desse morro, de acesso ao Pico da Bandeira.
Vencida a lendária Isabeloca, geralmente no horário de sol mais forte, hora de relaxar no início do “Chapadão”. E, realmente, esse ponto é onde o caminhante descansa não só o corpo, mas também os olhos. Além de findados os trechos mais duros de toda a subida, começa a se avistar parte do Rio de Janeiro, com destaque para a Baía de Guanabara. Mas, mesmo aliviado pelas novas condições do terreno e os ventos gelados dos campos de altitude, nesse momento é necessária maior atenção em relação à orientação.
O caminho passa a ser feito por grandes lajes de pedra, sendo assim mais difícil a marcação da passagem dos caminhantes, podendo haver desorientação principalmente se a tradicional cerração tomar conta do ambiente. Ao final da Isabeloca, o caminho segue para a esquerda. Outra dica é se orientar pelos totens de pedra e setas fixadas no chão pelo Parnaso, alguns anos atrás.

Bem vindo ao “reino”
Para um caminhante de nível médio, carregando uma mochila pesada, o tempo de subida até o Açu é de aproximadamente seis horas. Mas, quando as grandes pedras que compõem os Castelos começam a ser avistadas, mesmo que a pessoa ainda não tenha absorvido tudo que tentei descrever até aqui, a sensação de esforço recompensado começa a tomar conta. Um pouquinho mais à frente, quando é possível admirar inclusive o Dedo de Deus, a felicidade é ainda maior.
Bem perto do atrativo, fica um chalé de madeira construído pelo Parque Nacional para dar mais conforto aos caminhantes – principalmente aqueles que preferem carregar o menor peso possível. Além do abrigo, existe a possibilidade de camping, ambas modalidades bastante disputadas por conta da obrigatoriedade de pernoite nesse ponto para os que forem realizar a travessia.
Apesar da referência comum ao caminho que liga os dois municípios serranos, o Açu também é muito procurado apenas para sua visitação ou para pernoitar tendo com objetivo outra maravilha que fica bem perto dali, os Portais de Hércules. Do camping até lá, são cerca de três quilômetros. Muitos, como eu fiz da muita vez que estive por lá, costumam sair do acampamento por volta das 4h para chegar tranquilamente ao ponto de onde se vê as principais montanhas da Serra dos Órgãos “ao contrário”, em um momento onde as cores em tons de vermelho e as silhuetas de formações como o Dedo de Deus formam um cenário inesquecível.
Mais uma dica para quem acampa ou pernoita no Abrigo do Açu é contemplar outro momento extremo da natureza, o Pôr do Sol, no Morro do Cruzeiro. Caminhada rápida, de menos de dez minutos, permite registrar ou apenas admirar as cores quentes da tarde no ponto onde foi montada a estrutura em homenagem a um grupo de montanhistas mortos em uma tempestade elétrica no ano de 1992.
Os valores de ingressos para o Açu e Travessia Petrópolis x Teresópolis variam de acordo com a residência e nacionalidade do visitante, além de existirem descontos para associados de clubes de montanhismo filiados à Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro (FEMERJ), como o Centro Excursionista Teresopolitano (CET). Saiba mais sobre tais valores, horários e regras de visitação no site www.icmbio.gov.br/parnaserradosorgaos

 

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Edição 22/11/2024
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