Luiz Bandeira
O Diário publicou recentemente uma reportagem sobre a superlotação do Vale dos Frades durante o Carnaval. Cerca de 3.500 pessoas estiveram na famosa cachoeira em busca de um local para se refrescar. Contudo, o número elevado de visitantes e a falta de infraestrutura adequada geraram sérios problemas de organização e tráfego. Para lidar com a crescente demanda, a AmoFrades (Associação de Moradores dos Frades) criou um modelo de gestão do fluxo turístico no local. Passado o período do Carnaval, a reportagem foi até a base de apoio do Parque Estadual dos Três Picos, onde conversou com Otacílio Júnior, gestor da área de proteção ambiental da Bacia do Rio dos Frades (APA). Durante a entrevista, ele falou sobre os desafios enfrentados para equilibrar a preservação do ambiente com o aumento do número de turistas.

Falta de infraestrutura
A alta procura por locais como o Vale dos Frades, especialmente no verão, tem se tornado um grande desafio para a gestão municipal, empresas e moradores da área. Otacílio Júnior explicou que a Bacia dos Frades é uma região muito procurada por moradores e turistas que buscam um lugar para se refrescar nas cachoeiras. No entanto, o aumento do fluxo de visitantes tem gerado sérios problemas.
“A Bacia dos Frades é muito procurada no período de verão, principalmente por conta do calor. Muitas pessoas, tanto moradores quanto visitantes, buscam a cachoeira para se refrescar. Porém, esse grande fluxo de visitantes e veículos acaba causando congestionamentos e problemas de organização, já que a área não tem a infraestrutura necessária para suportar tantos visitantes”, destacou Otacílio.
Ele também enfatizou que a principal via de acesso à região não comporta o grande número de carros que chega ao local, o que resulta em um tráfego intenso e, frequentemente, engarrafamentos.

Preservação e organização da visitação
Apesar da grande demanda, Otacílio deixou claro que o objetivo da gestão da APA não é impedir a visitação, mas sim orientá-la de forma a preservar o ambiente natural. “Não estamos tentando impedir que as pessoas visitem a cachoeira. A nossa missão é orientar e organizar a visitação, para que todos possam desfrutar do local sem prejudicar o meio ambiente. Estamos buscando alternativas, como a criação de áreas de estacionamento particular, para tentar melhorar o fluxo de veículos e evitar o caos que ocorre em dias de grande movimento”, explicou o gestor.
A AmoFrades, associação local, tem sido uma grande aliada nesse processo, ajudando a coordenar as visitas e implementar medidas de organização.
Propriedade privada e a colaboração
Outro ponto abordado por Otacílio foi a questão da propriedade das terras onde a cachoeira está localizada. Ele explicou que, embora a área seja uma unidade de proteção ambiental, ela está situada em propriedades privadas, o que exige uma gestão ainda mais cuidadosa e a colaboração de vários órgãos. “A área da cachoeira está em propriedades particulares. A gestão da APA, no entanto, é responsabilidade do INEA (Instituto Estadual do Ambiente), que busca garantir a preservação dos recursos naturais. Além disso, a fiscalização do tráfego e do comportamento dos visitantes envolve a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, a Guarda Civil Municipal e, claro, a AmoFrades, que tem sido uma parceira fundamental nesse processo,” afirmou Otacílio.







Trânsito complicado
Ele também falou sobre os desafios causados pela circulação de grandes veículos, como caminhões, que enfrentam dificuldades para acessar a região devido ao tráfego intenso. “O fluxo de visitantes causa transtornos para os moradores e as empresas da área. Um exemplo disso é a envasadora de água mineral, que enfrenta problemas devido ao tráfego de grandes caminhões. A dificuldade de circulação tem afetado diretamente a operação dessas empresas”, explicou.
Ações de conscientização e monitoramento
Em relação à questão dos resíduos deixados pelos visitantes, Otacílio falou sobre as ações de conscientização realizadas pela equipe da APA. Para reduzir o lixo deixado na área, foram distribuídos sacos de lixo e folhetos informativos para os turistas, incentivando-os a levar seus resíduos de volta. “Percebemos que muitas pessoas acabam deixando resíduos para trás, então iniciamos uma campanha de conscientização. Nós cadastramos os visitantes e entregamos sacos de lixo para que eles possam levar seus resíduos de volta. Após o Carnaval, fizemos um monitoramento e constatamos que a quantidade de lixo deixado foi consideravelmente menor”, comentou Otacílio.
Ele também fez questão de destacar a importância da parceria com o Parque Estadual dos Três Picos na gestão da área de proteção ambiental. A área onde a cachoeira está localizada faz parte de uma zona de amortecimento do parque, o que exige uma atuação integrada entre os dois órgãos para garantir a preservação do ambiente. “O Parque Estadual dos Três Picos é uma área de proteção integral. Nossa região está na zona de amortecimento, e por isso trabalhamos em conjunto para gerenciar e preservar o local,” afirmou.
Apoio da comunidade e apelo à conscientização
Por fim, Otacílio fez um apelo aos turistas e moradores locais para que sigam as normas estabelecidas e ajudem na preservação do Vale dos Frades. “Pedimos que todos sigam as normas que estamos estabelecendo. Não estamos impedindo ninguém de visitar a cachoeira, mas queremos garantir que o local seja preservado para as próximas gerações. A conscientização de todos é fundamental para manter esse espaço maravilhoso como ele é”, concluiu Otacílio Júnior.