O Dedo de Deus é uma das montanhas mais conhecidas e cobiçadas de todo o país, pelo seu icônico formato e relação com a história da escalada brasileira. Mas, na Região Serrana do Rio de Janeiro, há muitas outras formações que se assemelham a coisas que estão no nosso dia a dia, entre elas os animais. Mesmo menos conhecidas do que o marco do montanhismo nacional, são muitas interessantes montanhas e morros que se destacam na paisagem. Cara de Cão, Galinha, Elefante, Dragão, Morro dos Cabritos… Há de tudo e com diferentes níveis de acesso, desde caminhadas tranquilas de menos de uma hora a vias de escalada complexas. Nesse “Mochileiro” especial, conheça um pouco mais sobre essas curiosas e interessantes opções de aventura em Teresópolis, Guapimirim, Petrópolis e Nova Friburgo.
Bicharada na Serra dos Órgãos
No terceiro mais antigo e um dos mais importantes parques do país, o da Serra dos Órgãos, são duas montanhas com formato bastante peculiar. Um peixe e um cachorro, que em comum tem o acesso difícil. Com 1.680 metros de altitude, a Cabeça de Peixe fica ao lado do Dedo de Deus, acessada às margens da BR-116, na “Santinha”, em Guapimirim. São cerca de três quilômetros de subida íngreme, com lances em cordas e escalaminhada, sendo necessário utilizar material de escalada para “sentar na boquinha do peixe”. Já a Cara de Cão pode ser visitada apenas com caminhada. Porém, são 13 duros quilômetros. Ela fica entre o Sino e o Garrafão, sendo percebido o curioso formato somente dessa segunda.
Quelônio e camelídeo
Já o nosso Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis possui dois exemplares de acesso mais fácil. A Pedra da Tartaruga, que inclusive é símbolo da unidade de conservação ambiental, tem caminhada leve e também opções de escalada, camping e rapel. Para enxergar o nosso “quelônio de pedra”, é preciso caminhar pela Trilha Vidoq Casas, onde há um mirante. Vista de longe, fica clara a semelhança. Para o Camelo, é preciso um pouco mais de ousadia para chegar ao cume, a cerca de 1.400 de altitude. Até a base da primeira “corcova”, é apenas caminhada. A partir daí, há uma via ferrata e a necessidade de usar material de escalada para “andar nas costas do camelídeo”.
Mitologia no Parque dos Três Picos
Na região de Salinas/Três Picos, onde ficam inclusive as montanhas que dão nome ao Parque Estadual dos Três Picos, está a Cabeça de Dragão. A interessante montanha, com visual espetacular para toda a região, não parece nada com o ser mitológico. Até hoje, não encontrei a explicação para o nome. Já a Pedra do Elefante, entre Teresópolis e Guapimirim, mas acessada exclusivamente pela terra de Teresa, às margens da BR-116, no Soberbo, remete à cabeça do maior mamífero terrestre. Mas é preciso olhar com atenção, a partir da rodovia e um pouco antes do mirante, sentido Teresópolis. Essa montanha tem caminhada fácil e visual único da Serra dos Órgãos. Também na área do PETP fica o Morro dos Cabritos, no Vale dos Frades. A única explicação plausível é a presença desse animal na montanha, que tem acesso por caminhada ou complexas escaladas. Em uma caverna na trilha, há restos mortais de cabritos, talvez o nome venha daí.
Zona urbana
Na área urbana de Teresópolis, mais dois exemplos. A Pedra da Galinha, também conhecida como Mosteiro e visitada por leve caminhada, há uma espécie de “bico” na extensão final da trilha, o que indica o nome. Já a Serra dos Cavalos, deve ter sido frequentada por esses animais em outras épocas.
Cachorrada
Além da Cara de Cão, na Serra dos Órgãos, os melhores amigos do homem estão representados em outras duas montanhas na Região Serrana. Em Petrópolis existe a Cabeça de Cachorro, com fortíssimas vias de escalada e um acesso por caminhada que tem ainda uma via ferrata em um trecho. Mas a mais legal de todas, quando se fala nesse bicho, fica em Nova Friburgo. Situado às margens da rodovia que conecta esse município a Bom Jardim, o Cão Sentado realmente lembra um grande cachorro de pedra, que tem 100 metros de altura. Ele tem 1.111 metros de altitude, em relação ao nível do mar, e visita-lo é uma grande experiência. Mesmo com o cume sendo acessado somente por escalada, caminhar no seu entorno é muito interessante porquê se atravessa um conjunto de grutas e blocos de rochas superpostas que criam formas deslumbrantes. Para chegar ao mirante onde se avista o “cachorrão”, o visitante percorre pouco mais de um quilômetro, ultrapassando 12 pontes e rústicas escadas.
Mochileiro
E aí, conhece mais alguma montanha com nome de bicho e formato curioso? Para saber mais sobre montanhismo e escalada na região, acesse o Instagram @mochileiro_marcello