A única porta de acesso SUS em Teresópolis volta a ser motivo de preocupação para a população que carece de atendimento médico. O cancelamento da licitação para contratação de uma nova empresa para gerir o serviço de Saúde fez com que a Prefeitura assumisse a gestão da unidade. Com isso, não demorou para que funcionários voltassem a conviver com o velho e conhecido atraso no pagamento de salários. No caso dos médicos, a redução seria de até 45% no valor dos vencimentos, fazendo com que muitos profissionais parassem de trabalhar. Hoje o atendimento na unidade está restrito aos caos de urgência e de emergência, os chamados pacientes vermelhos e amarelos. O atendimento limitado não atinge pacientes pediátricos, que não podem ser prejudicados por exigência da Justiça. Relatos nas redes sociais dão conta de períodos de até 12 horas de espera para o atendimento.
Na noite da última segunda-feira, 26, pacientes encaminharam à página do repórter Paulo Vicente no Facebook imagens da recepção da Unidade superlotada. Pessoas reclamavam principalmente da demora no atendimento, embora surgissem também queixas sobre falta de medicamentos e insumos básicos. Há quem garanta que falta até papel higiênico nos banheiros.
Nesta terça-feira, 27, o DIÁRIO visitou a unidade. Dois funcionários da equipe administrativa confirmaram a restrição no atendimento. Os casos emergenciais, classificados como ‘amarelos e vermelhos’ estariam sendo atendidos normalmente. Essa situação abrange os traumas, picos de glicose, hipertensão severa, reações alérgicas e também casos de conjuntivite, visto que houve um considerável aumento nesse tipo de moléstia que é considerada muito contagiosa. Também não há mudanças nos atendimentos envolvendo crianças e idosos. Casos de menor gravidade ou considerados ambulatoriais estão sendo descartados e os pacientes orientados a ir para casa. Há quem procure outras unidades, como o Posto Eithel Abdalah, no Tiro de Guerra. Porém, casos que necessitam de exames acabam tendo que voltar para a Upa.
O Diário denunciou
A denúncia de irregularidades na contratação da nova OS para administrar a Upa foi apresentada pelo Diário na edição do dia 3 de março de 2018, quando a reportagem chamou atenção para o conteúdo publicado no Diário Oficial eletrônico do município no dia anterior. Tratava-se de uma contratação por dispensa de licitação do Instituto Multi Gestão, no valor de R$ 18 milhões, com vistas a gestão de pessoal das unidades prestadoras de serviço de saúde, como Upa e Unidades Básicas (UBS). Além disso a publicação apresentava justificativa para dispensa de chamamento público copiada do município de Laranja da Terra (ES). A irregularidade estaria baseada no fato de que a dispensa prevista tanto no art. 17 quanto no art. 24 da Lei 8.666/93, deveria ser tida como exceção para casos imprescindíveis, sendo necessária estrita observância aos casos nomeados pela norma, sendo ainda determinação expressa que quando houver dúvida a respeito de exigência ou não da licitação, deve-se realizar o certame.
A denúncia repercutiu na Câmara de Vereadores, de onde partiu pedido de revogação, que por sua vez teria provocado o cancelamento da contratação. O Diário oficial da quarta-feira, 7 de março, do Diário Oficial da prefeitura trouxe o edital de nulidade assinado pela secretária de Administração Aline Nascimento, através de parecer da controladoria da Prefeitura, esse assinado pelo advogado Nilton Canto.