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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Audiência na Câmara mostra que secretário de Saúde não sabe de nada

Apenas assessoria técnica da secretaria, que é da cidade, responde, mas sem convencer, a questionamentos de profissionais

Anderson Duarte

Mesmo tendo um relativo período de transição, a realização de cursos coletivos e palestras para secretários e assessores, além de reuniões “estratégicas” de enfrentamento a severa crise vivida pelo nosso município, ao menos um dos muitos secretários da gestão Claussen parece ter assumido o cargo “ontem”, dada tanta desinformação, insegurança e falta de proximidade com os assuntos pertinentes a uma área, que de tanta mazela vivida nos últimos anos, já é de amplo domínio de quase toda a população. Quem não conhece a situação de desrespeito a qual os funcionários de postos de saúde e da Unidade de Pronto Atendimento estão submetidos nos últimos anos, quando a administração destas unidades foi arbitrariamente entregue nas mãos de organizações sociais? Quem não sabe que para conseguir exames ambulatoriais é preciso madrugar nas filas do município, e que ainda assim, meses separam essa marcação do atendimento em si? Evidente que todas as respostas, por óbvio, não poderiam ser oferecidas aos diversos profissionais ali presentes, mas nem mesmo os mais experientes funcionários da saúde esperavam tamanha desinformação por parte de quem precisa apresentar soluções administrativas.
Não fossem os quadros técnicos da secretaria de Saúde, esse sim composto por quem conhece a cidade, a área e os muitos problemas enfrentados ao longo dos últimos anos, o senhor Mauro Henry Botner sairia da primeira Audiência Pública convocada pela Comissão de Saúde da Câmara de Teresópolis, realizada na última semana, como se fosse um réu, cuja proteção ao direito de não produzir provas contra si estivesse sendo tutelado, ou seja, em silêncio absoluto ou com econômicas e genéricas palavras apenas. Basicamente, ao longo de quase toda a reunião, ou o secretário passava a palavra para seus assessores, ou então se limitava a dizer que não há orçamento, não há dinheiro e não há respostas. A audiência foi convocada a pedido da Comissão de Saúde, justamente para discutir os muitos problemas relatados pelos funcionários da área da saúde que atuam nos postos de saúde e também na UPA. Alguns se inscreveram para fazer uso da palavra e focaram nas perguntas com relação ao contrato com o município que acaba em setembro, as reduções e cortes nos salários e a possibilidade de se contratar uma nova OS para o setor.
Também estiveram presentes ao plenário da audiência os vereadores Dudu do Resgate, que é o Presidente da Comissão de Saúde, Maurício Lopes, Marco Aurélio, Hygor Faraco, Alessandro Cahet e João Miguel, além do secretário Mauro Henry Botner, alguns assessores técnicos da Saúde e profissionais da área médica. Entre os temas debatidos, ou seja, expostos já que o debate foi prejudicado pela completa ausência de respostas por parte da administração municipal, estavam: o piso salarial adotado abaixo do que rege os acordos profissionais, a falta de pagamentos em dia, o corte do adicional noturno e do adicional de insalubridade, as condições de trabalho abaixo do que se entende como razoável, além das questões mais específicas da gestão como a ausência de uma OS no comando das unidades e a possibilidade de criação de uma Fundação Municipal de Saúde, sendo essa última, anunciada pela assessoria técnica da pasta como uma “real possibilidade aos moldes do que é implantado em Niterói”, mas sem nenhuma previsão para tal.
E foi justamente essa ausência de prazos, datas, planejamentos e apresentações de estratégias que fez com que o médico Thiago Schutte, atuante em PSF, se levantasse e fizesse o uso da palavra de forma bastante contundente. “Sou médico, morador de Teresópolis, tenho orgulho de dizer que toda minha família é atendida pelo SUS e vir aqui hoje e só ouvir desculpas ou apontamentos genéricos como não tem dinheiro ou orçamento, para mim é muito pouco. Quero saber sobre projetos, sobre estratégias. Os senhores assumiram os cargos e por isso também as responsabilidades que são pertinentes a eles. Diante dessa responsabilidade, dizer que não tem recurso é muito pouco. Quero respostas, o que vai ser feito efetivamente para acabar com as condições precárias da nossa cidade? recentemente, tive que vir fazendo massagem em um paciente do interior até a cidade, dentro do seu carro, porque era minha única possibilidade, ou seja, não tinha condições de prestar esse atendimento na unidade que trabalho que não tem meios para isso. Isso precisa ser respondido, qual é a estratégia pensada?”, lamentou o médico, que foi convidado a comparecer no gabinete do secretário para que essa estratégia fosse explicada com mais detalhes pelo secretário.
Sabemos que o gestor lida com condições bem distintas em relação ao ambiente privado, como a burocracia para contratação, que só pode ser feita via processo licitatório, e os impactos de eventuais instabilidades políticas, mas, diante desses desafios, é preciso encontrar meios para tornar o trabalho mais eficiente. Aliás, promessa de campanha da dupla Vinícius e Ari. Tida como uma das maiores ferramentas de uma gestão moderna, sobretudo na área da Saúde, a gestão compartilhada, parece ser mesmo um ponto esquecido pela gestão Claussen. “Não fomos consultados de nada, não sabemos quanto vamos receber, não temos segurança sequer se vamos receber o próximo salário. Era só isso que queríamos, participar das discussões. Com a ABBC, tínhamos nosso piso abaixo do que é regulado pelo sindicato da classe, mas ainda recebíamos o adicional noturno. Agora, além de não sabermos como será depois de setembro, também tivemos o salário ainda mais reduzido pela prefeitura e com os adicionais cortados. Precisamos de respostas”, lamenta uma funcionária de PSF. “A administração precisa reconhecer que é preciso compartilhar. Algumas políticas públicas que deram certo na área envolveram participação de trabalhadores e usuários do sistema de forma muito ativa. A principal característica é colocar o cuidado e as necessidades do usuário em primeiro lugar. Essa relação muda completamente o compromisso e a fidelidade dos pacientes, transformando a gestão”, explica a funcionária. Por fim, os vereadores e a gestão entenderam por bem convocar uma nova Audiência Pública para sessenta dias, tempo esse que a pasta entende ser justo para oferecer respostas aos profissionais e a população.


Durante a primeira Audiência Pública na Câmara, o secretário de saúde mostrou que não tem resposta para nada. Apenas a assessoria técnica da secretaria, que é da cidade, respondeu, mas sem convencer, aos questionamentos dos profissionais

 

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Edição 04/12/2024
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