Marcello Medeiros
Instalada na Colina dos Mirantes, final da Alameda Nilo Tavares e parte mais alta do bairro da Fazendinha, a torre de propriedade da Oi foi vandalizada nos últimos dias. Após derrubar parte de cerca concertina instalada em todo o muro e portão, e pular logo em seguida outro sistema de gradeado, bandidos armados com latas de spray, latas de tinta e rolos de pintura vandalizaram a estrutura em diversos pontos, rabiscando seus indecifráveis e criminosos códigos na parte externa, utilizando escadas necessárias para manutenção das antenas e ou se pendurando em grande altura, e muitas vidraças. Além do dano ao patrimônio com pichações e pinturas feitas com rolinhos, a preocupação é que tal invasão se torne rotina e cause danos nos sistemas da Oi e outras empresas que utilizam a torre – Claro, Embratel, Nextel, TIM e Vivo – deixando assim o já questionado serviço de telefonia ainda mais prejudicado.
Divulgada nas redes sociais, as imagens de mais um local danificado pelos pichadores geraram revolta nos teresopolitanos. “Impressionante como esses pilantras rabiscam tudo por aí e ninguém vê. Cadê o patrulhamento? Cadê uma lei que enquadre esse bando de forma mais rígida. Impressionante que sobem lugares altíssimos e não acontece nada. Se fosse um trabalhador garantindo o sustento da família era capaz de sofrer algum acidente”, relatou o leitor Carlos C. em publicação sobre o tema.
Não é de hoje que a Colina dos Mirantes é vítima de abandono por parte do poder público e consequentemente ataques de vândalos e criminosos. Além da conhecida estrutura das empresas de celular, o mirante e seus bonitos e históricos azulejos e outras estruturas também estão emporcalhados. Há muito lixo espalhado e o mato está alto, reflexo da falta de ações da secretaria de Serviços Públicos.
Quanto ao pensamento em utilizar o local de acordo com a sua maior potencialidade, para o turismo, a última ação não veio de quem deveria. Partiu da comunidade, em ação voluntária e inédita que promoveu a revitalização do espaço e até a idealização de um novo mirante, mais à frente e abaixo, entre a pequena floresta, para se admirar o bairro do Alto e Serra dos Órgãos.
Guardadas as devidas proporções, logicamente, a Colina dos Mirantes poderia ser utilizada da mesma maneira que o Cristo Redentor. É um lugar de onde se avista praticamente toda a área urbana do município e seus principais atrativos naturais, garantindo vários ângulos para enquadramentos diferentes da Serra dos Órgãos, por exemplo. Outra ideia é a construção de um deck um pouco antes do final da rua, permitindo aqueles que não têm disposição para encarar as escadas do mirante um aconchegante lugar para admirar o pôr do Sol e, confortados pelas cores quentes da tarde, se apaixonarem ainda mais por Teresópolis.
Pichação é crime
A prática da pichação configura ação criminosa através do artigo 65 da Lei dos Crimes Ambientais, número 9.605/98, que estabelece punição de três meses a um ano de cadeia e pagamento de multa. Para tentar diminuir a incidência do ato de vandalismo, é necessária a participação da população, que deve denunciar qualquer ato suspeito. Além disso, como se percebe, a grande maioria dos criminosos que usam latas de spray são jovens: Assim, os pais devem ter mais atenção do que seus filhos vêm fazendo e, sendo o caso, repreende-los para que a prática – que parece inocente, mas é bastante grave – não seja apenas o pontapé inicial para se começar uma vida delituosa. Os telefones para denúncias são o 190 e 2742-7755, não sendo necessário se identificar. O 30º Batalhão de Polícia Militar também disponibiliza o canal de WhatsApp 99817-7408 e a sua página na rede social Facebook para receber denúncias.
Incentivo ao grafite
Além de crime previsto em lei, as pichações são algumas das grandes responsáveis pela poluição visual dos centros urbanos. Uma alternativa salutar para a prática, que usa os mesmos materiais é o grafite. Para muitos artistas, o grafite reflete a realidade das ruas, expressa toda a opressão da humanidade. Esta arte urbana foi introduzida no Brasil em 1970, mas os brasileiros não se adaptaram ao estilo norte-americano e criaram sua própria forma de grafitar, sendo hoje em dia o grafite brasileiro reconhecido mundialmente e considerado um dos melhores do mundo. É possível ver em diversos bairros que os murais tomaram espaço antes ocupado pelos símbolos de pichadores, com a pintura da “dona Vera”, na Rua Olegário Bernardes. O grafite é uma expressão artística com maior elaboração de traços, mais cor e, quase em sua totalidade, é feita com autorização do proprietário.