Anderson Duarte
Praticamente tudo que se imagina de inovação e mudança de abordagem em um processo de conquista de votos moderno não foi possível de ser aplicado neste pleito suplementar experimentado por Teresópolis. São vinte dias para o derradeiro momento da escolha e com tantas candidaturas e tanta indecisão fica difícil traçar uma estratégia de convencimento, tanto que o já quase aposentado corpo-a-corpo voltou com força nesta eleição e os políticos que tinham deixado de pensar analogicamente para investir na comunicação digital junto aos seus eleitores precisaram recuar e gastar sola de sapato e tapas nas costas. Comunidades carentes, datas comemorativas, reuniões de bairros, tudo foi motivo para distribuir um “santinho” e tentar conquistar um eleitor. Com as pessoas cada dia mais conectadas, o bate papo nas ruas virou fonte de publicações e propagação de ideias, e não o contrário, como se esperava para o ano de 2018.
O tempo de conversa é menor, o espaço para cobranças reduzido e a rejeição, quase nem existe. Pelo menos essa é a impressão inicial que fica para o político que realiza um destes corpo-a-corpo pelos bairros. Mas, depois que o material é postado nas redes sociais que começam verdadeiramente os comentários sobre as ações. De acordo com pesquisa feita por nossa reportagem nos perfis pessoais e FanPages criadas pelas candidaturas da cidade neste pleito suplementar, praticamente todas as chapas escolheram essa abordagem mais tradicional e popular de se fazer campanha, na verdade, em apenas dois destes perfis não foram identificadas publicações do tipo, os candidatos do DEM e do PRP, Carlos Dias e Nelson Durão, respectivamente, não possuem publicações de atos públicos de campanha em suas páginas. Os demais ostentam vasto material que se espalha em quase toda a cidade.
A produção de conteúdos planejados para redes sociais e meios digitais tem uma série de benefícios, tais como a quebra de barreiras e limitações geográficas. Nossa cidade, por exemplo, possui espaços geográficos desafiadores para os candidatos ao pleito. Não dispor de ferramentas mais avançadas do marketing digital, significa diretamente precisar se esforçar mais nas andanças para ter mais chance de projeção, mas este ano, e com as características que vemos nesta eleição, o tradicional “de porta em porta” é praticamente obrigatório para quem quer alguma chance no dia três de junho. Isso sem contar que os ataques pessoais e as ofensas alheias acabaram dominando o ambiente virtual, justamente em meio a maior discussão ética das campanhas eleitorais dos últimos anos no Brasil, com o advento das Fake News.
As notícias falsas, chamadas de Fake News, estão sendo o ponto nevrálgico de muitas discussões e debates públicos mais relevantes em nossa Justiça eleitoral, sobretudo depois dos escândalos envolvendo o Facebook e as eleições nos Estados Unidos e os plebiscitos sobre a saída do Reino Unido da União Europeia e o acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. Assim como o país corre contra o tempo, a Justiça Eleitoral no caso de Teresópolis, também não consegue dar conta das demandas criadas com uma prática que corrói a credibilidade da imprensa e interfere no direito das pessoas à informação. Foram muitos casos de publicações cassadas pela intervenção da fiscalização eleitoral e com pedido do Ministério Público eleitoral. Denuncias, não só direcionadas as plataformas onde aconteceram os ataques, bem como direcionadas à Justiça, culminaram em diversas autuações dos responsáveis pelo conteúdo inapropriado.
Assim, com um ambiente virtual muito oscilante do ponto de vista da credibilidade, muitas candidaturas investem pesado nas caminhadas e visitas com equipe de cabos eleitorais em bairros, sobretudo os mais populosos e carentes, onde não se encontra política pública eficaz, mas onde os votos continuam sendo garimpados as centenas. Mesmo com pouco tempo para o dia da eleição, o provável número de indecisos justifica esse esforço concentrado. Em algumas regiões mais afastadas ainda é a própria noticia da realização do pleito o principal objetivos, que dirá escolher um candidato. Muitos ainda nem sabem que teremos um novo pleito, e para isso, a Justiça Eleitoral tem usado os próprios convocados a trabalhar no dia como mesários ou outras funções a desempenharem suas capacidades de formadores de opinião para reduzir o numero de abstinência no pleito, tradicionalmente muito maior em eleições do tipo. Carros de som, placas soltas nas ruas, outdoors e outras formas de propaganda, também foram vetadas recentemente, o que também está deixando a poluição visual bem menor que em anos anteriores.
O vereador e candidato a prefeito do PSDB participou de um grande encontro de eleitores e correligionários, mas também tem sido visto em diversas comunidades em trabalho de corpo-a-corpo
O médico do PMDB é figura certa em bairros mais populosos e em caminhadas com cabos eleitorais por localidades da região central. Sempre acompanhado de políticos ex-mandatários, o candidato adotou o contato direto com os eleitores com estratégia principal
O ex-vereador e empresário que representa o ex-prefeito Tricano no pleito, também adota o corpo-a-corpo como estratégia de campanha e anuncia caminhadas ao lado do político pepista nesta etapa final de disputa pelo voto indeciso
Apesar de ostentar uma campanha bem mais discreta que em anos anteriores, o ex-prefeito do Solidariedade também já foi visto em locais mais movimentados, como a Praça do Alto, em busca dos votos
A estratégia de campanha do empresário do PPS é levar seu nome ao maior número possível de bairros e pessoas da cidade. O corpo-a-corpo para sua candidatura foi uma necessidade de existência na disputa pelos votos
Com o nome e a imagem do partido envolto a uma série de notícias negativas pelo país, o candidato do PT viu-se obrigado a também sair às ruas para conversar com as pessoas. Apoios importantes também foram angariados na curta campanha suplementar