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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Casa da Memória também preocupa no aspecto da segurança

Acervo e pesquisas sob os cuidados do espaço também estão suscetíveis aos perigos da má conservação

Anderson Duarte

Considerada um dos poucos espaços onde a museologia é praticada em nosso município, a Casa da Memória Arthur Dalmaso, local dedicado ao resgate do acervo histórico e cultural da cidade de Teresópolis, também é um dos muitos espaços deste tipo que estão suscetíveis à falta de investimentos e que correm riscos diariamente pela não implantação de medidas devidas de conservação e segurança estruturais. Depois da tragédia que consumiu o Museu Nacional neste fim de semana, todos os olhares mais atentos acabaram se voltando as muitas unidades como a que aqui contamos e que ainda estão correndo este risco, que segundo os especialistas é visível. Segundo o Instituto Brasileiro de Museus, o maior desafio dos museus é consolidar e implementar uma política pública que garanta, de forma efetiva, a manutenção e conservação de edifícios e acervos do patrimônio cultural brasileiro.
A Casa, apesar de não ter as condições necessárias para que tenha o título de Museu, conta com uma estrutura considerável para pesquisas e reúne um amplo acervo documental. Além do salão para exposições permanentes sobre a história da cidade, possui um setor de obras catalogadas e adquiridas em doações e cessões de uso especiais ao longo dos anos que reúne muitas peças determinantes para a ratificação de pesquisas históricas e de conhecimento geral da formação do município. Depois de uma controversa reforma, no ano de 2009, o prédio foi assumido pela secretaria de Cultura da cidade e desde então, nenhum tipo de projeto de estrutura e segurança foi colocado em prática. Sem estrutura para combate ou prevenção de incêndios, vigilância e segurança externas questionáveis do ponto de vista da eficiência e sem nenhum centavo sequer de investimentos em manutenção e conservação do prédio, basta uma olhada menos atenta para perceber que a Casa é uma potencial fogueira.
Esse descuido, ou negligência com aquilo que está sendo guardado pela Casa da Memória, é facilmente percebido pela ausência de um sistema interno de sprinkler, ou seja, aquele componente do sistema de combate a incêndio que descarrega água quando for detectado um incêndio. Somente com essa medida seria possível evitar um prejuízo tão grande como no Museu Nacional. Esses equipamentos são amplamente utilizados em todo o mundo, com mais de 40 milhões de pulverizadores instalados a cada ano. Em edifícios protegidos pelo sprinkler, mais de 99% dos incêndios foram controlados somente com seu uso. Rica em detalhes de madeira, com escadarias e pisos inigualáveis, portas, esquadrias, sancas e móveis de grande valor histórico, o espaço, assim como aconteceu no Museu Nacional, rapidamente poderia ser consumido pelas chamas.
Além de um acervo considerável de livros e publicações, estão no espaço também mapas únicos e que retratam o processo de colonização e desbravamento de toda a nossa região, hoje de posse da Casa, após extenso trabalho de recuperação no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. Apesar de não receber investimentos, muitos menos projetos por parte do poder público municipal, o espaço tem atraído o interesse e a curiosidade dos que querem aprender sobre o desenvolvimento da cidade, com mostras de moedas antigas e vários documentos históricos. O prédio foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, o INEPAC, no ano de 2004. O casarão que abriga esse nosso museu, foi construído na década de 1920 pelo então prefeito José Lino de Oliveira Leite, em homenagem à sua esposa Cecília da Silva Leite, passando a ser nomeada de Villa Cecília. Com a morte da companheira, em 1925, o prefeito decidiu vender o imóvel, que teve diversos proprietários e utilidades, até que viesse a posse do município. 
O Instituto responsável pelos museus do país emitiu nota oficial de pesar sobre o incêndio que destruiu o Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro: “Esta é a maior tragédia museológica do país. Uma perda incalculável para o nosso patrimônio científico, histórico e cultural. Tamanha perplexidade que toma a todos, nos defronta com o maior desafio dos museus: consolidar e implementar uma política pública que garanta, de forma efetiva, a manutenção e conservação de edifícios e acervos do patrimônio cultural brasileiro. O Instituto Brasileiro de Museus manifesta solidariedade aos servidores e pesquisadores do Museu Nacional nesse triste registro de sua história”, diz a nota.

 

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Edição 23/11/2024
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