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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Caso de agressão de artistas de rua em Teresópolis ganha repercussão nacional

Polícia Civil ouve acusado e analisa imagens que envolvem discussão e agressão em food truck

Luiz Bandeira

Duas mulheres estrangeiras, uma de nacionalidade argentina e a outra chilena, vieram para Teresópolis para tentar garantir o sustento trabalhando como artistas de rua nos semáforos da cidade. Porém, mais um dia de apresentações em via pública não terminou como esperado. Na madrugada do último domingo elas estavam no final da Rua Coronel Antônio Santiago, encontro das avenidas Feliciano Sodré e Alberto Torres, quando, segundo informações delas e apuração da polícia, terminaram sendo agredidas por um comerciante proprietário de um food truck. De acordo com relato das jovens, o fato ocorreu “apenas por elas terem pedido algo para comer do que havia sobrado do trailer”, que já estava encerrando suas atividades. Tal desentendimento entre o comerciante e as artistas acabou gerando um ferimento na cabeça de uma delas e uma acusação de lesão corporal por parte das estrangeiras, que acusam o homem de usar uma barra de ferro para agredi-las. A mulher agredida postou em sua rede social um vídeo com imagens do ferimento, supostamente causado pelo agressor. Nesse vídeo não há imagens da agressão, porém o suposto agressor aparece batendo no celular de quem o filma. Ainda de acordo com relatos da mulher agredida, a conduta dos policiais militares que atenderam a ocorrência não teria sido adequada. O caso ganhou repercussão nacional, com muitas pessoas manifestando nas redes sociais indignação, prometendo e promovendo um boicote ao estabelecimento comercial, inclusive questionando o atendimento da patrulha que atendeu o caso.

“Olá galera, me chamo Fernanda sou uma artista de rua como muitos já nos viram fazer nossa arte no semáforo, na madrugada de hoje quando a hamburgueria xxxxxxxxxxxxxx que fica em casa e vídeo estava fechando, subi para perguntar aos funcionários se tinha sobrado algo para comer, o dono do lugar começou a me insultar e me atingido, hoje me encontro com o rosto inchado e sem poder trabalhar devido a um ato de racismo, fascismo, xenofobismo deste senhor que é o dono do local. Me levando para a delegacia local, a polícia começou a rir com o dono da loca por causa o que aconteceu. Eu fiz uma reclamação, mas eles me disseram que não podiam fazer nada. Se puder me ajude a compartilhar para que esses atos de violência contra a mulher não aconteçam mais”, informa exatamente dessa maneira o relato da mulher estrangeira que acusa comerciante de cometer contra ela o crime de lesão corporal.

Repercussão do caso tomou as redes sociais e muitas pessoas, inclusive influenciadores digitais e artistas, como o Rapper Lord, manifestaram indignação cobrando inclusive apuração da conduta dos policiais que atenderam a ocorrência

Nesta terça-feira, 25, a equipe do jornal O Diário e Diário TV esteve na 110ª Delegacia de Polícia, onde o caso foi registrado, para entender a história e quais medidas a polícia irá tomar. Conversamos com o delegado titular, Dr. Márcio Dubugras. “Na madrugada de sábado para domingo foi apresentado aqui na delegacia uma situação envolvendo duas artistas de rua, que teriam sido no caso xingadas e uma delas atingida, isso em razão de terem abordado o dono de um trailer, e pedido comida, porque sempre sobra algumas coisa em relação a quem trabalha com restaurante, com lanchonete, com trailer, então elas foram pedir qualquer tipo de sobra de comida porque elas estavam com fome e elas trabalham na rua, é de conhecimento geral que elas trabalham exercendo uma atividade nas ruas e foram pedir comida. Então, segundo elas, foram xingadas e uma delas foi agredida. Nós encaminhamos essa mulher que foi agredida para exame de corpo delito e se constatou, se confirmou através do exame feito no Instituto Médico Legal que uma delas realmente foi agredida na região da face, acima da sobrancelha, com instrumento de ação contundente, então existe materialidade que comprovam que efetivamente ela foi agredida”, esclarece o delegado.

Xenofobia
Para dizimar qualquer dúvida quanto a outros crimes que poderiam ter sido cometidos, questionamos ao delegado se nesse caso há indícios de crime de preconceito, já que as mulheres são estrangeiras, o delegado não acredita que houve crime de xenofobia. “Nós não recebemos notícia de que tenha tido qualquer preconceito, até porque isso é um absurdo, a pessoa que exerce um preconceito contra um estrangeiro está cometendo um absurdo, ainda mais com a situação que se vive hoje na Argentina, que a gente sabe ser uma situação extremamente delicada, então não é porque é um estrangeiro que ele vai ser vítima de preconceito, que ele vai ser agredido, que ele vai ser xingado, muito pelo contrário, o Brasil tem por costume tratar o estrangeiro de forma carinhosa e ainda mais quando é uma pessoa que se encontrae em situação extremamente sensível”, afirma o delegado.

Grande mídia deu destaque ao caso de agressão a estrangeiras por comerciante em Teresópolis

Testemunhas
Durante a confusão estavam presentes também dois funcionários do trailer e pessoas que haviam consumido no estabelecimento, todos foram arrolados como testemunhas. Segundo a polícia, uma delas, que tentou apaziguar os ânimos, acabou sendo agredida também. “Compareceu uma testemunha que estava no momento do fato e ele viu a confusão, viu que a artista estava sendo agredida pelo dono do trailer, então ele foi tentar separar e nesse momento ele também teria sido agredido pelo dono do trailer, ele também foi encaminhado para o exame de corpo delito e foi confirmado que ele também apresentava uma lesão a sua integridade física por uma ação contundente”, descreveu o delegado, que garantiu que as investigações vão esclarecer como tudo aconteceu e vai apontar eventuais responsabilidades. “Estamos buscando imagens de câmeras instaladas ao redor desse trailer pra justamente entender toda a história, mas é fato que realmente ela foi agredida e o dono trailer ou qualquer outra pessoa que efetivamente tenha agredido essa artista vai responder por lesão corporal. O dono do trailer alegou que também foi agredido, também pediu pra ser encaminhado para exame de corpo de delito e se constatou que apresentava uma escoriação na mão. Então nós vamos através das imagens chegar à conclusão do que aconteceu, agora que a artista foi agredida, ela foi agredida e por isso foi instaurado um inquérito policial para apurar essa lesão corporal”, pontuou o delegado da 110ª DP.
Em nota, o 30º BPM informou que o Comandante instaurou um procedimento interno, em caráter de urgência, para verificar eventuais responsabilidades quanto à conduta dos policiais que atuaram na ocorrência. Nossa equipe tentou contato com o comerciante acusado pelo crime de lesão corporal, porém até o fechamento dessa matéria não obtivemos retorno aos nossos contatos. Apuramos que ele, acompanhado do advogado, esteve na 110ª DP nesta terça-feira.

Edição 22/11/2024
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