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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Duas vagas apenas no cemitério e a licitação ainda não foi feita em Teresópolis

As mortes por Covid - 790 segundo o Estado, e 774 a prefeitura - fizeram piorar a carência de sepulturas

Wanderley Peres

"Temos uma licitação em andamento para a construção de novas gavetas." A resposta vaga da prefeitura no Facebook, nesta segunda-feira, 19, para as reclamações de falta de vagas no cemitério municipal, não atendeu a insatisfação daqueles que vem tendo, ultimamente, ainda mais dificuldade para enterrar seus entes queridos, muitos tendo que se sujeitar ao improviso do serviço público que já era ruim e piorou bastante depois da pandemia, quando 790 teresopolitanos morreram, quase todos sepultados nos cemitérios do município, onde as quase 400 mortes da tragédia de 2011 já haviam provocado colapso que não provocou nas autoridades, desde então, uma providência satisfatória.

Nesta segunda-feira, quando era sepultado Carlos Roberto Ramos, de 57 anos, que estava na Upa aguardando cirurgia há um mês, outros oito corpos foram sepultados. "Há 2 gavetas vagas e 5 estarão vagas nos próximos dias. Novas gavetas serão construídas em breve por empresa contratada por licitação. Esse procedimento está em andamento na Secretaria Municipal de Administração e deve ser finalizado em breve. De toda forma, na ausência de gavetas disponíveis, a Secretaria de Serviços Públicos, gestora dos cemitérios municipais, disponibiliza covas para sepultamentos no Cemitério Municipal Carlinda Berlim", informou a assessoria de imprensa da prefeitura em resposta a O DIÁRIO.

Além dos sepultamentos em covas tão rasas para não serem alcançado outros túmulos mais profundos, o sepultamento em gavetas toscamente construídas e sem a necessária vedação vem fazendo proliferar moscas e mau cheiro no cemitério, onde um bairro foi criado praticamente dentro dele. "Os coveiros estão enterrando o corpo um em cima do outro, com 4 ou 3 palmos do chão só. A minha casa vive infestada de moscas de cemitério, nem posso abrir. Tenho uma bebê de 3 meses e já mandei vídeos explicando para o prefeito e até agora nada foi resolvido. Tá difícil viver aqui", reclama Cassiane Almeida.

Na verdade, como O DIÁRIO já publicou, alertando as autoridades para o grave problema, os nove cemitérios do município não acompanharam o crescimento desordenado e, somado à falta de investimento, em total desrespeito que não é exclusivo do atual prefeito e seus secretários, mas já vem se arrastando há longo tempo, piora o caos que pode afetar qualquer um de nós num dos momentos mais difíceis de se lidar, que é o de se despedir de um ente querido. A situação é tão grave que nem os 29.000m² do Carlinda Berlim são suficientes para o número de falecimentos registrados diariamente. Faltam locais para sepultamento, espaço para covas ou gavetas, e até locais para depositar os ossos que são retirados. Além disso, a quantidade de funcionários não é suficiente para dar conta de tanto serviço, situação que obrigou o Ministério Público a propor Termo de Ajuste de Conduta ao município, visando organizar os cemitérios, cuja situação vem se arrastando há alguns anos e gerando multa diária ao município pelo não cumprimento de vários pontos.

Segundo levantamento publicado pelo DIÁRIO em agosto de 2012, a média de sepultamentos mensais em Teresópolis era de 130, 90% deles no Caingá, que tinha, então, 3.465 sepulturas, 2.247 covas rasas, cerca de duas mil gavetas e 1.600 nichos, locais para o depósito dos restos mortais depois do período nas gavetas mortuárias ou covas rasas. De lá para cá, só piorou. Em aumento de sepultamentos e em descaso com o problema, sendo relegado e nunca visto como prioridade administrativa.

Tragédia agravou problema 

O problema de falta de locais para sepultamento e espaço para a construção de novas quadras de gavetas já vinha se arrastando há vários governos e ficou ainda mais grave a partir do dia 12 de janeiro de 2011. Se já havia poucas sepulturas disponíveis, onde sepultar mais de 300 corpos, vítimas da maior catástrofe natural do país? “Na Tragédia nós tivemos que ocupar a quadra 32, onde seriam construídas mais gavetas. Agora lá não tem mais nenhum espaço, pois coloquei todos os corpos das vítimas, além de precisar usar mais um espaço na outra quadra. E lá a gente não vai mexer mais. Foi feito um memorial para as vítimas, fiz covas individuais, cada família tem sua cova individual que ficou perpétua. Essa área não será mais mexida, então foi mais uma perda. Já não tenho mais onde colocar ossos e esse é um grande problema. Cada família faz a exumação a cada quatro anos e ainda exumo as covas rosas e não tenho mais onde colocar. Urgentemente temos que arrumar uma solução, como um crematório ou um triturador. Mas tem gente que não quer se desfazer dos ossos, então construo os ossuários, mas não tenho mais espaço nenhum”, disse a O DIÁRIO a então administradora do Caingá, situação que se manteve até agora sem providências dos governos que se seguiram, daí a gravidade agora tão surpreendente.

Os cemitérios do interior

Além do Caingá, existem outros oito campos-santos em Teresópolis. Na estrada Isaías Vidal, próximo ao número 4200, fica localizado o cemitério de Canoas. Construído em um terreno doado pela família Queiroz, do Terceiro Distrito, o cemitério de Venda Nova está localizado no quilômetro 15 da Teresópolis-Friburgo, atrás da igreja de Nossa Senhora da Conceição. As primeiras sepulturas datam de 1877. 

Um dos menores do município é o de Vale Alpino (antigo Córrego Sujo, fica ao lado do novo templo da igreja de Nossa Senhora da Conceição. Também no Terceiro Distrito, há campos-santos em Vieira, no quilômetro 36 da Teresópolis junto a igreja de Santa Luzia, e Bonsucesso, no  KM 28, atrás da igreja de Estrelinha. 

No Segundo Distrito, o cemitério de Santa Rita fica em frente a igreja de Santa Rita de Cássia. Com o tamanho menor do que a metade de um campo de futebol. Naquela região do município, funcionam ainda os cemitérios de Serra do Capim e de Rio Preto, em Volta do Pião.

 

 

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Edição 30/04/2024
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