O governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse que seu programa para a segurança pública do estado vai muito além de uma única frase, mas voltou a falar em "abater criminosos", durante almoço na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Também presente no evento, o futuro ministro da Justiça, o juiz federal Sergio Moro, foi questionado sobre a possibilidade de criação de uma "lei do abate", mas evitou o assunto. "Não parece que a proposta seja essa e nem existe uma lei com esse nome", limitou-se a dizer.
Witzel e Moro chegaram juntos hoje a um almoço organizado pela Associação de Ex-Alunos da Harvard Law School, para comemorar os 200 anos do curso de direito da Harvard Law School. Depois de ser eleito, o futuro governador do Rio defendeu algumas vezes o uso de atiradores de elite contra quem estiver portando fuzil, ainda que esteja de costas. Hoje, no entanto, ele disse que seu programa de governo para a área de segurança pública "não se resume a uma única frase" e "é muito mais amplo".
"Nosso objetivo maior não é abater criminosos simplesmente. É fazer com que as pessoas se conscientizem que o crime não compensa, de que o estado agirá de forma dura contra aqueles que não querem abandonar a vida criminosa e ter uma vida digna. É muito mais amplo e pensado do que simplesmente uma única ação que é o enfrentamento de criminosos que estão com fuzil."
Programa para segurança pública
Ele detalhou o programa que pretende executar a partir de 2019 para “mudar essa história” referindo-se à insegurança e violência. “Nós temos o programa Comunidade Cidade cujos recursos para urbanizar favelas conflagradas estão já sendo preparados. Vamos levar os cuidados com o saneamento básico, a educação, com o resgate da cidadania de jovens que estão em situação de risco. O tráfico de drogas é uma das empresas que mais contrata."
O governador eleito disse que o uso de atiradores de elite contra criminosos ocorrerá em ocasiões de confronto: "Efetivamente, em operações policiais, se estiverem atacando as forças de segurança, serão também atacados e abatidos. Não se pode admitir ninguém de fuzil enfrentando a polícia e muito menos colocando em risco a sociedade". O atual ministro da Segurança Pública, Raul Jungmman, chegou a dizer no mês passado que o uso de atiradores tal como proposto por Witzel não está na lei.
Ainda no âmbito da segurança pública, Witzel disse que pretende desenvolver um plano de recuperação do sistema penitenciário e reestruturar as polícias. Ele adiantou que a Polícia Civil terá um departamento de combate à lavagem de dinheiro e à corrupção.
Gestão
O governador eleito disse que vai executar uma gestão eficiente a partir da identificação das fontes de recursos. "Tenho conversado com o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] e o Banco Mundial. A própria Cedae [Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro] vai dar um lucro esse ano de R$ 1 bilhão. Recursos nós temos. É preciso saber usá-los."
Segundo ele, a estimativa de crescimento do Brasil é de 5% em 2019 e que o Rio de Janeiro fechará este ano com uma arrecadação entre R$ 15 bilhões e R$17 bilhões somente com royalties do petróleo. Witzel afirmou ainda que fará um ajuste na administração pública, cortando 20% dos cargos comissionados e realocando estruturas do governo em outros prédios para economizar aluguel.