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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Ex-catadores do Fischer seguem insatisfeitos com a prefeitura de Teresópolis

No protesto foi exposto um caixão com a inscrição “Aqui jaz o Desenvolvimento Social” e uma foto do prefeito

Isla Gomes

Segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), existem no Brasil entre 400 mil e 600 mil catadores de materiais recicláveis. Além de tirarem suas rendas dessa função, vale ressaltar que esses trabalhadores são agentes essenciais para a reciclagem no país. Mas, em Teresópolis, eles reclamam não receber a atenção devida e, no sentido contrário, dizem estar sendo prejudicados. Na manhã desta quarta-feira, dia 11, um grupo de ex-catadores de material reciclável que trabalhava no lixão do Fischer, sendo impedido da prática desde que o antigo aterro foi atingido por um incêndio, em junho passado, realizou um protesto contra o governo Vinicius Claussen. Segundo eles, 89 famílias estão sendo prejudicadas visto que o auxílio oferecido pelo município contemplou apenas os dois primeiros meses após a situação e não há sequer previsão de novo apoio. Além de faixas e cartazes, foi colocado no protesto um caixão com a inscrição “Aqui jaz o Desenvolvimento Social” e uma foto do prefeito. Nossa equipe esteve no local e conversou com dois dos manifestantes.

Um grupo de ex-catadores de material reciclável que trabalhava no lixão do Fischer realizou um protesto contra o governo Vinicius Claussen. Foto: Isla Gomes


“Nós estamos 107 dias parados, pois trabalhávamos no antigo lixão, não estão deixando a gente trabalhar mais e nem ao menos na área onde está sendo feito o transbordo do lixo, pois eles estão pagando 900 mil por mês com renda tirada do município para colocar na empresa que faz o transbordo, e enquanto isso tem 89 famílias desempregadas e desamparadas, todo mundo em casa, isso é uma covardia, em 107 dias deram apenas duas cestas básicas mínimas para nós, nós vamos direto na prefeitura e no setor de desenvolvimento social e só recebemos porta na cara, não conseguimos nenhuma resposta, nós estamos abandonados e por isso estamos aqui nos manifestando e reivindicando nossos direitos, não queremos auxílio de dinheiro, queremos trabalho”, declarou o catador Vitor da Silva.

Nossa equipe esteve no local e conversou com dois dos manifestantes, Victor e João, que trabalhavam no Fischer. Foto: Isla Gomes

Desenvolvimento Social
Outro ex-catador, João André, diz que já procurou o setor de Desenvolvimento Social diversas vezes e nunca conseguiu ajuda. “Procurei o setor para tentar achar uma solução para todos nós, numa dessas idas a dona Eliane (secretária de Desenvolvimento social) inclusive assinou um documento afirmando que não poderia nos ajudar de nenhuma forma, é lamentável que um setor que trabalha com a parte social lave as mãos e diga que não pode fazer nada nessa situação, eu estou inclusive há cinco anos indo no CRAS e não vejo evolução nenhuma, então queremos saber para onde vai todo dinheiro aparentemente investido, pois a gente não vê, muitos catadores não conseguiram receber nem o bolsa família”, declarou.

“Quando vinha gente do Governo do Rio para ver o aterro sanitário, eles falavam que a gente tinha que se esconder no mato, para não gerar vergonha para o prefeito”, frisou João André. Foto: Isla Gomes

Agentes ambientais
São os catadores que coletam, separam, transportam, acondicionam e, às vezes, beneficiam os resíduos sólidos, transformando o que antes era visto como lixo, inútil e pronto para ser descartado, em mercadoria, com valor de uso e de troca. “Nós queremos que o prefeito entenda que nós fazemos o trabalho de agentes ambientais, que é uma função muito importante para o município e para o meio ambiente, e é a partir desse trabalho que nós sustentamos nossas famílias, além dos catadores, tem os separadores e o pessoal que compra todo esse material que catamos, ou seja, são cerca de 300 pessoas desempregadas e desamparadas no momento”, pontuou o protestante Vitor.

Humilhação
“Quando o prefeito ganhou a eleição ele foi até o lixão e falou que iria fazer um trabalho digno para os catadores, depois não voltou mais, e têm mais, quando vinha gente do Governo do Rio para ver o aterro sanitário, eles falavam que a gente tinha que se esconder no mato, para ninguém ver a gente catando e com isso gerar vergonha para o prefeito, e a gente se sentia coagido e com medo de desobedecer e perder nosso trabalho, então nós nos escondíamos. Ainda tinha o fato de que nem água nos era oferecida quando fazíamos o serviço no lixão e o único galpão que tínhamos para fazer as necessidades fisiológicas foi destruído pouco antes do incêndio. Para piorar, fomos acusados por muitos que diziam que fomos nós que incendiamos o aterro, mas isso não faz sentido, como a gente iria colocar fim no nosso único meio de trabalho?”, concluiu João.

Prefeitura nega abandono
Um grupo de trabalhadores foi recebido pelo secretário municipal de Governo e Coordenação para ouvir as demandas. Em nota encaminhada para a redação do jornal O Diário e Diário TV, através da Assessoria de Comunicação da Prefeitura, a Secretária Municipal de Assistência Social informou que “os catadores de recicláveis que atuavam no aterro do Fischer continuam recebendo suporte da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMASDH) e Direitos Humanos, inclusive com reuniões mensais com comissão de representantes da classe e concessão eventual de cesta básica”. Ainda segundo o documento, “além da concessão do auxílio eventual emergencial pago em três parcelas pela Gestão Municipal, os catadores foram encaminhados para os equipamentos sociais do Município, como CRAS e CREAS, para emissão de documentos e inclusão em programas sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família”.
A prefeitura diz também que os catadores que manifestaram interesse foram cadastrados pelo SINE para encaminhamento a vaga de emprego e também para cursos de qualificação profissional e que, no momento, a SMASDH está fechando parceria com o SEBRAE-RJ para a oferta de cursos gratuitos. “Entre as alternativas à longo prazo avaliadas e planejadas pelo município estão a inclusão desses trabalhadores no programa municipal Recicla Terê, que depende de captação de recursos para ser ampliado, e também a adesão ao programa Pró-Catadoras e Pró-Catadores para a Reciclagem Popular, do Governo Federal, cujo lançamento foi acompanhado pelos catadores e pela SMASDH, com a oficialização da adesão de Teresópolis. Porém, este último encontra-e na fase de implementação pelo Governo do Estado”, justificou ainda a PMT. O aterro do Fischer permanece interditado e com o acesso proibido por meio de decisão judicial.

Edição 03/05/2024
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