Anderson Duarte
Considerado o coração de um Hospital, o Centro Cirúrgico também pode ser visto como um imenso desafio para a gestão hospitalar, isso porque eles são considerados unidades complexas e de alto risco, suscetíveis a eventos adversos e que podem até gerar mortes ou complicações aos pacientes. Por conta deste protagonismo, a Organização Mundial da Saúde, implantou em todo o mundo diretrizes de um protocolo universal de segurança do paciente cirúrgico que acabou também gerando uma campanha mundial chamada: “Cirurgia Segura Salva Vidas”. Aqui no Brasil, a ANVISA, encampou o esforço e desde então promove a conscientização da importância dos protocolos de segurança para esses ambientes. Em entrevista ao Jornal Diário na TV desta terça-feira, 17, Jonas Leite, Supervisor de Enfermagem do Centro Cirúrgico do Hospital São José, explicou como a instituição continua inovando nas práticas de proteção ao pacientes e nos protocolos específicos para a unidade e como algumas boas ideias podem ser expandidas para todo o país, partindo daqui.
“Nós entendemos que esse extenso programa de segurança do paciente que defendemos no hospital vai muito além de simples protocolos, ou apenas cumprir aquilo que está nos questionários ou procedimentos. Tudo isso também é muito importante, mas é algo que está contemplado na missão e nos valores da nossa instituição, ou seja, compreendemos essas práticas de segurança do paciente como um indicador de qualidade assistencial, de um tratamento efetivamente humanizado como defendemos. Nossos colaboradores passam por educações continuadas e está, muitas vezes nas mãos da equipe de enfermagem as condições mais propicias de identificar os riscos aos quais os pacientes estão expostos no centro cirúrgico e, portanto, também está na incumbência desse profissional a responsabilidade da incorporação desta cultura de cirurgia segura”, explica Jonas, que também destaca as ações inovadoras que surgem no ambiente de trabalho, e mesmo com essa rigidez dos protocolos.
“Assim como pesquisadores nacionais e internacionais se debruçam sobre a questão, ou seja, dessa necessidade de se aprimorar a cultura organizacional da segurança do paciente, nossos colaboradores e equipes, também o fazem. É preciso avaliar o dia-a-dia, a evolução dos processos de melhoria do cuidado cirúrgico, e deste trato diário surgiu uma sugestão de uma de nossas colaboradoras e que será agora apresentado em congresso nacional da área. Essa colaboradora percebeu que as pulseiras de classificação de risco, por exemplo, alérgico, acabam não ficando muito visíveis como deveriam. Por conta da posição do paciente e de grande parte do tempo do procedimento cirúrgico o corpo permanecer coberto dentro do ambiente do Centro Cirúrgico, foi feita a sugestão de utilizarmos toucas de proteção, ao invés da cor tradicional branco, na cor vermelha, para que seja perfeitamente visível aquela necessidade do paciente com restrições alérgicas. Por parecer pouco, mas isso pode salvar muitas vidas e agora, a partir dessa apresentação que teremos da ideia, ganhar o país e até o mundo”, enaltece Jonas.
Segundo o enfermeiro, essas medidas servem para reduzir a ocorrência de incidentes e eventos adversos, além da chamada mortalidade cirúrgica. Os protocolos possibilitam o aumento da segurança na realização de procedimentos cirúrgicos, no local correto e no paciente correto. “São seis os protocolos básicos para a segurança do paciente implantados aqui no Hospital São José. Entre eles estão o protocolo de Úlcera por Pressão, ou seja, onde são implantadas medidas para evitar o surgimento de alterações na pele bastante comuns durante as internações mais longas em hospitais. Pode parecer básico, mas é um destes protocolos aquele que versa sobre a Higiene das Mãos, cuidado fundamental no trato à saúde, uma vez que o profissional lida com diferentes pacientes, em diferentes condições e com diferentes necessidades. O protocolo de Segurança na Prescrição, uso e Administração de Medicamentos, igualmente importante, e que faz com que se tenha acesso a informação medicamentosa pelos profissionais que vão lidar com esse paciente. O Protocolo de Identificação do Paciente, que começa já na primeira triagem deste paciente, o Protocolo de Prevenção de Quedas e por fim o Protocolo de Cirurgia Segura”, explica Jonas.