Marcello Medeiros
Teve início às 07h07 desta quinta-feira (21) e termina no dia 22 de setembro, às 22h53 (horário de Brasília), a estação mais fria do ano, o Inverno. Climatologicamente, ele é marcado pelo período menos chuvoso das regiões Sudeste, Centro-Oeste e grande parte da região Norte do Brasil, enquanto que as maiores quantidades de precipitação se concentram sobre o noroeste da Amazônia, Estado de Roraima e extremo sul do Brasil. Caracteriza-se também pelas incursões de massas de ar frio, oriundas do sul do continente, que provocam o declínio acentuado das temperaturas do ar. Esta diminuição de temperatura pode ocasionar formação de geadas, nas regiões Sul, Sudeste e no Estado do Mato Grosso do Sul e queda de neve nas áreas serranas e planaltos da região Sul. Nessa época do ano os termômetros chegam perto de zero na maioria dos bairros de Teresópolis.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), em função das inversões térmicas no período da manhã durante o inverno, observam-se formações de nevoeiros e/ou névoa úmida nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com redução de visibilidade, impactando especialmente em estradas e aeroportos. Com a redução das chuvas em grande parte do país nesta época do ano, tem-se a diminuição da umidade relativa do ar, que consequentemente favorece o aumento da incidência de queimadas e incêndios florestais, bem como aumento de doenças respiratórias.
“Desde a primavera de 2017, a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial manteve-se abaixo da média, caracterizando o fenômeno La Niña. Porém, a partir da segunda quinzena de abril de 2018, as anomalias atmosféricas típicas de La Niña enfraqueceram consideravelmente e as condições de neutralidade estabeleceram-se durante o mês de maio deste ano em todo o Pacífico Tropical. Os modelos de previsão climática, gerados pelos principais centros internacionais de Meteorologia, indicam que este padrão de neutralidade deve manter-se durante este inverno/2018 e permanecerá até meados do final da primavera/201”, informa o INMET.
Mais internações
Além do aumento do número de casos de doenças respiratórias, entre junho e agosto, meses marcados por temperaturas mais frias, as internações nos hospitais por insuficiência cardíaca e infarto chegam a ser 30% maiores do que no verão. É o que mostra estudo inédito realizado por médicos da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. A pesquisa, liderada pelo cardiologista Eduardo Pesaro considerou todas as internações por insuficiência cardíaca (76.474 casos) e infarto agudo do miocárdio (54.561 casos) registradas em 61 hospitais públicos da capital paulista entre janeiro de 2008 e abril de 2015.
Os dados fazem parte do Cadastro Nacional de Saúde, do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram consideradas também as temperaturas mínima, máxima e média em cada período ao longo desses sete anos. “Provavelmente isso se dá por fenômenos múltiplos como o frio e a qualidade de ar como principais aspectos de risco. As pessoas que estão em maior risco e que já são doentes, com pressão alta, diabetes, devem ter uma atenção especial nesse período e maior controle como tomar corretamente o remédio e medir a pressão”, aconselhou o cardiologista.
A pesquisa mostrou ainda que o número médio de internações por insuficiência cardíaca no inverno foi maior em pacientes com mais de 40 anos. Já as hospitalizações por infarto foram registradas em maior número em pacientes com idade superior a 50 anos. De acordo com o cardiologista, as causas do aumento do risco cardiovascular no inverno não estão diretamente ligadas à queda do ponteiro do termômetro, mas às condições ambientais e socioeconômicas. “Inverno não significa só frio. Ele também significa poluição aumentada, crescimento de epidemias provocadas pelo vírus da gripe, o Influenza, além do tempo seco”, diz Pesaro.
O que acontece com o coração
O frio faz os vasos sanguíneos se contraírem e eleva a liberação de adrenalina, o que faz subir a pressão arterial. Além disso, o aumento da poluição contribui para doenças respiratórias que sobrecarregam o coração. Já o Influenza (vírus da gripe) é capaz de causar inchaço ou inflamação das coronárias, com a possibilidade de liberar as placas de colesterol nela depositadas. As placas, por sua vez, podem causar bloqueios e interromper o fluxo sanguíneo.
Para Pesaro, o governo precisa investir em políticas públicas que melhorem a qualidade de vida da população. “As pessoas e os governos têm que cuidar melhor daqueles indivíduos em maior risco durante o inverno. Quem tem risco deve regularizar o controle das suas próprias doenças, como por exemplo, pressão alta, que sabemos que aumenta no inverno, lembrar de tomar os remédios, fazer a medida da pressão com periodicidade e tentar não passar frio mesmo dentro de casa”, aconselha.