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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Juntando os cacos e reconstruindo a vida

Vítimas da tragédia de 2011 passam primeiro aniversário da catástrofe na nova casa

André Oliveira

No dia em que Teresópolis homenageou seus mortos e feridos na tragédia de 12 de janeiro de 2011, moradores do novo bairro Fazenda Ermitage tentam juntar os cacos e reconstruir suas vidas no conjunto de apartamentos que se tornou símbolo da resiliência da população. A rotina diferenciada promovida pelo novo estilo de moradia em condomínios aos poucos vai fazendo parte da vida dos moradores, que ainda convivem com problemas pontuais de adaptação. Enquanto o comércio não chega, carros de venda de todo tipo de produto circulam pelas novas ruas e tentam conquistar clientes. Ovos, peixes, frutas, pão… Vende-se de tudo um pouco. A segurança é garantida por uma base instalada pela Polícia, enquanto agentes do Inea mostram a presença do Estado no novo bairro, que também ganhou uma linha de ônibus. 

O novo bairro de Teresópolis conta com 1600 moradias e aproximadamente quatro mil pessoas. São ao todo 80 blocos com 20 apartamentos e cinco andares cada. No terreno de 272,5 mil metros quadrados, existem sete condomínios. Cada unidade tem 43 metros quadrados, composto por sala, dois quartos, cozinha e banheiro. A obra do conjunto habitacional foi coordenada pelo Governo do Estado e fez parte do programa federal Minha Casa, Minha Vida. 

“Conseguimos recomeçar aqui”
Um desses milhares de moradores é Manoel Carlos Ferreira, conhecido pelo apelido de Beleco. Instalado no condomínio das Margaridas, tornou-se o zelador contratado da unidade. Na época da tragédia, vivia com sua família no bairro do Caleme e viu sua casa ser destruída pela natureza. Agora tenta reconstruir a vida. “Pra mim isso aqui é uma vitória. Depois de sete anos de sofrimento, conseguimos recomeçar aqui. Pra mim é glorioso ver minha família, meus amigos que ficaram tanto tempo sem suas casas e que agora têm onde morar. É maravilhoso”, comemora. Porém, a lembrança da tragédia ainda é recente na memória. “Nunca vou esquecer do que vivemos. Ajudei amigos a escapar, lavei corpos de outras pessoas. Tivemos até que montar uma equipe para vigiar as casas e impedir que as coisas fossem saqueadas”, lamenta. “O que mais fica é a saudade dos amigos que se foram, da cervejinha, do bate papo e do futebol”, detalha. 

Coisas boas e ruins

Ainda segundo Beleco, a nova comunidade não deixa de ter problemas como qualquer outra. Porém existe vontade e mobilização para que o quadro seja diferente. “Temos coisas boas e ruins aqui. Das ruins nós tiramos o ensinamento e buscamos o lado bom. Moro aqui há sete meses e tento dar o melhor e convencer meus amigos a construir uma sociedade justa. Falta alguma coisa. Gostaríamos de mais rondas da PM pra garantir nossa segurança e a iluminação pública ainda é precária. Mas estamos começando. Criamos uma comissão de moradores com CNPJ e vamos rumo à vitória”, projeta.

Também moradora do novo bairro, dona Maria de Lurdes da Conceição não esconde a alegria. Passeando pela comunidade com o pequeno Kaíque, ela é só gratidão. “Pra mim isso aqui é uma bênção que caiu do céu. É um lugar bom e tranquilo, sem brigas. Até minha saúde melhorou depois que vim pra cá. Todos os dias agradeço a Deus por estar aqui”, comemora. 

Memória das vítimas

Para homenagear os entes que morreram na tragédia de 2011, moradores do condomínio e membros da diretoria colegiada da Associação das Vítimas (Avit) organizaram um evento ecumênico no casarão sede da Fazenda Ermitage. O evento contou com fala dos participantes, abraço ao condomínio, um minuto de silêncio pelas vítimas, oração, e por fim a celebração de uma Santa Missa. 


Símbolo da resiliência da população de Teresópolis, o novo bairro Parque Ermitage abriga aproximadamente quatro mil pessoas

 

 

 

 

 

 


Transporte coletivo: uma linha de ônibus foi criada para oferecer serviço aos moradores do novo bairro Parque Ermitage

 

 

 

 

 

 


Manoel Carlos ‘Beleco’, morava no Caleme e agora é um dos membros do novo bairro Parque Ermitage. “Pra mim é glorioso ver minha família, meus amigos que ficaram tanto tempo sem suas casas e que agora têm onde morar”

 

 

 

 

 

 


Os conjuntos de prédios receberam área de lazer e quadras esportivas para atender moradores e principalmente as crianças

 

 

 

 

 

 


Maria de Lourdes também mora no novo bairro e não esconde a alegria pela oportunidade de reconstruir a vida ao lado da família

 

 

 

 

 

 


Vida nova: o pequeno Kaique puxa seu caminhão de brinquedo nos espaços públicos do novo bairro criado na Fazenda Ermitage

 

 

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Edição 23/11/2024
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