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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Lilia Montanha homenageada por ter desbravado o Dedo de Deus

Primeira escalada de uma teresopolitana à montanha mais famosa do Brasil completa 75 anos

Marcello Medeiros

Na última terça-feira (17) completou 75 anos que uma menina de apenas 15 anos mostrou que as mulheres também poderiam chegar a locais tidos como impossíveis a elas, como o cume do Dedo de Deus. Em 1949, acompanhada do irmão e de um grupo de amigos, a adolescente foi a primeira nascida em Teresópolis a pisar no cume da montanha mais famosa e icônica do Brasil, símbolo de aventura e imponência na Serra dos Órgãos. Hoje com 90 anos, mas com toda a escalada ainda viva na memória, Lilia recebeu uma placa em homenagem ao feito e a visita de um grupo de amigos e montanhistas em sua residência na Várzea.

Gutto Rodrigues, Ricardo Guarilha, Hilna Galo e Isis Pioneli com a homenageada. Foto: Victor Vieira


A placa sinalizando os 75 anos do “desbravamento” foi uma homenagem prestada pelo subsecretário de Turismo e também montanhista, Henrique Silva. Lilia recebeu ainda um quadro com uma foto sua no Soberbo e outra da inesquecível aventura, marcadas com a data do aniversário da conquista, presente do casal Gutto Rodrigues e Isis Pioneli. A nossa “primeira dama do Dedo de Deus” também pôde assistir, em primeira mão, o documentário Mulher(es) de Pedra, de Isis Pioneli, que a tem como uma das personagens e foi realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo. Representando a secretaria de Cultura, participaram o secretário Ricardo Guarilha e a servidora Hilna Galo. Também estiveram no evento comemorativo Victor Antônio Vieira, Fernanda Cristina da Silva e Johnny Montanha.
“Dona Lilia Montanha, nossa grande heroína, agora na flor de seus 90 anos de idade, lúcida e bem vivida, nos recebeu em sua casa no centro da cidade de Teresópolis com muito carinho, contando a história da sua aventura com riqueza de detalhes! Um momento especial na história do montanhismo brasileiro! Parabéns Dona Lilia por sua coragem e representação valorosa da mulher brasileira”, enfatiza o Montanhista Victor Vieira.

17 de Julho de 1949: Além de Lilia e seu irmão Edmundo Montanha, participaram da expedição Geny Cardoso, Ilka Montanha e os meninos Renato Nogueira Marques, Carlos Simão Arbex, Kival Simão Arbex, Haroldo Falcão, Theodoro Silva, Abdux Arbex, Julio Américo de Oliveira e Adilson Falcão da Graça, guiados por montanhistas experientes como Miguel Ignácio Jorge. Foto: Acervo Lilia Montanha

A escalada
Dia 17 de julho de 1949, setenta e cinco anos atrás, em um mundo muito diferente do que vivemos hoje, em diversos aspectos, uma menina de apenas 15 anos foi contra tudo e quase todos para realizar um sonho: conquistar o cume do já muito famoso Dedo de Deus. Escondida dos familiares, driblando ainda o preconceito que havia naquela época de que “mulher não faz esse tipo de coisa”, a jovem contou com apoio do irmão Edmundo e de alguns amigos para fazer parte de uma expedição que levaria um grupo até o topo da imponente formação rochosa da Serra dos Órgãos. Além do seu irmão, participaram dessa empreitada, em um dia que se tornaria histórico pelo fato de nenhuma outra teresopolitana ter pisado naquele lugar, Geny Cardoso, Ilka Montanha e os meninos Renato Nogueira Marques, Carlos Simão Arbex, Kival Simão Arbex, Haroldo Falcão, Theodoro Silva, Abdux Arbex, Julio Américo de Oliveira e Adilson Falcão da Graça. Eles foram guiados pelos experientes montanhistas Paim e Miguel Inácio Jorge, este um dos conquistadores da Verruga do Frade e conhecido como “Senhor da Torre” por ter sido o responsável pela manutenção na Matriz de Santa Teresa por várias décadas.
Em entrevistas concedidas para o jornal O Diário e Diário TV, a aposentada sempre relatou o “sonhar acordada” e como ter conquistado o Dedo Deus mudou sua vida. “Minha mãe achava que era perigoso demais, mas eu queria e fui incentivada pelo meu irmão, Edmundo. Não queria mais ficar fazendo só caminhada, queria escalar o Dedo de Deus e das três meninas era a mais nova e fui a primeira menina a pisar naquele cume maravilhoso. Até hoje, tanto tempo depois, basta fechar os olhos para reviver toda aquela escalada”, conta ela, que também já esteve em outras montanhas como Verruga do Frade e Pedra do Sino. Importante lembrar que mesmo hoje, com a modernização dos equipamentos, técnicas e maior facilidade para conseguir informações sobre a escalada, ainda é considerada um desafio para muita gente.


Edição 23/11/2024
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