Se já não bastassem os graves problemas já conhecidos no antigo aterro sanitário do Fischer, que chegou a ser interditado no ano passado, surgem denúncias sobre mais irregularidades no local. A prefeitura estaria cedendo o galpão que fica naquele terreno para a empresa terceirizada que faz a coleta utilizar como sede. Desta forma, dezenas de funcionários seriam obrigados a trabalhar em um local de risco que não tem a mínima estrutura necessária, como banheiro, vestiário ou até mesmo transporte adequado.
Para piorar a situação, o manejo inadequado do lixo estaria criando uma “bomba-relógio” no local, em que os trabalhadores temem pela própria segurança já que não é feita a drenagem dos gases que se acumulam debaixo do solo e nem do chorume. O aterro segue funcionando somente por conta de uma decisão liminar da Justiça obtida pela prefeitura.
“A empresa está querendo sair do galpão da antiga Fibri e levar todo mundo para o lixão. Só que aquilo já era pra estar paralisado há muito tempo, está em uma situação precária. Lá não tem banheiro, não tem refeitório, não vai ter lugar para os coletores tomarem banho, um banheiro decente. Fora que lá é uma bomba, está sem o ‘respiro’, já era pra estar interditado há muito tempo”, denunciou o coletor que não quis se identificar, explicando que o lixo está sendo enterrado sem a instalação dos canos para escape do gás.
Além da insegurança e da insalubridade, eles também alertam que não haverá transporte para quem trabalha no turno da noite: “A empresa não tem ônibus para levar os coletores para lá e a equipe da noite vai ter que ficar vindo a pé porque o serviço acaba entre 2 e 3 horas da manhã. Vamos ter que voltar a pé e a empresa não está nem aí. Aquele lixão interditado, de maneira nenhuma a prefeitura pode ceder aquele local para a empresa porque quem vai sofrer com isso são os funcionários, isso é um absurdo. O Ministério Público tem que fazer alguma coisa”, alertou o funcionário.
A empresa que é responsável pela coleta atualmente ocupa um imóvel na Rua Café Filho, entre Bom Retiro e Pimentel, onde antes funcionava uma fábrica de bijuterias. Com a mudança, teria a vantagem de deixar de pagar o aluguel, mas essa medida precisa passar por trâmites legais de cessão de bens públicos, o que não ocorreu até o momento.
Nossa reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura para obter um posicionamento sobre estas denúncias, porém até o fechamento da reportagem, não obtivemos resposta.
Lixo e lixão
Teresópolis já beira os 180 mil habitantes e, consequentemente, é cada vez maior o volume de lixo produzido. Com a redução na prestação do serviço de coleta seletiva, hoje quase que restrito à cooperativa que atua no município, quase tudo que é produzido pelos teresopolitanos vai parar no Fischer, que de exemplar aterro sanitário voltou a ser lixão – por incompetência de governos como os de Mário Tricano e Arlei Rosa. Em meados do ano passado, o espaço que recebe diariamente toneladas de resíduos sólidos de todo o tipo chegou a ser interditado. A atual equipe à frente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente trabalha para promover a mudança esperada na destinação final do lixo em Teresópolis.
Interdição
No dia 6 de março de 2018, fiscais do Instituto Estadual do Ambiente, acompanhados de representantes do Ministério Público, passaram a manhã no quilômetro 75 da Estrada Rio-Bahia, no bairro do Fischer. O motivo da fiscalização foi analisar a situação do outrora aterro sanitário do município, inaugurado nove anos atrás e um depósito de lixo a céu aberto há pelo menos dois anos e meio. Após várias horas de trabalho de campo, e constatação que o local não poderia estar sendo mais utilizado, pois além da sobrecarga faltam todos os requisitos exigidos para o funcionamento de empreendimento do tipo, o local foi interditado. Uma semana depois, a prefeitura conseguiu uma liminar para liberar o funcionamento do local até conseguir viabilizar uma solução alternativa.
Situação indefinida
Em setembro do ano passado, equipes de cinco secretarias da Prefeitura estiveram no Aterro do Fischer para avaliar as ações conjuntas para atender ao acordo firmado em audiência entre a Prefeitura de Teresópolis, o Ministério Público, a 1ª Vara Cível e a Defensoria Pública. Entre as medidas trabalhadas estão avaliação de risco, remoção organizada e inclusão de famílias residentes no entorno em programas sociais e ações de remediação e encerramento do aterro. Desde então, nenhuma definição surgiu e os problemas se acumulam.