Marcello Medeiros
Era para ser uma situação “comum”, mas, diante da grande pressão antrópica das cidades e o desrespeito com as causas ambientais, cada flagrante de um animal diferente é motivo de muita comemoração. Dessa vez, três onças pardas, uma mãe e dois filhotes, foram flagrados por uma das armadilhas fotográficas do projeto “Aventura Animal”. Os animais foram gravados passeando na divisa entre o Parque Estadual dos Três Picos e a Reserva Ecológica Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu. Esse flagrante ganhou as redes sociais esta semana, com bastante repercussão.
De nome científico Puma concolor, a onça parda é um animal de hábitos solitários e territorialistas, tanto que os casais encontram-se apenas no período reprodutivo. Ele tem maior atividade ao entardecer e à noite, daí os flagrantes fotográficos mais comuns nesse período. Assim como a onça pintada, alimenta-se de animais silvestres de portes variados, exercendo também um papel vital na manutenção da integridade dos ecossistemas onde ocorrem. A caça e a alteração do habitat, com consequente redução da disponibilidade de presas, são as principais ameaças à sobrevivência da onça parda. E basta olhar para o crescimento de cidades como Teresópolis, Guapimirim, Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu, onde tem sido feitos esses flagrantes, para entender a importância do registro feito por Juran Santos e sua equipe.
Onça em Teresópolis
Em setembro do ano passado, câmeras de monitoramento de um condomínio na Estrada Francisco Smolka, no bairro de Quebra Frascos, flagraram o momento em que uma onça parda caminhava na portaria do condomínio, e depois pulava em direção a um sítio vizinho à propriedade de onde foi feito o registro. As câmeras indicam que o animal passeava às 04:12h da madrugada. O bairro de Quebra Frascos tem muitas áreas de mata preservadas além de ser vizinho de unidade de preservação, ambiente propício para o desenvolvimento deste espécime. Na ocasião, O Diário conversou com o biólogo Ricardo Mello, profissional que trabalha no Parque Natural Montanhas de Teresópolis e que desenvolve trabalho sobre os grandes felinos da nossa fauna. Ele explicou que o surgimento destes animais sempre existiu, mas agora os registros são mais comuns devido ao acesso maior a tecnologias de monitoramentos por câmeras. “É preciso entender que o surgimento desses animais sempre acorreu aqui, o quê acontece é que a gente hoje tem uma facilidade muito maior para conseguir esses instrumentos e fazer essa filmagem, do que antigamente. Nas unidades de conservação a gente tem muito mais acesso a esses instrumentos, então a gente consegue fazer mais filmagens, um maior monitoramento dessas espécies dentro da unidade, e fora hoje, a gente tem câmeras nos condomínios, nas casas, nos bairros, as próprias pessoas com seus celulares conseguem fazer as filmagens desses animais”, destaca Ricardo Mello.