Luiz Bandeira
Moradores da Rua Durval Fonseca, no bairro Jardim Europa, na região central da cidade, recorreram ao jornal O Diário de Teresópolis para reclamar da constante interrupção no fornecimento de energia, de responsabilidade da empresa Enel Distribuição Rio. De acordo com eles, quando acontece ampla queda no fornecimento de energia atingindo toda a região, a luz geralmente volta para as ruas em volta, mas na Durval Fonseca o serviço costuma demorar ser reestabelecido. Para eles o problema é recorrente e exclusivo da via em que moram, onde segundo os moradores presta-se um serviço que não faz jus ao alto valor do IPTU cobrado, bem acima da média da cidade. Demonstrando certo conhecimento de como é a prestação do serviço de fornecimento de energia, Luis Bastos, morador aposentado, revela certo descontentamento. “Não há interesse em atender o consumidor que paga em dia as suas contas. Todos os serviços são terceirizados, desde os administrativos até os técnicos, e não há interesse em resolver absolutamente qualquer problema da comunidade”, desabafa. Ele disse ainda que a rede na configuração em que está instalada favorece a ocorrência de curtos-circuitos, pois por estarem posicionados na horizontal em uma localidade arborizada como a do Jardim Europa, quando um galho de árvore cai sobre eles acaba “fechando curto”.
Segundo ele o ideal seria que a instalação fosse feita de forma triangular para que eventuais galhos que venham a cair sobre os cabos, sejam projetados para fora da rede. Luis Bastos pede um novo projeto para a rede elétrica da rua. “Um melhoramento de grande porte, que se poderia chamar de reforma, uma reforma da rede com os critérios técnicos mínimos, considerados ideais para o atendimento ao consumidor”, pontua o morador.
A principal queixa dos moradores é de que o serviço de manutenção de rede não prioriza o atendimento na Durval Fonseca. “Nossa rua está sempre sendo prejudicada, na maioria das vezes acaba a luz só nessa rua. Da minha casa posso ver a cidade toda, tá tudo iluminado e só falta aqui e a demora é fenomenal! A gente liga e eles dão uma previsão automática, se ligar de novo, meia hora depois, a previsão é acrescida em mais trinta minutos, não tem assim uma previsão real, além do mais não é um telefone só para Teresópolis, quem nos atende, pelo sotaque a gente identifica que é do Nordeste, do Norte, então não é pessoal que conheça a cidade e a gente fica a mercê do automático deles”, queixa-se Luiz Pereira.
Dificuldade no atendimento
Além do transtorno de não contar com um serviço de fornecimento de energia elétrica estável, que implica na inviabilidade de exercer, por exemplo, um trabalho home Office, ensino à distância, manter a geração de conteúdo online, além de ter alimentos resfriados estragados e aparelhos eletrônicos danificados, há também uma certa insegurança, pois a rua fica às escuras e os muros das casas não são altos. Um fato preocupante aconteceu no último sábado, quanto o fornecimento sofreu outra queda, como relata Iara Santos. “Isso é recorrente agora, se tornou normal e a gente tem medo pelo fato da insegurança, vocês podem ver que muitos moradores são idosos. No sábado, 16, quando houve aquela falta de energia, a minha filha estava vindo pra casa, eu controlando ela pela internet aí ei comecei a ouvir um grito de socorro, a gente tem um grupo no WhatsApp da Rua Durval Fonseca, eu postei: ‘gente estão pedindo socorro’. Eu sai correndo desesperada porque eu fiquei com medo da minha filha, porque já teve problemas de assalto aqui na nossa rua. E nisso era uma senhora que estava pedindo socorro porque ela precisa da energia pelo fato de fazer uso de oxigênio de uma outra senhora na casa dela. A ambulância veio pra socorrer e a gente tem muito medo pelo fato das nossas casas não ter muros altos ficando muito vulneráveis à quatro, cinco horas sem luz. Não existe isso dentro de um bairro com uma prestação de serviço dentro da cidade. Não estava chovendo, não estava ventando, não tinha problema nenhum que justificasse. Então a nossa preocupação aqui é segurança, a gente está sem segurança. Quando falta energia a gente começa a ter medo, fica todo mundo desesperado. Minha vó tem 100 anos dentro de casa, eu não posso ficar sem energia e pagamos as nossas contas, então é obrigação e dever da empresa cumprir com a responsabilidade da energia”, desabafa Iara.
Idosos preocupados
Outro depoimento comovente é o da Dona Engrácia dos Santos, idosa que tem um poste com disjuntores instalado bem em frente à sua casa. Esse sistema é justamente onde ocorre o desligamento quando há sobrecarga na rede. “Dá um estouro muito grande, eu já cai da cama de susto, a minha casa treme tudo, perdi duas geladeiras, quatro TVs, a última chamei eles (Enel), eles vieram e me mandaram consertar aonde eu não sei. Ao invés de levar a televisão e concertar e me trazer ela concertada, não, mandaram eu, não sei pra onde, aí eu tive que pagar o concerto, não fizeram nada. Aquele estouro é pior que canhão, muito pior, eu passo mal, eu passo muito mal. Eu não aguento, tem que tirar tudo que tem ali naquele poste, eu não estou aguentando é muita coisa ali pendurado, eu não estou aguentando mais. É um disjuntor que desliga e liga e é assim que os aparelhos se vão. Não tem jeito não, eu não sei o quê que eu faço da minha vida, eu já quis me mudar, mas eu não tenho pra onde ir”, reclama emocionada Dona Engrácia.
Defesa
É importante frisar que segundo o Código de Defesa do Consumidor e a resolução normativa 499/12 da ANEEL, é garantida a responsabilização da concessionária em caso de dano em aparelhos de consumidores, causados pela instabilidade na rede elétrica e o ressarcimento de danos elétricos dos procedimentos de distribuição de energia elétrica no sistema elétrico nacional.
Em nota a empresa fornecedora de energia informou o seguinte: “A Enel Distribuição Rio informa que equipe técnica vai realizar inspeção na rede de energia e também fará o levantamento de necessidade de podas na Rua Durval Fonseca, no Jardim Europa, até a próxima semana”.