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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Morreu Manoel Cândido, o Timbira

Ícone do Cultura de Raiz, músico tinha 93 anos de idade

Wanderley Peres

Morreu Manoel Cândido da Silva, o sanfoneiro Timbira. Velório ocorre na igreja de São Pedro, das 19h desta quarta-feira às 8h de quinta, 3, quando o corpo segue para sepultamento em São Lourenço, distrito de Nova Friburgo.

Casado com Dona Carmelita, Timbira foi homenageado pela Secretaria de Cultura de Teresópolis em 2013 como personalidade do município e ganhou o troféu de Artista do Ano, que tanto agradou o grande músico, internado há vários dias. Muito querido, o programa Cultura de Raiz deste domingo, dia 6, no mês da Cultura Popular, comemorada no próximo dia 22, será em sua homenagem, com a participação dos sanfoneiros da cidade e os amigos com quem fazia parceria nas apresentações.

Com uma carreira de sete décadas, que começou aos 20 anos de idade, nos bailes da roça, o músico autodidata Manoel Cândido da Silva, o “Seu Timbira” se apresentava, também, tocando sanfona andando de bicicleta, apresentação que lhe deu notoriedade, virando matéria de jornal, onde contou que aprendeu a tocar andando, de bicicleta, a caminho dos bailes no interior do município, quando ainda era um rapaz, porque morava em um lugar longe do baile e preferia ir fazendo música e alegrando o caminho em vez de levar o instrumento embaixo do braço.

Aos 93 anos, ele ainda fazia a sua arte, sem reclamar, e por gostar tanto do som que fazia a sua sanfona de oito baixos. Seu estilo de música, ele garantia, é a “limpa banco”: aquela que não deixa ninguém sentado e bota todo mundo para dançar. 

“Queria aprender um instrumento que não fosse de corda para tocar a noite inteira. Quando vi um sanfoneiro, decidi que a sanfona seria o instrumento perfeito. O sanfoneiro repete a mesma música, mas toca a noite inteira”, contou em entrevista à Secretaria Estadual de Cultura, que o homenageou como personagem no Mapa de Cultura.

“O nome artístico ‘Seu Timbira’, Manoel Cândido da Silva ganhou quando, na época em que trabalhava como motorista de ônibus, foi participar de um programa na rádio Sociedade Nova Friburgo. Quando o operador de som perguntou que nome o locutor deveria anunciar, ele respondeu: ‘Meu nome é Manoel. Na família, me chamam de Neso e, na viação, de Cândido. Você pode escolher qualquer um desses para falar’. Mesmo com tanta opção, o locutor decidiu inovar, e anunciou um tal de ‘Timbira’ para tocar a sanfona no programa… Essa história é do começo dos anos 1970, mas foi só em 2008 que ele lançou seu CD e seu DVD, gravados em Teresópolis”.

De uma camaradagem contagiante, e um chapéu grande na cabeça onde guardava quase 100 músicas de cor, quase a metade de sua autoria, por mais de 70 anos, Seu Timbira animou festas juninas em todo estado do Rio de Janeiro. “Se não fosse a sanfona, eu não conhecia tanta gente”, lembrava, cheio de animação, também, por ter feito apresentações em televisão, como no programa do Silvio Santos.

Edição 23/11/2024
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