Anderson Duarte
Uma denúncia divulgada pelas redes sociais nos últimos dias e que ganhou grande repercussão pela apresentação de diversos casos semelhantes entre os comentários feitos na postagem original, traz a tona um crime extremamente delicado e que envolve muito sofrimento para familiares e amigos de pessoas já falecidas. O vilipendio de cadáver, previsto no Artigo 212 do Código Penal, envolve ações que caracterizem o destrato, a humilhação, o desprezo ao sentimento de respeito pelos mortos. Segundo a mulher, ao comparecer para procedimento de transferência dos restos mortais de seu pai, falecido há mais de quatro anos, de uma gaveta para um Nicho Perpétuo, foi exposta a uma exumação de um cadáver, que além de não ser o seu parente, teria morrido há bem pouco tempo. Mas as surpresas não foram somente essas, segundo ela, a administração do Carlinda Berlim, além de submetê-la a este tipo de situação, ainda lhe apresentou um conjunto de ossadas com restos de vestimentas que não pertenceriam ao seu pai. A família agora espera confirmar em exame de DNA e identidade dos restos do parente.
O relato da mulher comoveu muitos internautas e levantou a possibilidade de irregularidades de gestão dentro do cemitério. Segundo a autora da denúncia, além de não darem conta do paradeiro da ossada do pai, a administração do campo santo ainda confirmou que foi feita uma exumação desnecessária. “Gostaria de compartilhar com toda a população teresopolitana o descaso que vem ocorrendo com nossa cidade e agora na área da gestão administrativa do Cemitério Municipal. Na data de ontem, dia 13/03/2018 liguei para a administração do Cemitério como venho fazendo desde setembro de 2017. Em outubro de 2017 completaria quatro anos de sepultamento do meu pai e como é regra do Cemitério, o familiar deverá procurar a administração para liberar a gaveta utilizada e sepultar os restos mortais de seu falecido, neste caso meu pai, e sepultar a ossada no nicho perpétuo. Esse foi o procedimento feito por minha pessoa. Ao chegar lá efetuei o pagamento de R$ 120,00 referente a caixa onde ficariam os restos mortais. Estava lá presente em todo tempo. Assim que cheguei algo me chamou a atenção, a numeração estava trocada e possivelmente a gaveta 46 da quadra 34 havia sido removida para pelo menos 5 colunas depois. Alertei os funcionários, os mesmos confirmavam que de fato era o meu pai que estaria ali sepultado. Iniciaram o procedimento, caixão muito pesado, dois coveiros puxaram fazendo muito esforço. O cheiro que exalava era muito forte…virei de costas pois estava em prantos. Quando ouvi os gritos dos coveiros dizendo: “fecha, fecha", me assustei e me aproximei e ainda pude ver um corpo íntegro com face ainda constituída, com braços, dedos, peitoral erguido, enfim, um corpo quase íntegro”, explica o susto a mulher.
Não bastasse o susto de ver um corpo naquele estado de conservação, a mulher ainda passou por uma série de outras humilhações, como descreve na postagem. “Fui informada que o corpo que devido ao estado o corpo permaneceria ali por mais quatro anos, totalizando oito anos. O choque foi muito grande. Sofri tanto quanto ocorreu a morte de meu pai ou até pior, pois não sei de fato mensurar o tamanho da dor. Sai dali desolada! Fui medicada e depois deitei para tentar descansar e me reestabelecer. Aproximadamente três horas após o atendente do Cemitério me liga, me informando que eu precisava me deslocar até lá mais uma vez. Eu pedi que o mesmo me falasse sobre o que se tratava, pois estava sob efeito de calmante e seria perigoso dirigir, foi quando a surpresa maior estava por vir, o funcionário me comunicou que acharam a ossada de meu Pai. E que aquele corpo que foi exumado não era do meu pai. Meu chão caiu! Vi aquele cadáver ser exumado sem a menor necessidade, os ossos mortais do meu pai estavam em um saco plástico com uma etiqueta com nome do meu pai, número da quadra e da gaveta. Pedi para ver esses restos mortais e pertences, terno e gravata que facilmente seriam reconhecidos. Ao olhar o saco rapidamente verifiquei que não se tratava dos restos mortais…era tudo diferente, nada era do meu pai naquela ossada. Nenhum responsável pela administração me respondeu e também não me procurou até o presente momento”, lamenta.
Além de postar o vídeo em que tem o confronto com o funcionário do cemitério que teria sido o responsável pela desastrosa ação, a mulher ainda relatou os passos seguintes ao acontecido e como não conseguiu respaldo na delegacia local. “Saindo do Cemitério fomos até a Delegacia. Estava eu acompanhada do meu advogado e do meu irmão e, narramos o fato ao Inspetor de polícia que levou ao conhecimento do delegado de plantão naquele momento. A resposta do delegado foi para procurarmos a Defensoria Pública, o que é difícil de compreender, pois se tratava de um crime. Foi feita uma exumação sem autorização da justiça, já que aquele cadáver morreu há pouco tempo e não havia tempo hábil para abertura e muito menos eu poderia ser responsável por aquela exumação. Questionei qual foi a data que o meu pai foi retirado da gaveta, informaram dia 15/01/2018. Fui impedida de registrar o boletim e acredito eu que a informação correta deveria ser para que a denúncia fosse encaminhada para o Ministério Público. Há de se lembrar que, ocorreram dois crimes pelo menos…eu tinha direito sim de Registrar e depois do inquérito policial a denúncia seguiria para o MP. Como o caso é bem complexo pode ser que o Inspetor não tenha compreendido de fato o que estava acontecendo e passou de uma forma diferente . Não julgo, nem me cabe este direito. Mas houve falha! Estou compartilhando para que outras famílias não passem o que passei e também para que este post seja compartilhado com o máximo de pessoas possíveis e que as autoridades competentes intervenham naquela administração. Sigo agora sem ter a certeza de que aqueles restos mortais eram do meu pai, até que a justiça determine o teste de DNA”, enaltece a mulher.