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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Problema elétrico deixa grande parte da cidade sem água

Falta de material para substituir sistema danificado ampliou atraso para a retomada do abastecimento em Teresópolis

Marcello Medeiros

Sem o bombeamento da água tratada na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Rio Preto, em Três Córregos, para o restante da cidade, entre as primeiras horas da manhã de quarta e o final da tarde desta quinta-feira, 28, boa parte dos bairros da zona urbana do município ficou sem o serviço da Cedae. De acordo com nota divulgada pela Assessoria de Comunicação da Companhia Estadual de Águas e Esgotos, aconteceu um problema no sistema elétrico da ETA e, inicialmente, a previsão era que o serviço de reparo fosse concluído ainda na quarta. “A Cedae informou agora à Prefeitura que teve um problema elétrico na estação de tratamento, que provocou defeito em vários equipamentos e as peças tiveram que vir do Rio de Janeiro para Teresópolis para o conserto”, divulgou o governo municipal na manhã desta quinta. No início da tarde, também em contato via e-mail, a Cedae informou que o abastecimento começaria a ser normalizado por volta das 16h.
O longo período sem abastecimento, somado ao maior número de pessoas em casa e a necessidade de melhor higienização pessoal, das roupas, máscaras e dos ambientes por conta da pandemia da Covid-19, deixou moradores de muitos bairros com as torneiras secas. Durante todo o dia, O DIÁRIO recebeu demandas de várias comunidades. Vila Muqui, Corta Vento, Panorama, Parque do Imbuí, Fonte Santa, Barra do Imbuí, Pimenteiras, Agriões, Espanhol, Caleme e Cascata do Imbuí são apenas alguns dos exemplos de localidades onde as caixas d´água ficaram vazias. Na terça-feira, bem no final da noite, a Cedae divulgou o seguinte: “Moradores de imóveis que dispõem de sistema de reserva (caixas d'água e/ou cisterna) não devem sofrer desabastecimento. Mesmo assim, a Companhia pede que os clientes usem água de forma equilibrada e, se possível, adiem tarefas não essenciais que exijam grande consumo de água”. 

Muitos bairros
Buscando ampliar o conhecimento sobre o desabastecimento na cidade, publicamos em nossa página na rede social Facebook uma pergunta sobre bairros e localidades afetadas por conta da paralisação da ETA. Internautas de praticamente toda zona urbana se posicionaram. “Bom Retiro sem uma gota! Falaram 16:00. Às vezes é amanhã. Um absurdo!”, comentou Bruna Lima. “Não, sem água desde ontem”, disse Camila Lopes. “Aqui na Granja Primor estou sem água”, frisou Fabiane Granito. “Rua Oscar José Da Silva continua sem água, acabei de verificar”, publicou Silvia Beatriz no início da noite de ontem.

Como funciona o sistema
Há alguns poucos anos, a reportagem do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV visitou as estações da Cedae para registrar como funciona o serviço e qual a capacidade de captação, tratamento e distribuição do bem mais precioso e cada vez mais raro que possuímos – e ainda assim tratamos como nunca fosse acabar. O principal sistema de abastecimento do município – responsável por 95% do atendimento – fica em Providência, no Segundo Distrito, ao lado da foz do Paquequer. Mas não é do nosso principal rio que vem a água que chega às residências e estabelecimentos comerciais. A captação é feita no curso d´água ao lado, o Rio Preto. A estação desvia parte do líquido para um desarenador, que, como diz o nome, retém as partículas de areia. Nesse ponto também há gradeamento para evitar que galhos de árvore e outros materiais sejam levados até a elevatória. Em seguida, um conjunto de moto-bombas empurra a água, em um ritmo de 435 litros por segundo, para a localidade de Três Córregos. “Pegamos a água bruta, ainda suja, e enviamos para a estação de tratamento, que fica a 14 quilômetros daqui. São quatro motores, sendo que três são utilizados 24 horas por dia e o outro fica como reserva”, explicou, na ocasião, Wilson Vianna, então responsável pelo Departamento Técnico Operacional de Teresópolis e outros 12 municípios.
E é nas proximidades do KM 71 da Rio-Bahia que acontece uma das principais etapas do processo, o tratamento da água que será distribuída aos teresopolitanos. Na ETA, o líquido chega a um grande tanque. Em seguida, vai para um sistema chamado floculação, canais onde a velocidade da água é reduzida e ela recebe sulfato de alumínio líquido, que serve para desestabilizar as partículas de sujeira. A próxima etapa são os grandes tanques de decantação, onde fica tempo necessário para a sujeira ir para o fundo. “Depois a água vai para os filtros, passando por processo de desinfecção – cloração, alcalinização e fluoretação. É o tratamento fundamental para garantir uma água de qualidade, sendo nosso serviço referência há bastante tempo”, relatou também Wilson.

Bombeamento e reservatórios
Após o tratamento concluído a água é bombeada por mais seis quilômetros, ficando em reservatório no bairro da Prata com capacidade para seis milhões de litros. Dali, é distribuída para praticamente toda a cidade através de elevatórias em vários pontos. Outro grande reservatório fica na região do Meudon, o do Sistema Jacarandá, com dois milhões de litros d´água. O município conta ainda com mananciais de superfície, como Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Rio Beija-Flor), Penintentes, Parque Ingá e Cascata dos Amores. Porém, eles atendem a apenas 5% do município e, em épocas de estiagem, esses bairros podem ser atendidos pelo Rio Preto. Um dos grandes espelhos d´água mantido pela Cedae foi desativado em 2011, após toda a situação que envolveu a Tragédia, o do Triunfo, no Caleme.

Economia deve ser prioridade
Com o grande volume d´água captado no Sistema Rio Preto e a possibilidade de deslocamento desse líquido para grande parte do município, os teresopolitanos não sabem o que é conviver com a falta do bem necessário à vida mesmo nos períodos de pouca chuva. A interrupção do fornecimento só tem acontecido quando há problemas pontuais na rede, como danos em elevatórias ou encanamentos. Porém, mesmo com a alta capacidade de captação, tratamento e distribuição atualmente, economizar deve ser a palavra chave sempre. A cada ano que passa, se percebe a diminuição do volume dos cursos d´água, inclusive o Preto. Também em anos recentes, O DIÁRIO mostrou que produtores rurais do Segundo Distrito passaram por grande dificuldade para irrigar suas lavouras. Eles mostraram a reportagem do jornal ilhas de areia no Rio Preto nunca vistas antes. O baixo nível é reflexo do volume de chuvas reduzido no Terceiro Distrito, que abastece o Preto. Aliás, as localidades dessa região tem abastecimento diferenciado do restante do município, contando com reservatórios que recebem água de diferentes nascentes.

 

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Edição 24/04/2024
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