Projeto Lacre Solidário bate recorde de doações em Teresópolis

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Projeto Lacre Solidário bate recorde de doações em Teresópolis

Publicado: 18/12/2024

Ação arrecada lacres e tampinhas e “transforma” em cadeiras de roda e inclusão social

Luiz Bandeira

Embora pareça difícil de imaginar, lacres de refrigerantes e tampinhas plásticas de diversas embalagens podem ser transformados em cadeiras de rodas. Esse é o objetivo do projeto “Lacre Solidário Teresópolis”, fundado por Renata Caldas e que, há quatro anos, promove mobilidade e inclusão social para diversas pessoas. Até o momento, o projeto já entregou 47 cadeiras de rodas, e, além de sua importância social, ajudou a retirar 23 toneladas de material reciclável do meio ambiente – produtos que, de outra forma, seriam descartados como lixo.

*Base da PM e posto de saúde da Fazenda Ermitage contribuindo para a ação. Foto: Divulgação*

Renata compartilha como tudo começou: “O projeto surgiu em casa, com alguns amigos. Todos já tinham ouvido falar sobre a troca de lacres por cadeiras de rodas, então começamos com uma pequena brincadeira, um grupo simples com minha família e poucos amigos. No início, era algo leve, mas muito sério. Demoramos um ano e meio para conseguir a primeira cadeira, mas o projeto teve um grande impacto desde o início, com o apoio da comunidade já em 2020”, conta Renata. Batendo seu recorde anterior, este ano o projeto já conseguiu entregar 19 cadeiras, algumas das quais foram possíveis graças a doações – uma parceria importante entre o comércio, empresários e a sociedade com projetos sociais.

Renata destaca que as doações de aparelhos ortopédicos e cadeiras de rodas têm um papel essencial, pois ajudam a atender pessoas com dificuldades de mobilidade que não têm condições de adquirir um produto novo. “Isso é crucial. O projeto se tornou uma referência quando se fala em produtos ortopédicos. Estamos expandindo, não nos limitando apenas às cadeiras de rodas, mas também atendendo com muletas e andadores. Recebemos doações do comércio, empresários e até de pessoas que já não utilizam mais os itens. Quando necessário, contamos com parceiros que reformam as cadeiras para que possam ser novamente doadas, criando uma corrente do bem.”

Amigos e parceiros
O projeto “Lacre Solidário” conta com uma rede ampla de parceiros. “Quando começamos éramos no máximo dez parceiros, mas hoje temos mais de 60. É difícil citar todos, mas agradeço imensamente a todos que acreditam no projeto. Entre os principais parceiros estão o 30º Batalhão, o Horto Municipal, a Secretaria de Esporte e Lazer (Ginásio Pedrão), o Sesc Teresópolis e o Segurança Presente. Assim, temos pontos de arrecadação em quase todos os bairros da cidade”.

Renata enfatiza que qualquer tipo de tampinha plástica pode ser doado: “Não é só a tampinha da lata de refrigerante, mas também tampas de margarina, requeijão e até de garrafas. Aceitamos também qualquer tipo de material ortopédico, novo ou usado, desde que em boas condições. Além disso, para quem deseja contribuir, temos um Pix para doações direcionadas a casos urgentes, o correntedobemoficial19@gmail.com”, pontua.

*Loja Serra Limpa, na Feliciano Sodré, é uma das parceiras do projeto solidário.Foto: Divulgação*

Histórias de vida
Renata compartilha dois exemplos de casos emocionantes: “Tivemos um menino na Granja Guarani que não queria doar as tampinhas que juntava para a cadeira do avô, pois ele queria juntar sozinho o suficiente para a cadeira. Não conseguimos deixar de ajudar, e conseguimos, com a ajuda da sociedade, garantir a cadeira para ele. Também ajudamos a Maria, da Quinta-Lebrão, que precisou de uma cadeira para ir à escola. Em 24 horas arrecadamos o dinheiro necessário para comprar a cadeira, que foi entregue há pouco mais de um mês”.

A demanda por cadeiras tem crescido com o tempo e Renata lembra que as pessoas precisam entender que há uma fila de espera: “Em média, demoramos de 45 dias a dois meses para entregar uma cadeira. À medida que o projeto cresce, a demanda também aumenta. Por isso, precisamos muito da ajuda da população para atender a todos”.

*Mansão dos Velhinhos recebendo uma das cadeiras adquiridas em 2024. Foto: Divulgação*

Questionada sobre a possibilidade de atender todas as pessoas que necessitam, Renata é cautelosa: “Eu adoraria que isso acontecesse, mas é pouco provável. Acidentes acontecem, e sempre haverá pessoas em necessidade. O projeto atende prioritariamente a população de Teresópolis, mas sempre que possível ajudamos pessoas de outros municípios, como Guapimirim e Cabo Frio”.

Renata também fala sobre o poder da solidariedade: “Muitas pessoas ainda dependem de iniciativas como essa para melhorar sua mobilidade. No Natal, a empatia e solidariedade se intensificam, mas devemos olhar para o outro o ano inteiro. Quem puder ajudar neste mês e nos outros também, estará fazendo a diferença. Estamos todos muito interdependentes e precisamos uns dos outros”.