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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Protetoras sem respostas às críticas feitas à gestão municipal

Prefeito não diz o que fez com os R$ 2 milhões nem responde sobre os maus tratos da Prefeitura aos animais

Wanderley Peres

Depois de tanta propaganda e promessas de investimento, de anúncios de projetos, e mesmo de recebimento de verba de emendas para a causa animal, o que se viu do governo municipal foi o aumento dos maus tratos, com animais piorando a sua qualidade de vida por conta de falta de investimentos mínimos no espaço.

“O governo diz que está cuidando dos animais em Teresópolis, mas nem do que é emergência o governo vem cuidando. Se não estivéssemos fazendo esse atendimento, de forma voluntária, muito mais animais estariam morrendo por maus tratos e falta de cuidados”, reclamou as protetoras Bebete, Eunice e Raquel, em visita a O DIÁRIO essa semana. “A Prefeitura tem uma resposta protocolar para tudo, em forma de desculpas, como se não tivesse a obrigação de cuidar dos animais, terceirizando o problema”, disseram, observando que a gestão municipal abandonou a causa animal e os animais, sobrecarregando as ONGS e as protetoras, que se desdobram, socorrendo animais atropelados, doentes e vítimas de maus tratos. “Desde setembro do ano passado que não há vaga para castrações e resgate, tratamento, internação, hospedagem são custeadas pelas ONGS e Protetoras. Não tem veículo para transporte de animais, não há gaiola adequada, não há cambão… Não há socorro de emergência na Prefeitura para os animais atropelados ou doente nas ruas, isso é o fim”, afirmaram.

Acostumado a responder às críticas com desculpas estapafúrdias ou com fake News, a gestão municipal ignorou as falas das protetoras. Agiu como se elas não houvesse reclamado, ou como se não existisse o problema.

A verdade é que o canil, na verdade um depósito de animais abandonados, está com cães restritos a cubículos, sem acesso a sol e sem atividades físicas. Desde a promessa do CTA, em 2022, até o presente, além de não cumprir a promessa de cuidar dos animais, o prefeito só piorou as coisas. Antes até havia atendimento aos cães atropelados e doentes, e castração nas clínicas credenciadas, bem como diligências no tocante aos maus-tratos. Após o incêndio no lixão ao lado do Canil Municipal, quando graça às Protetoras, diversos cães foram para lares temporários, alguns adotados definitivamente, ficou explícita a má vontade do governo com a causa animal. “Atualmente, nem socorro conseguimos para os animais atropelados, o mínimo que a Prefeitura teria que oferecer. As ONGs estão superlotadas de animais, as protetoras sobrecarregadas, e só aumenta o número de animais largados para morrer nas ruas”.

A Prefeitura diz que fez melhorias no Canil, mas não foi feito nada para melhorar a qualidade de vida dos animais ali deixados. A Prefeitura diz que realiza castrações, mas não conseguimos vaga desde setembro do ano passado. Nós é que resgatamos, pagamos cirurgia e tratamento, e hospedagem, enquanto a Prefeitura até vaga no canil nega, dizendo que o espaço está lotado, ignorando a sua obrigação de oferecer vagas. “O Prefeito se fez em cima da causa animal, com pompa e circunstância, para vermos hoje essas condições deprimentes em que se encontram os animais”.

AUTOR DA EMENDA

Autor da Emenda Parlamentar que destinou R$ 1 milhão e meio para a construção do Canil, ou CTA, como ficou bem o prefeito divulgar em diversas matérias, sumindo com o dinheiro sem dar satisfações até à Câmara Municipal, a quem deve explicações por força de lei, o deputado federal Hugo Leal disse a O DIÁRIO que vai esperar a eleição do novo prefeito, quem vai ter garantido R$ 2 milhões para a obra que acabou não sendo feita pelo atual governo, apesar do recurso ter chegado a tempo ao município.

BEBETE

Advogada aposentada, a Protetora Bebete lembrou a O DIÁRIO que mantém dois abrigos, com mais de mil animais recolhidos nas ruas. “Acho que isso serve bem como prova de que não há em Teresópolis uma política pública de proteção aos animais. É a prova da omissão do município, inclusive na questão ambiental, porque os animais são vislumbrados pela Lei de Crimes Ambientais e a falta de uma política pública se reflete na banalização da vida como um todo. Devemos cobrar do poder público, com mais rigor, a responsabilidade legal de implementar de forma prática e efetiva uma política de proteção animal e ambiental, porque os animais são tutelados pelo Estado e o município incorre em crime de crueldade ao promover esse abandono”.

EUNICE FERREIRA

Gestora ambiental e esteticista, a protetora Eunice Ferreira lembrou que não é de hoje as dificuldades pela falta de apoio do poder público no auxílio, para que elas possam ajudar na causa animal. “Há muitos anos estamos passando por dificuldades pela falta de apoio do poder público para ajudarmos na causa animal. Veio uma verba para o canil, porque o atual é insalubre e fica ao lado de um lixão, e com instalações improvisadas e inadequadas. Aonde foi parar o dinheiro que veio há mais de dois anos para a construção do CTA? O que foi feito desse dinheiro se ele era específico para os animais? Queremos uma resposta. Onde o dinheiro foi usado, prefeito? Por que passaram a Copbea para a secretaria de Saúde? Para gastar a verba em outra coisa? Queremos uma explicação, porque isso é uma vergonha para Teresópolis. Não tem veterinários e suprimentos, nem mesmo ração. Onde foi parar o dinheiro da emenda parlamentar, Vinícius?”

RAQUEL MARTINS

Advogada, a protetora Raquel Martins exige do prefeito informação sofre o destino dos R$ 2 milhões que o município recebeu há mais de dois anos para a construção do CTA e para castrações e melhorias no canil existente. “Aonde foi parar a verba? Cadê o cumprimento da promessa, prefeito? Nem mesmo um solário, para os canis, que arejariam os espaços e permitiriam aos animais pegar sol, nem mesmo um solário foi providenciado. Os animais ficam confinados num ambiente minúsculo, de 1 metro e meio quadrado. São maus tratos dentro de um canil municipal… Estamos atuando na ponta, por causa da omissão do poder público. Denúncias graves não estão sendo atendidas pela Prefeitura, que tem de atendê-las, porque é sua obrigação. Não retiram os animais em condições de maus tratos, não autuam os infratores. Os donos de animais maltratados vêm sendo orientados pelo Copbea a doar os animais, como se eles não estivessem promovendo os maus tratos. Um caso desse se trata com Boletim de Ocorrência, diligência da Polícia, e o enquadramento do infrator, além do encaminhamento dos animais maltratados ao Canil, de forma adequada”, diz, lembrando que a população precisa ser informada, pelo poder público, que não se abandona animais e que existe responsabilização para quem maltrata animais.

Como a Prefeitura não faz a sua parte, nem cobra dos infratores o respeito aos animais, mesmo tendo um setor responsável para o serviço público, é mais um atendimento que sobra para as protetoras fazerem, inclusive custeando a internação, enquanto o poder público não faz nada. “Chega de promessas. Estamos exaustas”.

Edição 01/05/2024
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