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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Reparado o erro da placa do Parque George March em Teresópolis

Em vez de retirar a placa de sinalização que instalou ao arrepio da legislação e da verdade, porque se trata de uma fake news, prefeitura instalou placa anunciando a promessa do parque no endereço onde deveria existir o destino anunciado

Wanderley Peres

A placa estava lá há vários dias, sem ser reparada. E, divulgada a sua existência, foi reparada pelos leitores do DIÁRIO e também pelos vereadores, que criticaram o prefeito pela fake news na última sessão da Câmara, nesta terça-feira, 29. Vendo-se em calça apertada, o prefeito mandou reparar o erro. Não retirando a placa, porque não deve ter visto despropósito nisso, mas fazendo uma outra placa, de propaganda, sinalizando, agora, nos portões da extinta fábrica Sudamtex, que pretende construir alo o prometido Parque George March.

Apesar das solicitações de esclarecimentos, a Prefeitura não se respondeu a O DIÁRIO. Orientada a não se pronunciar à imprensa, a secretaria informou, no entanto, que houve um erro de timing e que as placas foram colocadas sem as retificações recomendadas pelos técnicos. “Na verdade, as placas estão sendo instaladas pelo governo do Estado, em atendimento a pedido feito pelo prefeito há cerca de dois anos, quando se previa no futuro a existência do Parque, já devidamente denominado George March conforme informado à Câmara”, ouviu a redação.

A fake-news da placa – e são duas mentiras, uma no Alto e outra na Barra do Imbuí – é uma pegadinha. Principalmente para os turistas, quem mais se orienta pelas placas nas cidades que não conhecem bem, e não conhecem, também, do quanto são capazes os prefeitos brincantes. Mas é também uma impropriedade administrativa, porque além de mentir sobre um destino que não existe, o chefe do Executivo usurpa autoridade do poder Legislativo Municipal, quem tem a autoridade para denominar logradouros públicos, existentes ou ainda por exitir. E a grita foi grande na Câmara. Em explicações pessoais, sem citar o jornal, o vereador Raimundo Amorim pontuou a notícia alertando os pares para as placas instaladas na cidade, anunciando coisas inexistentes.

“Antes de mais nada, eu quero saber, quem deu esse nome? O prefeito não tem autoridade, nem legitimidade para criar bairro com nome, e nem parque, não tem autoridade nem legitimidade para dar nomes a logradouros públicos. Tem que mandar o projeto de lei para esta Casa, e ele pode ser aprovado ou não. E não aprovamos nada disso, então não existe”, disse, afirmando que a placa do Parque George March é uma mentira, uma fake-news. “Esses atropelos do prefeito acabam expondo a vexame os seus auxiliares, deixando a secretaria de Turismo em má condição. O prefeito não tem o poder de dar nome a logradouros públicos. Se o nome não passar pela aprovação desta Casa ele não existe”, disse, alertando para o desmedido e suspeito interesse do prefeito no empreendimento que é particular. “Estão forçando a barra de tudo que é jeito. Tentaram enganar a população enfiando o aumento de gabarito dos prédios naquele terreno da fábrica sob o pretexto de instalar ali um parque. Fizeram um acordo de milhões com o proprietário sem ouvir a Câmara. Algum vereador tomou conhecimento oficial do que foi combinado do prefeito e o dono daquele terreno com a Justiça”, questionou ainda o vereador. “A gente sabe que o dono da extinta fábrica devia milhões à prefeitura. E não quis pagar. Aí conseguiu um acordo onde dá faixa de rio para a Prefeitura tomar conta e aluga para a Prefeitura, por 20 anos, terrenos que terão de ser devolvidos depois que receber as melhorias e edificações. Isso é uma temeridade, não podemos permitir esse absurdo”, concluiu, prometendo que está elaborando projeto de lei para o tombamento da região, incluindo o terreno onde querem fazer os prédios. “Vamos tombar essa região, aí nada pode ser edificado. Porque essa fábrica já deu muito emprego e faz parte da história de Teresópolis. A Sudamtex tem história e deve ser tombada as suas características. Nada de edifícios, de exploração, e que a empresa pague a dívida que tem com o município”, terminou o vereador.

Da base de apoio ao governo na Câmara, o vereador Amós Laurindo disse que a iniciativa deve ser vista como uma ignorância muito grande, representando falta de coerência, de harmonia, de respeito ao poder Legislativo, sugerindo que o problema seria evitado de forma simples, bastando o prefeito buscar o bom relacionamento com a Câmara. Não pode atropelar os vereadores, é preciso conversar e ter a relação devida. Sem isso surgem essas tempestades desnecessárias, por falta de diálogo. O que separa a Prefeitura da Câmara é um pátio apenas. Por que não explicar os projetos para obter a aprovação, por que não deixar essa Casa realizar a sua missão. Se o projeto acontecer, se esse sonho do prefeito se realizar, aí, só depois de pronto o Parque é que ele pode ser divulgado. E o nome de qualquer logradouro público é responsabilidade da Câmara escolher, em votação. Não pode ser feito desse jeito, até porque desinforma as pessoas. Uma placa anunciando parque que não existe é o cúmulo da falta de respeito com a Câmara, com a população, com os visitantes, que estão sendo enganados e induzidos a erro de informação”, disse, opinando ainda o vereador Maurício Lopes, que justificou o erro na soberba da administração municipal. “Antes, inauguravam a Pedra Fundamental do que prometiam. Agora, além de não entregar as obras inauguradas com pedra fundamental anunciam o que não existe. Teresópolis é uma cidade turística e a informação aos visitantes é fundamental. Mas, se as placas servem para informar, como o prefeito divulga um parque que só existe em sua cabeça de negociante, de quem não atende ninguém e não conhece as carências da cidade. Só tem uma coisa a se fazer: retirar a placa e aguardar a sua colocação para quando o parque for construído, e quando o nome for aprovado pela Câmara”, arrematou Maurício Lopes.

Edição 22/11/2024
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