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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Rota de fuga de pedágio desaparece em meio à floresta

Antiga passagem vizinha à BR-116 tem trechos de grande risco para os motoristas

Marcello Medeiros

Com o fim da concessão da Concessionária Rio-Teresópolis (CRT) em 2021, a expectativa da entrada de uma nova empresa para administrar o trecho da rodovia BR-116 entre o Rio de Janeiro e Além Paraíba levantou discussões em relação a possível alteração do valor das tarifas e localização de praças de pedágio – entre elas a reativação da localizada no quilômetro 71, em Três Córregos, cuja cobrança está suspensa desde 2009. Na última quinta-feira (28), foi realizada no teatro municipal uma audiência pública para debater tal situação, participando representantes do grupo “Pedágio Não!”, muito atuante no início dos 2000 e um dos responsáveis pelo fim da cobrança no acesso do Segundo Distrito de Teresópolis, população, Câmara e Prefeitura. Aproveitando a discussão sobre o tema, nesta sexta-feira a reportagem do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV foi verificar como está hoje um caminho muito utilizado no período que era necessário desembolsar dinheiro atravessar a localidade de Três Córregos, a Via Alternativa. A antiga rota de fuga do pedágio funcionou por vários anos, ligando a localidade onde fica a praça de cobrança da CRT e a Estrada do Holliday, em trecho vizinho a localidade conhecida como Poço dos Peixes. Seria ela novamente opção caso sejam reativadas as cancelas do quilômetro 71?
Por muitos anos, moradores desse trecho de Três Córregos se viram em meio à discussões sobre a passagem de veículos de grande porte, situação precária do calçamento e até riscos de assalto. Com a tarifa do pedágio cada vez mais alta, era maior a procura pela rota que segue quase que paralelamente à rodovia federal, na margem oposta do Paquequer. Foram debates para a instalação de quebra-molas, de sistemas que impedissem a passagem de caminhões e reforço na segurança para evitar assaltos no ermo lugar. Nos últimos anos antes da suspensão da cobrança, a estreita rua chegou a ficar arrumada, com largura para passagem de carros nos dois sentidos. Hoje, porém, é arriscado passar somente um por vez em vários pontos.
O único trecho cuja manutenção se mantém, mesmo que de forma precária, é o que liga a praça de pedágio ao ponto final do ônibus que faz a linha Três Córregos x Corta Vento, isso porque, nesse ponto, existem dezenas de residências e estabelecimentos comerciais. Do local onde ficam parados os coletivos até Poço dos Peixes, a situação é assustadora. Logo a partir dali, a pista já fica estreita por conta do crescimento da vegetação. Na curva seguinte, para a esquerda, o primeiro grande risco para quem se aventurar em seguir de carro pela antiga rota de fuga.
Mais da metade da passagem cedeu em direção ao Rio Paquequer e não há qualquer tipo de sinalização nesse sentido, podendo um motorista desavisado terminar dentro do curso d´água ou ficar com o seu veículo preso entre o barranco e a tubulação da Companhia Estadual de Águas e Esgotos, sistema que leva água da captação, em Providência, para a Estação de Tratamento, no Holliday. O desbarrancamento aconteceu na madrugada de 12 de janeiro de 2011, após o nosso principal rio tomar proporções nunca imaginadas no que ficou conhecido como a maior catástrofe natural do país.
Devagar e com muita atenção, sempre margeando o lado oposto do perigo, seguimos viagem com o carro da reportagem do jornal e TV. Logo adiante, mais um trecho onde a pista cedeu parcialmente e o risco de um acidente, que pode ter até vítimas fatais, é grande. Também nesse ponto, arbustos e árvores ocuparam mais da metade da passagem. Se não fosse o resquício do asfalto e os quebra-molas, seria difícil imaginar o volume de veículos que já passou por ali.

“Já precisaram, podem precisar de novo”
Entre os pontos mais críticos da antiga Via Alternativa, encontramos a residência de uma família. A casa não fica muito longe do rio, diferente da distância que eles têm para ter acesso a serviços essenciais, como iluminação pública e água tratada. Conversamos com a aposentada Dulcicléia do Santos, que falou sobre a dificuldade de morar ali e a preocupação de ficarem isolados em uma nova tempestade. “Eles já precisaram dessa rua, e quando precisaram arrumaram tudo. Agora se esqueceram da gente. Temos medo daquele trecho pior terminar de desabar e ficarmos isolados aqui, sem conseguir sair com o nosso carro. Precisam fazer o muro de contenção o mais rápido possível”, relata, lembrando a necessidade do veículo por conta da distância e as poucas opções de transporte coletivo naquela região.
A preocupação em ficarem ilhados nesse ponto da rua é justificado: Além dos pontos onde a via desabou em direção ao Paquequer, existe um trecho onde ela foi totalmente arrastada  para dentro do curso d´água na tragédia de oito anos atrás. Já em Poço dos Peixes, um pequeno córrego virou um rio e levou cerca de 30 metros da antiga estrada. Atualmente, existe apenas uma pinguela feita com bambus, no meio de dois grandes barrancos – passagem arriscada até para pedestres. Ou seja, diante da crise financeira e política que vive o governo estadual, sem esquecer a falta de ações efetivas e representatividade do governo municipal, esse ponto será sempre o grande entrave para uma possível reativação da Via Alternativa. Afinal, quem irá bancar por uma ponte que nunca custará, diante dos orçamentos feitos pelos poderes públicos, menos de meio milhão de reais?

Marcello Medeiros


A cobrança na praça de pedágio de Três Córregos está suspensa há quase uma década e, com o fim da concessão da CRT, foi criado um movimento para discutir possível reativação das cancelas

 

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Edição 04/12/2024
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