Marcello Medeiros
“Doe Sangue, Doe Vida”. A mensagem por muitos anos estampou uma grande placa na entrada do Hemonúcleo Municipal, na Várzea, reforçando a importância desse ato, lembrando que cada doação pode representar quatro vidas salvas. Mas, hoje, parece que os responsáveis pela manutenção desse setor no município não compreendem a responsabilidade de receber doadores e encaminhar o material coletado para os que precisam. O setor da secretaria municipal de Saúde está há mais de três anos fechado e, até segunda-feira, o serviço era realizado em parceria com o Hospital São José, em Teresópolis. Porém, o atendimento foi encerrado. De acordo com a assessoria de comunicação da unidade hospitalar, o HSJ não tem mais parceria com o Hemonúcleo municipal. Então, cobramos um posicionamento da “gestão” sobre como fica tão importante procedimento. Em nota, foi confirmado encerramento das atividades na Rua Judith Maurício de Paula, “mas que o serviço continua prestado”. Inicialmente, seria uma boa notícia, não fosse a continuação do textol: “Temporariamente, para realizar doações o doador deve se dirigir ao banco de sangue do HSJ, onde poderá ter maiores informações sobre o novo ponto de coleta e a Secretaria de Saúde será responsável pelo translado dos doadores”. Ou seja, quem quiser ou realmente precisar doar sangue – ou buscar pessoas que possam ajudar seus familiares – deve procurar a unidade para saber sobre outro local onde realizar o procedimento e, depois, ser levado por um carro município para esse novo ponto, que não é informado pelo governo Vinicius Claussen. Pode ser no Rio de Janeiro ou em Volta Redonda, por exemplo.
Além de buscar o esclarecimento sobre como realizar a doação de sangue durante todo o dia, quando informados sobre tal “novo ponto” e o absurdo “translado”, pedimos ao secretário de Governo, Vinicius Oberg, essa importantíssima informação. Porém, não obtivemos nenhuma resposta até o fechamento desta edição. Sobre quando será reaberto o Hemonúcleo Municipal, que fica no anexo do CES Várzea, a nota oficial da “gestão” diz que o espaço “já possui o alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária Estadual e aguarda o processo de finalização de licitação para aquisição de insumos para a sua inauguração, prevista para o mês de abril”.
A reforma da unidade para doação de sangue foi realizada com recursos de emenda parlamentar do Ministério da Saúde no valor de R$ 223.138,99, liberados e fiscalizados pela Caixa Econômica Federal. Inicialmente a previsão é que a obra seria concluída em meados de 2021, depois passaram para dezembro do mesmo ano. Três anos e dois meses depois, o espaço segue fechado e com nova promessa de reabertura.
Hemonúcleo “regional”
Inaugurado em 2001 e com uma média de 200 doações mensais, o Hemonúcleo de Teresópolis atendia o município e as cidades vizinhas de Guapimirim, e São José do Vale do Rio Preto, auxiliando eventualmente hospitais de Nova Friburgo, Magé e até do Rio de Janeiro.
A importância de doar
O sangue é muito importante para os atendimentos de urgência, a realização de cirurgias de grande porte, o tratamento em pessoas com doença falciforme e talassemias, por exemplo, doenças oncológicas variadas que frequentemente necessitam de transfusão.
Quem pode doar
Para doar sangue, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 51 quilos e estar saudável. Para quem passou por cirurgia, exame endoscópico ou adoeceu recentemente, a recomendação é consultar o site do Hemocentro para saber se está apto a doar sangue. Quem teve gripe deve aguardar 15 dias após o desaparecimento dos sintomas para poder doar sangue. Já quem teve covid-19 deve aguardar dez dias após o fim dos sintomas, desde que sem sequelas. Se assintomático, o prazo é contado da data de coleta do exame. Pacientes diagnosticados com dengue clássica devem aguardar 30 dias para se candidatar à doação de sangue. Para dengue hemorrágica, o prazo é seis meses.