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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Servidores municipais vivem a maior crise da sua história

Houve um tempo em que ser funcionário público municipal era sinônimo de status, era motivo de orgulho fazer parte de uma categoria com salários em dia, vários benefícios, como plano de saúde e vale alimentação, além de imóveis na Região do Lagos para serem desfrutados nos períodos de férias ou fins de semana, fora a conhecida estabilidade trabalhista. Nos dias de hoje, porém, ser funcionário da Prefeitura significa ter que contar com a ajuda de terceiros para sobreviver e a desconfiança de muitos na hora de fazer uma compra. Afinal, quem quer vender ou emprestar dinheiro sem saber se vai conseguir receber?

Marcello Medeiros

Houve um tempo em que ser funcionário público municipal era sinônimo de status, era motivo de orgulho fazer parte de uma categoria com salários em dia, vários benefícios, como plano de saúde e vale alimentação, além de imóveis na Região do Lagos para serem desfrutados nos períodos de férias ou fins de semana, fora a conhecida estabilidade trabalhista. Nos dias de hoje, porém, ser funcionário da Prefeitura significa ter que contar com a ajuda de terceiros para sobreviver e a desconfiança de muitos na hora de fazer uma compra. Afinal, quem quer vender ou emprestar dinheiro sem saber se vai conseguir receber? Atualmente, até aqueles que já cumpriram ou estão bem perto de completar sua missão como servidor público de Teresópolis têm muitos motivos para não conseguir dormir direito. O cada vez maior rombo na TerePrev é outro problema que não parece solucionável. E falando em solução, aquele que se dizia “o salvador da pátria” e diferente dos que haviam passado pelo Palácio Teresa Cristina em tempos recentes, o prefeito Mário de Oliveira Tricano, conseguiu se tornar pior do que seu antecessor, o cassado e crucificado Arlei Rosa. Só para se ter uma ideia do fácil comparativo feito por aqueles que dependem do poder público municipal para pagar suas contas e alimentar suas famílias, no governo do ex-vereador os atrasos de salários começaram a acontecer no final do segundo semestre. No caso do proprietário do Hotel Jecava, e dezenas de outras grandes propriedades no município, a folha salarial está comprometida desde o início do ano. Atualmente, já são dois salários em aberto – com exceção do pessoal da Educação, que recebe através do FUNDEB. E se nos primeiros meses de 2017 já foi uma grande agonia, com a arrecadação do IPTU e outros recursos, o que esperar do restante do ano?
Cansados de esperar e ouvir promessas do político e empresário Tricano, os servidores farão manifestação em frente à prefeitura na terça-feira, a partir das 9h. O movimento foi decidido em assembleia onde eles rejeitaram a proposta do prefeito de reduzir o salário do funcionalismo em 10%, mas sem se comprometer a pagar em dia. Além disso, outro motivo de revolta é que o gestor municipal sequer fala em cortar gastos com o excesso de secretarias e cargos comissionados do seu governo. “No dia 21 de julho tivemos a reunião com o prefeito em que recebemos a proposta dele que não era nada favorável ao servidor. Passamos para a categoria a proposta de fazer a retirada de 10% para fazer uma poupança, com uma devolução em um dia não marcado, tirando do valor bruto, o que foi uma surpresa. Além de não dizer quando vai devolver, amarrou isso à entrada de verba nova na prefeitura. Isso preocupou muito e o servidor não aceitou esta proposta, pois quer o salário em dia. Já são dois meses e uns dias e estamos já chegando ao meio de agosto e nenhum centavo pago, até agora nada, então fica difícil”, explicou Kátia Borges, diretora do SindPMT. 
A sindicalista lembra ainda que a manifestação mais uma vez será pacífica, buscando apenas mostrar que o descontentamento do servidor é cada vez maior e que a categoria quer uma solução “para ontem”. Por conta do escândalo das bananas a preço exorbitante que foram compradas sem licitação pela prefeitura recentemente, alguns dos manifestantes planejam até levar algumas frutas para o protesto.

Perseguição é outro problema
Além de não pagar os salários em dia, Tricano é acusado de manter uma prática comum desde seus mandatos anteriores, e que havia sido amenizada antes do período eleitoral passado, a perseguição aos servidores que não fazem parte do seu grupo político ou não concordam com suas ideias. A situação tem sido motivo de várias ações na Justiça. Em uma delas, um motorista da Saúde enviado para “fazer nada” no Horto Municipal obteve liminar que o tirava de local insalubre e o mantinha prestando o serviço para o qual fez concurso em outro setor, o Conselho Tutelar. Porém, o prefeito conseguiu derrubar a ordem judicial mostrando inverdades, segundo o servidor. 
“Ele induziu o magistrado ao erro, mandando fotos bonitas do horto e dizendo que eu e outros colocados de castigo nesse setor ficávamos em local com biblioteca, sala de estar, banheiro, chuveiro quente… E isso é mais uma mentira desse prefeito. O que acontece é que a gente fica na serralheria, não tem acesso a esse lugar bonito que ele mostrou, que fica trancado. A gente assina ponto e vai para lugar sem refeitório, com banheiro insalubre, caindo, onde tem um compactador antigo com água e larva de mosquito dentro, mato entrando dentro do local que diz que é refeitório, temos que ficar o dia todo num corredor, em cima serralheria que nem deveria estar funcionando, pois esse local foi doado para o Horto. O Ministério Público, a Justiça, alguém tinha que ver isso, que verificar esse desperdício de dinheiro público”, pontua Carlos André dos Santos.

Famílias com fome e comércio prejudicado
Para quem finge desconhecer a gravidade do problema gerado pela falta de compromisso do governo Tricano com o servidor público, basta acompanhar a vida dessa categoria através das redes sociais. É comum ver posts de funcionários públicos pedindo ajuda, indicando problemas de saúde diversos e até publicando imagens de suas geladeiras e despensas totalmente vazias. 
Além do caos gerado diretamente na vida de milhares de funcionários públicos municipais, é preciso pensar mais além: Toda Teresópolis estará perdendo enquanto Tricano e seus secretários mantiverem a política atual, de privilegiar apenas seus bolsos e interesses dos “amigos”. Diferente dos grandes fornecedores – oriundos de outros municípios – que estão com o pagamento em dia, o servidor municipal não está comprando no comércio, não almoça mais nos restaurantes e cancela “luxos” como televisão por assinatura e internet. É um ciclo de prejuízo que só não afeta aqueles proprietários de grandes haras ou hotéis, por exemplo, cuja renda vem de fora do município ou de maneira diferente daqueles que precisam aguardar ansiosamente pelo dia 05 para “ver se pingou algo na conta”. Outro fato que a memória do teresopolitano parece ter apagado é que foi justamente o mesmo gestor municipal, na década de noventa, responsável pela maior greve do funcionalismo: Os servidores ficaram 11 meses de braços cruzados.

FOTO Arquivo O DIÁRIO: Além de não pagar os salários em dia, Tricano é acusado de manter uma prática comum desde seus mandatos anteriores, e que havia sido amenizada antes do período eleitoral passado, a perseguição aos servidores que não fazem parte do seu grupo político ou não concordam com suas ideias. Motorista Carlos André é um dos que foi colocado “de castigo” no Horto

 

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Edição 28/03/2024
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