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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Setembro Amarelo alerta para a prevenção ao suicídio

Assunto complexo, o suicídio, que espelha fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais e também culturais, tem sido desvendado, nos últimos quatro anos, pela campanha Setembro Amarelo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram, no Brasil, 12 mil suicídios por ano. No mundo, são mais de 800 mil ocorrências, isto é, uma morte por suicídio a cada 40 segundos, conforme o primeiro relatório mundial sobre o tema, divulgado pela OMS, em 2014.

Marcello Medeiros

Assunto complexo, o suicídio, que espelha fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais e também culturais, tem sido desvendado, nos últimos quatro anos, pela campanha Setembro Amarelo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram, no Brasil, 12 mil suicídios por ano. No mundo, são mais de 800 mil ocorrências, isto é, uma morte por suicídio a cada 40 segundos, conforme o primeiro relatório mundial sobre o tema, divulgado pela OMS, em 2014. Em Teresópolis, apesar de não existirem números oficiais, mesmo empiricamente é fácil perceber que por aqui também é motivo de preocupação, com casos recentes envolvendo pessoas de várias idades que tiraram suas próprias vidas. A Psicóloga Sílvia Rocha lembra que, nos últimos anos, os teresopolitanos têm passado por momentos difíceis, por ásperas situações que na maioria das vezes modificaram as suas histórias para muito pior, como a Tragédia de Janeiro de 2011, a catástrofe política que se arrasta até então e a crise financeira que por conta dos dois primeiros eventos parece ser muito maior do que em outros municípios brasileiros.
“Temos aqui alguns motivos que podem levar a depressão e consequentemente ao suicídio. Por isso é mais que aconselhável que as pessoas se unam em grupos, que se ajudem, porque vivemos também catástrofe política, não somente a natural. É importante formarem grupos de apoio em comunidades, em associações, para poderem falar sobre, par formarem grupos de diálogo, procurar ajudar de alguma forma. As pessoas que vivem algum tipo de crise não devem ficar sozinhas. A pior coisa é solidão emocional. Quando ela divide com alguém isso ajuda muito. Repito, aqui tivemos muitos motivos para a depressão e precisamos ajudar a cuidar dessas pessoas do jeito que pudermos. Além disso, importante frisar que procurar ajuda é sinal de força, não de fraqueza”, pontua.
Em geral, a vontade de acabar com a própria vida é provocada pela falta absoluta de perspectiva e uma enorme sensação de desamparo e angústia. O que não se destaca é que, na maioria dos casos, o radical desejo é gerado por um quadro de transtorno mental tratável, como depressão, transtorno bipolar afetivo, esquizofrenia, quadros psicóticos graves e transtornos de personalidade, como o borderline. Independente do que tenha gerado tal situação, a família é peça fundamental no trabalho de recuperação.
“É muito importante observar se algum membro da família tem alteração de comportamento, se está ficando muito agitado, tem inquietação ou ao contrário, se está ficando mais apático, isolado socialmente, deixando de ter vida social, alteração de humor ou na hora de dormir se tem dificuldade, tem insônia ou está dormindo demais, se tem falta ou come demais e até alterações cognitivas, como dificuldade de raciocínio, lentidão, problema de memória… Isso tudo pode indicar uma depressão, por exemplo, então observação da própria família é importante porque as vezes nem a pessoa consegue observar que ela está deprimindo” destaca Sílvia.
Ainda segundo a Psicóloga, familiares – e amigos ou colegas de trabalho, por exemplo – devem compreender que a depressão e o suicídio não são uma estratégia infantil da pessoa para chamar a atenção, nem frescura. ”Depressão não é brincadeira, é doença e que muitas vezes precisa ser tratada com remédio. Ao longo da vida, todos nós temos momentos depressivos. Existem três tipos de depressão, aliás. Uma é a reativa, quando se perde pessoa querida que morreu, perda emprego, alguma perda importante, aí se fica deprimido, triste, é quando a energia deprime. Existe a que acontece nos ciclos da vida, na metade da vida, por exemplo, as pessoas começam a se questionar o que fizeram, o que querem fazer… Quando acaba faculdade vai procurar emprego e não consegue de cara.. Tem essas depressões normais, circunstanciais, e a patológica que é onde é preciso até tomar remédio e fazer acompanhamento terapêutico e psicológico. O remédio vai estabilizar e a pessoa vai poder para ter o acompanhamento psicológico”, explica.

Doença não escolhe idade ou classe social
Nenhuma família está livre de ter na sua história um caso de suicídio. A depressão ou outros transtornos podem afetar pessoas de todas as idades e classes sociais. “Pode atingir qualquer um. É só lembrar que basta estar vivo para ficar doente, como gripe, pneumonia… E por que não pode ter uma doença emocional? O que acontece na nossa cultura é que somos muitos racionais, o pensamento e o lado emocional sempre foram tidos como frescura, algo que é desqualificado. Mas temos e precisamos de emoções para poder sobreviver. As emoções, até as tidas como negativas, são positivas no sentido de ajudar a voltar o equilíbrio do nosso corpo, do nosso sistema. Então sentir qualquer emoção é muito importante para nosso equilíbrio psicológico. Quando não se permite expressar emoção é que vai reprimindo e pode somatizar ou até mesmo fazer uma depressão, porque a depressão é a repressão da tristeza, da raiva, e também sentimentos de culpa, onde a pessoa fica colocando a raiva contra ela mesma, vai deprimindo a energia dela”, atenta Sílvia, lembrando ainda que “mensagens positivistas” não são a solução. Cada um vive o momento da sua maneira e o que se deve fazer é colocar o sentimento para fora. “Não adianta vir com a história de ‘vamos ser positivos’, de ‘nada está acontecendo’, ‘vamos pensar coisa boa’. Assim, a pessoa deprimida vai ficar cada vez mais reprimida com o que está sentindo. Ela está cheia de pensamentos negativo e sendo desautorizada a liberar esses pensamentos, que continuarão dentro dela e fazendo mal”.

As campanhas do Setembro Amarelo
Neste ano, como de costume, as atividades de prevenção e sensibilização incluem caminhadas, veiculação de materiais da campanha por figuras públicas que abraçam a causa e a decoração e iluminação de prédios públicos, praças e monumentos com luzes e itens amarelos em todo o país mAs ações foram iniciadas pela Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (Iasp) e trazidas ao Brasil pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), referência no atendimento – inclusive remoto – a pessoas em crise, e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O Setembro Amarelo caminha junto com a campanha Janeiro Branco, que, em um mês em que as pessoas estão mais propensas a renovações, busca vivificar reflexões sobre saúde mental e valorização da vida.

 

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Edição 23/11/2024
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