No final da manhã desta terça-feira, 26, a Secretaria Municipal de Saúde divulgou que Teresópolis notificou o primeiro caso de Monkeypox, popularmente chamada de varíola dos macacos. Morador do município, o paciente de 25 anos não tem relato de viagens para fora da cidade e apresenta boa evolução da doença. Ele é acompanhado por equipes da Divisão de Vigilância Epidemiológica de Teresópolis e de ambulatório especializado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “A Prefeitura de Teresópolis reitera que o paciente e os contactantes estão recebendo acompanhamento e são monitorados pela equipe da Secretaria Municipal de Saúde”, informa ainda o documento encaminhado para a imprensa. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde, são 107 casos confirmados no Estado do Rio até o momento, sendo o de Teresópolis o único da Região Serrana. A maioria das notificações ocorreu na capital, 83.
A varíola dos macacos é uma doença zoonótica viral causada pelo vírus Monkeypox (MPXV), em que a transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato animal ou humano infectado ou material contendo o vírus. Os casos foram inicialmente identificados na África e posteriormente em países da Europa. No Brasil já forma confirmados mais de 600 casos e o epicentro deste surto é o Estado de São Paulo. Vale ressaltar que apesar do nome, os macacos também são vítimas como os humanos e não devem sofrer quaisquer tipos de maus tratos.
A transmissão entre humanos ocorre principalmente por contato próximo com lesões de pele das pessoas infectadas, como exemplo: abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou através das secreções respiratórias A transmissão também pode ocorrer pelo contato com objetos contaminados (roupas, roupas de cama, roupas de banho). O período de incubação é tipicamente de 6 a 13 dias e pode variar de 5 a 21 dias. Tem ocorrido com maior frequência em pessoas do sexo masculino e com idade variando de 25 a 35 anos.
Sintomas, tratamento e orientações gerais
A pessoa infectada comumente inicia os sintomas com febre, dor no corpo, cansaço, dor de cabeça, fraqueza, dor nas costas, e presença de ínguas (linfadenopatia). Após 1 a 3 dias do início dos sintomas, o indivíduo apresenta as lesões na pele, no começo como uma pápula (parecida com uma pequena espinha), evoluindo como uma vesícula (bolha contento líquido claro), após como uma pústula (bolha contento pus) e depois uma ferida com crosta.
A doença pode ser confundida com outras, como: catapora (Varicela), Herpes, Sífilis. Nos casos descritos no Brasil, as lesões acometem a região genital/anal, tronco e membros superiores, com concentração nas mãos.
De forma geral, a doença tem um prognóstico bom e a grande maioria dos casos é tratada no domicílio, sob supervisão da equipe de saúde em nível ambulatorial. Não existe tratamento específico para a doença. Em caso de suspeita, procure o serviço de saúde mais próximo de sua residência.
Surto pode ser interrompido, diz OMS
O surto de varíola dos macacos, que está se espalhando rapidamente, pode ser interrompido, disse uma autoridade da Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta terça-feira, 26. “Neste momento, ainda acreditamos que este surto de varíola dos macacos pode ser interrompido com estratégias certas nos grupos certos, mas o tempo está passando e todos precisamos nos unir para que isso aconteça”, disse Rosamund Lewis, líder técnica sobre varíola dos macacos da OMS, a repórteres. O surto representa uma emergência sanitária global, o maior nível de alerta da OMS, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no último sábado, 23. A classificação da OMS – uma emergência sanitária pública de preocupação internacional – tem o objetivo de gerar resposta internacional coordenada e pode liberar fundos para colaborar com o compartilhamento de vacinas e tratamentos.
Ministro diz que Brasil se preparou
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse na segunda-feira, 25, que o Brasil “fez o dever de casa” diante do surto de varíola dos macacos desde o início da epidemia. Durante a abertura de um workshop sobre vigilância em saúde promovido pelo ministério, Queiroga disse que o Brasil se preparou para lidar com o vírus, providenciando laboratórios para diagnóstico, identificação dos casos e isolamento dos pacientes. “Nós aqui no Brasil já vínhamos fazendo nosso dever de casa desde o primeiro rumor, desde o primeiro caso suspeito. Preparamos nossa estrutura para fazer o diagnóstico. Temos quatro laboratórios hoje no Brasil com capacidade para isso”, disse Queiroga.
Os laboratórios prontos para o diagnóstico da doença, segundo o ministro, estão no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo; na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais; na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro; e no laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Desde o início começamos a fazer o diagnóstico e o acesso ao diagnóstico está disponível. Fizemos alertas para as secretarias estaduais de saúde e para as secretarias municipais. Os casos são identificados, são isolados”, acrescentou o ministro.
CUIDADOS DOMICILIARES
Todo paciente confirmado com a doença deverá permanecer em ISOLAMENTO ATÉ QUE AS LESÕES CUTÂNEAS ESTEJAM COMPLETAMENTE CICATRIZADAS, o que em geral ocorre após 03 a 04 semanas. Além disso, siga as seguintes regras:
- Não saia de casa, exceto para situações de emergência.
- Evite contato com outras pessoas.
- Use sempre máscara, lembrando de trocá-la a cada duas horas.
- Evite contato íntimo com outras pessoas (relação sexual, abraços, beijos).
- Não compartilhe itens potencialmente contaminados: roupas de cama, roupas, toalhas, panos de prato, copos, talheres.
- Limpe e desinfete rotineiramente superfícies e itens comumente tocados.
- Não use lentes de contato para evitar infecções oculares.
- Não depile áreas do corpo que tenham erupções cutâneas.
- Se possível, use um banheiro separado das demais pessoas da casa. Se não for possível, o paciente deverá limpar (água e sabão) e desinfetar (água sanitária) todas as superfícies tocadas.
- Evite a contaminação de estofados e colchões cobrindo com material impermeável, como sacos plásticos ou lonas.
- Pratos, copos e talheres não devem ser compartilhados. A louça suja deve ser lavada com água morna e sabão.
- Roupas de cama, roupas e tolhas devem ser lavadas separadamente, com água morna e sabão.
- Evite contato próximo com animais, incluindo os de casa. Em geral, qualquer mamífero pode ser infectado.
*Matéria atualizada às 22h55