Luiz Bandeira
Diante de mais um corpo de criança recém-nascido encontrado descartado no Lixão do Fischer, somando a isso os outros dois casos semelhantes acontecidos em Teresópolis em um período menor que um ano, além de situações que vêm acontecendo de abandono de incapaz, como no caso da criança encontrada abandonada no Jardim Meudon na semana passada, estivemos na Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, que tem como titular a Juíza Vania Mara Nascimento Gonçalves, para buscar a melhor orientação para aquela gestante que não se sente confortável para levar a diante a criação de bebê, em muitos casos fruto de uma gravidez indesejada. Quem recebeu a equipe do jornal O Diário e Diário TV foi parte da equipe técnica da instituição, com o objetivo de explicar como é feita a entrega voluntária para adoção, um processo legal em que a mãe abre mão da maternidade em detrimento de uma família adotante, sempre em prol do bem estar da criança atendida.
A Assistente Social Cátia Regina da Silva destaca a importância de se esclarecer o procedimento legal para entrega de uma criança para adoção. “A gente entende que isso deve estar acontecendo mais por desinformação e a gente espera isso, de que não é por maldade. A entrega em adoção é voluntária, a mãe ela é amparada por lei e fico muito feliz da Diário TV estar aqui, levando essa informação pro seu público e que essa informação chegue até elas”, estimou Cátia, que fez questão de deixar um recado para as mulheres que passam situação semelhante. “Mãe se você não pode, se você não quer, seja lá o motivo que for a lei te ampara. Procure a Vara da Infância mesmo que você ainda esteja grávida, procure a nossa equipe, estamos aqui pra atender você em todas as suas necessidades”, orienta.
Apoio psicológico
O período de gestação mexe muito com o emocional das mulheres, sobretudo aquelas que não vivem uma união estável, passam por alguma necessidade financeira ou não têm o apoio da família, por exemplo. Nesses casos é muito importante o acompanhamento do profissional psicólogo. É aí que entra o trabalho da equipe técnica da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso para entender quais as necessidades dessa mãe. A psicóloga Eliana Bayer explicou à nossa equipe que ouvir essa mulher é fundamental. “O quê a lei prevê é que a gente escute a mãe que vem manifestar a intenção de entregar um filho em adoção. Então a mãe que vem conversar, ela ainda não está entregando, ela está contando a história dela, ela está dizendo pelo quê que ela está passando, por que essa ideia veio na cabeça dela, que situação ela está vivendo em família ou com o pai da criança ou não existe um pai, enfim, qualquer situação que faz com que ela imagine que o melhor pra essa criança é não ficar com ela e ficar com uma outra família. O nosso trabalho não é nem de convencer a mãe a ficar com a criança, nem de convencer a mãe a entregar a criança, o nosso trabalho é de acolher a mãe no quê ela precisar e se o quê ela precisar for a entrega e essa entrega depois tem que ser confirmada em juízo numa audiência, mas se o quê ela precisar for a entrega a gente vai cuidar dela e da criança para que essa entrega seja feita da forma mais segura pra todos os envolvidos, é esse que é o nosso trabalho”, destaca.
Mais casos
Segundo nos informaram as profissionais da Vara da Infância, ao menos, mesmo diante desses novos casos hediondos, houve um aumento substancial no número de processos de entrega voluntária para adoção, mas ainda assim vencidas as etapas para entrega a mãe ainda tem um prazo pra desistir da entrega assumindo a maternidade. “Ela vem aqui com esse desejo, a gente acolhe ela e a gente faz esse acompanhamento e ela vai ter um prazo pra pensar o quê que se quer, se desistir da entrega, ficando com a criança ou não. Ela vai confirmar isso perante o juízo aqui da Vara da Infância e ainda assim depois ela vai mais dez dias pra desistir ou não. É muito tranquilo e a gente está aqui acolhendo ela, apoiando ela, ouvindo ela. O que eu acho o mais importante tirar um pouco essa visão que se tem do poder judiciário, aqui é uma equipe técnica querendo dar proteção pra essa criança e pra essa mãe que está em um momento tão sensível”, pontuou Eloah Trindade, Psicóloga.
Como adotar
Para uma pessoa adotar uma criança é necessário se habilitar junto a Vara da Infância, da Juventude e do Idoso e passar por todo um complexo processo até chegar a receber uma criança em adoção. “A pessoa também procura a Vara da Infância da sua cidade, no caso aqui tem a gente, e vai se habilitar pra adoção, vai trazer aqui os documentos dela, vai ter uma visita, vai ter entrevista, esse processo vai depois para o Ministério Público pra juíza tomar a decisão e essa pessoa fica em um cadastro de habilitados que é a nossa fila de adotantes e ficam esperando uma criança com perfil escolhido por ela, se é pequena, se é grande, se branca, se é preta, se é menina, se é menino ou se são os dois e fica nessa fila esperando a vez dela de adotar uma criança”, detalhau Cátia Regina.