Marcus Wagner
Na próxima semana, Teresópolis poderá ter mais uma mudança nos rumos da crise política que atinge o município através da decisão da Câmara de Vereadores sobre as denúncias contra o prefeito Mario Tricano. Está prevista para a sessão desta terça-feira a apreciação e votação do pedido de Comissão Processante para investigar irregularidades nos repasses do governo municipal para o Tereprev, mesmo motivo que levou à cassação de Arlei Rosa. Após o encerramento do prazo para que o prefeito apresente sua defesa nesta quinta-feira, o próximo passo é a decisão da mesa diretora da Câmara que decidirá se coloca em votação ou arquiva o documento.
O vereador Luciano, presidente da Comissão de Legislação da Câmara, garante que está garantindo que todos os procedimentos sejam seguidos de acordo como exigem a lei e o regimento interno, mas adiantou que já existem fatos muito consistentes contra Tricano: “A gente vai fazer tudo dentro da lei, dentro do regimento, até aonde a lei nos permite. Vamos observar e já temos fatos contundentes para o afastamento. A população não pode sofrer como está sofrendo. Vamos tomar uma posição com a cabeça tranqüila, agir estritamente dentro da lei porque as provas estão aí e não podemos ser omissos ao que nos chega. Se há denúncias e de fato aquilo é real, então o prefeito tem que ser cassado, a meu ver. A mesa vai analisar os fatos e na terça-feira a vai levar ao plenário para decidir”.
Já Maurício Lopes enfatizou a necessidade de não apressar o andamento dos trabalhos: “Nós temos um rito a cumprir e que dá o direito do contraditório e ampla defesa ao prefeito. Ele tem até o fim do expediente de hoje (quinta-feira) para protocolar na casa a sua defesa. Então, a Comissão vai ter que certificar no processo a entrega ou não e vai encaminhar o procedimento para a mesa diretora que vai deliberar pelo arquivamento ou leitura em plenário. Deliberando pela leitura, não vai ser um processo rápido, nós ainda vamos ter que aguardar um tempo porque temos que notificar o denunciado para que saiba o dia em que deve mandar um advogado ou ele próprio venha fazer sua defesa. Temos alguns dias pela frente, mas o importante é não ter atropelo para não gerar nenhum tipo de nulidade”.
Após oito vereadores revogarem a licença de Tricano, a expectativa é que a maioria novamente tome posição contrária ao prefeito: “A leitura que eu tenho, pelo posicionamento que cada colega vereador está adotando, é de que, havendo a leitura em plenário da denúncia, certamente teremos pelo menos oito votos para receber a denúncia para dar início à Comissão Processante para apurar as denúncias apresentadas contra o prefeito”, disse Maurício.
Caso seja aprovada, a Comissão Processante será instalada através da definição dos três membros e a escolha dos parlamentares ocorrerá por sorteio.
Cláudia Lauand explica porque não votou contra Tricano
Depois de sofrer muitas críticas por obstruir a votação que decidiu por cancelar a licença de Tricano a vereadora Claudia Lauand decidiu se defender em plenário e afirmou que tem a consciência tranquila porque a decisão foi tomada após consultar a assessoria jurídica e ser alertada das implicações que poderiam ocorrer dentro do partido, pois foi eleita pelo mesmo partido de Tricano, o PP. Cláudia afirmou que era favorável à revogação e tinha confiança de que seria aprovada pela maioria.
“Não tenho nada a favor para votar com o governo, pelo contrário, só decepção, pois ele entrou com 35 mil votos e não sabe honra-los. Meu advogado e o procurador me orientaram neste primeiro momento a obstruir a votação, mas porque sei que tenho companheiros corajosos, de palavra, que fizeram jus ao pedido de revogação e aqui tem 12 vereadores corajosos que vão dar respaldo contra qualquer perseguição política que ocorra contra qualquer um. O meu mandato tem muita responsabilidade e eu não faço nada sozinha. Não votei nem a favor nem contra, mas não quer dizer que terei essa mesma postura daqui para frente”, afirmou a parlamentar.
Dedê irrita servidores ao declarar gratidão a Tricano
O vereador Dedê da Barra acabou gerando uma polêmica durante a sessão da Câmara desta quinta-feira ao afirmar que é muito grato a Tricano por estar conseguindo obras em seu bairro. Terminada a sessão, os servidores que protestavam na porta da prefeitura criticaram o vereador e o vaiaram. Apesar de confirmar que não está contra Tricano, Dedê chegou a pedir desculpas aos servidores pelo comentário que fez em plenário e disse que é favorável às reivindicações deles, mas não culpa o prefeito pelos problemas.
“Eu sou a favor do funcionário, o salário está atrasado, mas isso é no país todo, estamos passando um momento muito difícil. Eu concordo que o funcionário que está sem receber tem todo o direito de cobrar. Uma coisa que eu falo para todos eles é que eu não votei no Mario Tricano, meu prefeito era do PMDB, mas hoje todo mundo que votou nele está ali contra por causa da opinião pública. Eu tenho que agradecer à minha comunidade que me colocou lá. Peço até desculpas a muitos servidores pelo meu gesto. Hoje o Mario é o prefeito da cidade, se tiver que acontecer algo a Justiça vai decidir, agora o vereador Dedê já tem o posicionamento dele que todo mundo já sabe. Eu voto com a minha consciência. O salário dos funcionários tem que estar em dia”.