Quem mora em localidades da zona rural de Teresópolis, no Segundo ou Terceiro Distrito, ou ainda aquelas que ficam na zona urbana mas que de tão esquecidas pelo poder público parecem ficar a dezenas de quilômetros de distância da sede do governo municipal, tem ainda mais motivos para ficar preocupado nessa época do ano. As chuvas frequentes e torrenciais causam prejuízos e deixam estradas que “naturalmente” já são ruins em situação ainda pior. Exemplo disso são os bairros que foram duramente afetados pelas fortes chuvas do último sábado, como Albuquerque, Vale dos Cedrinhos e Campo Limpo, só para citar. Nos dois primeiros, o temporal abriu grandes valas em vias públicas e causou o transbordamento de um rio, curso d´água que atravessa boa parte da segunda localidade. O volume inesperado de chuva e a falta de manutenção fizeram a enchente chegar a residências que nunca haviam sido afetadas, em Albuquerque. “Isso é o resultado do descaso total com nosso bairro, um bairro esquecido pela prefeitura. Pagamos um IPTU caríssimo e não temos pavimentação, o rio nunca é dragado, entre outros problemas. Na prefeitura a Avenida das Hortênsias consta como pavimentada, asfaltada, mas é de terra batida, e agora ficou ainda pior”, relata a moradora Ana Leite.
Vizinha a Albuquerque, permitindo acesso ainda ao Vale São Fernando, o Vale dos Cedrinhos está quase que inacessível. As ruas, sem calçamento, ficaram ainda pior. Em alguns pontos, a força da água abriu grandes valas e levou parte do meio-fio, deixando expostos fios e encanamentos. “Muito triste. Terça-feira começam as aulas e mais uma vez nossas crianças serão prejudicadas, pois o único ônibus que temos é o escolar e ele não vai passar com a rua assim. Entra ano e sai ano e nada e feito por nós, mas os impostos esses chegam que é uma beleza”, relatou a internauta Miriam Medeiros ao repórter José Carlos dos Santos, o “Cacau”, que é parceiro do jornal O Diário e Diário TV.
Em Campo Limpo, no Segundo Distrito, um pequeno curso d´água tomou grandes proporções e causou destruição na principal estrada da localidade, também afetada por um escorregamento de terra. Nesse caso específico, a Secretaria Municipal de Agricultura, acionada por moradores, agiu no dia seguinte para liberar a passagem de veículos. “Chamamos o pessoal e estiveram aqui para resolver. Quero deixar o agradecimento ao prefeito, ao secretário e ao sub”, relatou ao Diário o produtor rural Eliomar Leandro.
Rua desabou
Na zona urbana, moradores da Rua Francisco Lisboa, no bairro do Golfe, temem que o acesso seja interrompido devido a um deslizamento de terra nas proximidades de um condomínio. Parte da via cedeu em direção à propriedade e, com a previsão de mais chuvas fortes para os próximos dias, há risco de continuar aumentando o desbarrancamento em direção às residências em construção.
Acumulado
Neste domingo, a Defesa Civil registrou dois deslizamentos de terra, sem vítimas. Não houve desabrigados ou desalojados. Os maiores volume de chuva, no período de 24 horas, foram registrados em Três Córregos, com 63mm, e Meudon, com 56mm. “Fiquem atentos aos alertas via SMS e Sirenes. Em caso de emergência, ligue 199”, destaca a Secretaria Municipal de Defesa Civil.
Vem mais chuva por aí
A Região Sudeste poderá enfrentar chuvas fortes, com possibilidade de alagamentos, inundações e deslizamentos de terra nos próximos dias. O alerta é da Defesa Civil Nacional, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional. Foram emitidos avisos meteorológicos de perigo (laranja) pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para o Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com o Inmet, o volume de chuvas previsto é acima de 100 milímetros por dia em alguns locais. “É importante que a população fique atenta e acompanhe a difusão de outras informações nas redes sociais e pelos alertas enviados por SMS. É importante procurar orientações nas defesas civis municipais e estaduais, que precisam ter um planejamento para as ocorrências de chuvas fortes”, afirmou o diretor do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), Armin Braun.
Segundo o Inmet, haverá atuação do fenômeno Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) – quando uma faixa de nuvens fica praticamente estacionada, provocando grande quantidade de chuvas contínuas, na mesma área, por, pelo menos, quatro dias. Desta vez, a zona ficará sobre o estado de Minas Gerais e também terá reflexos em partes do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Cuidados
A Defesa Civil Nacional alerta para a tomada de cuidados que podem ajudar a reduzir danos materiais e preservar vidas em caso de chuvas intensas. Uma delas é desligar os aparelhos elétricos e o quadro geral de energia. Em caso de enxurrada ou similar, colocar documentos e objetos de valor em sacos plásticos. Caso haja uma situação de grande perigo confirmada, procurar abrigo e evitar permanecer ao ar livre. Além disso, em ocasiões de rajadas de vento, não se abrigar debaixo de árvores por conta do risco de queda e descargas elétricas e não estacionar veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Para mais informações, procurar a Defesa Civil local por meio do telefone 199 ou o Corpo de Bombeiros, pelo número 193. As informações detalhadas sobre os locais com maiores riscos climáticos podem ser acessadas na página do ministério.