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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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“2022 foi um ano bem complicado, mas tenho certeza que 2023 será ótimo”

Em entrevista à tevê DIÁRIO, presidente da Câmara avalia os rumos da política e os problemas da cidade

Wanderley Peres

O vereador, presidente da Câmara e suplente de deputado estadual Leonardo Vasconcellos participou do programa Hélio Carracena na manhã desta segunda-feira, 5, quando pontuou ações do legislativo municipal e fez considerações sobre os problemas que afligem a cidade. Do resultado da eleição, lembrou que o ano que vem começa com dois governos novos, governador e presidente da República, quando diversos programas serão implantados e muitas possibilidades estarão disponíveis para quem souber buscar os recursos. “O povo teve sabedoria para escolher e sua vontade é soberana. Agora, da mesma forma que torcemos para o candidato em que votamos na eleição, temos que torcer para os eleitos, para que o Brasil cresça e melhore a educação e a saúde, os principais problemas para o pobre, e que a economia favoreça à produção de riqueza e a qualidade de vida das pessoas”, disse, observando a importância de uma imprensa forte no município, abrindo espaço para a discussão política e o contraditório, e informando e esclarecendo a população, como vem fazendo O DIÁRIO.

AVALIAÇÃO

“Esse ano de 2022 foi diferente dos outros e bastante complexo porque tivemos eleição e copa do mundo, e ainda os reflexos da pandemia, sem contar a polarização das eleições, ainda refletindo negativamente nos dias de hoje. Isso não permitiu o desenvolvimento da sociedade, o que é muito ruim. Perdemos muito tempo com coisas que não somam, ânimos acirrados que não levam a lugar nenhum. Agora é pegar esse 2023 e fazer dele um grande ano, e vamos conseguir isso, porque amadurecemos com as dificuldades do ano que está terminando. Agora é fazermos um ano realmente novo, de trabalho, e muito trabalho, porque começam dois governos também novos, estadual e federal. Temos que acessar os novos programas desses governos e vamos atuar nesse sentido.”

TOMBAMENTOS

“A Lei Orgânica, no artigo 205, tombou o rio Paquequer, o lago do Comary e a silhueta da Serra dos Órgãos. Foi muito importante a providência da Câmara Municipal em 1991 porque esse é o cenário do romance O Guarani, de José de Alencar. Mas, com o desenvolvimento, e a ocupação desenfreada na cidade, percebemos que os cimos dos morros no bairro ainda corriam riscos e a proteção deles faz parte do plano original da cidade, na época da emancipação do município. Então, tomamos a providência de tombar os cimos do Comary, como já haviam feito os Guinle, nos anos 1930, fazendo surgir o Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Quem vê aquela beleza toda se encanta e não permitir o desflorestamento da cabeça de morro atrás da sede da concentração da Seleção Brasileira era uma medida necessária, para que a especulação imobiliária não avance sobre aquela mata, integrante do conjunto arquitetônico da CBF, ampliando a sua proteção.”

SUDAMTEX

“Se colado na sede da CBF queriam fazer 13 casas de alto luxo, cada uma custando R$ 7 milhões, como se soube, e degradando o lugar que seria aproveitado por forasteiros ricos porque o teresopolitano comum não teria como comprar uma casa num valor desse, na Sudamtex estão querendo faz prédios e mais prédios, também em detrimento do interesse público. Fomos contra a criação de um bairro no lugar, não aprovamos a concessão do teleférico ali, e entendemos que essa enorme área no centro da cidade, que é única, precisa ser aproveitada, pelos proprietários mesmo, porque são os titulares do terreno, mas em algo que contemple o interesse público. Por que não preservar a fachada da fábrica, mantendo viva a lembrança de tão importante indústria em Teresópolis? Essas coisas que afetam a todos nós, que são boas ou ruins para todos nós, embora sejam muito boas para algumas pessoas, elas precisam ser discutidas antes de ser decidido o que fazer. E não vinha sendo feito assim. Queriam que a Câmara abonasse tudo a toque de caixa e os vereadores não aceitaram. Agora, vamos discutir o aproveitamento desse terreno, sonhar com algo grande para aquele terreno, onde a municipalidade tem pedaço da terra.”

Gramado
“De uma hora para outra estão comparando Teresópolis com Gramado, vendendo a ideia de que nossa cidade pode ser igual àquela. Gramado e Teresópolis tem características distintas e não podemos querer ser o que não somos e nem precisamos. Embora sejam cidades de serra, as condições de Gramado são diferentes da nossa. É uma inveja descabida até, porque a nossa posição, por exemplo, é única, singular até na geografia. Temos as montanhas e o verde exuberante da Mata Atlântica em seu local mais bem preservado e a proximidade com o Rio de Janeiro, que cidade tem essa característica? E estamos cercados por três parques, um nacional, um estadual e um municipal. Temos que criar atrativos diferenciados, porque vivemos num lugar diferenciado.”

TELEFÉRICO

“Não sou contra o teleférico. É uma boa ambição para a cidade, mas é projeto que precisa melhor analisado e escolhido um local ideal para a sua instalação. É projeto que tem o seu tempo, que precisa ser estudado direito, e se for feito de forma atabalhoada vai criar confusão. Não tem como se instalar um teleférico que passa por cima das casas das pessoas, tirando a privacidade. Em Nova Friburgo, o teleférico corre sobre a mata, será que não temos um lugar de mata para percurso desse bom atrativo em Teresópolis?”

DESENVOLVIMENTO

“Quando as coisas não são pensadas até aquelas que poderiam funcionar não dão certo. É o caso do transporte de pessoas na cidade e do próprio trânsito, cada dia pior. A prefeitura vem tentando fazer a contratação de um plano, mas nem isso consegue, porque esbarra em entraves burocráticos que não consegue vencer.
É o caso do transporte coletivo, urbano e interurbano, porque a nossa realidade poderia ser mudada se aproveitássemos o corredor rodoviário natural existente. Imagina a prefeitura tirar a rodoviária do centro da cidade, colocando-a às margens da rodovia, dispondo os ônibus que passam pela nossa estrada para pegar aqui os passageiros, com o devido conforto. Hoje, quem viaja para as cidades de Minas Gerais ou do Nordeste, que são regiões de origem de boa parte do nosso povo, precisa enfrentar uma viagem ao Rio de Janeiro, seja para negociar a passagem ou embarcar. E temos ainda os caminhões e carretas, circulando por dentro da cidade, que poderiam estar transbordando a mercadoria nas margens da cidade, desafogando o trânsito e aumentando a clientela dos profissionais que transportam cargas. Seriam um porto seco, que não custaria milhões e pode ser realizado em parceria. Carretas na cidade só de madrugada, com descarga das 8 da noite a 8 da manhã. Desafogaríamos o trânsito e geraríamos empregos. Mas isso depende da vontade política do Executivo, que pode desapropriar, licitar o condomínio de logística, como a exemplo de Petrópolis, um bom exemplo pertinho da gente.”

PRIORIDADES

“Quando a gente vê 20 mil pessoas amontoadas num galpão, como mostrou o Fantástico no domingo, confirmamos a certeza de que vivemos num país desigual e precisamos reduzir essa distância entre os que vivem bem e os que não tem as condições mínimas para viver. Temos bolsões de pobreza, temos gente passando fome e sem onde morar. E sabemos que comida existe porque somos o celeiro do mundo e um kit de casa com 55m2 custa cerca de 8 mil. Comida e moradia não são questões que compete apenas o governo federal e estadual. As cidades são problemas dos prefeitos, que precisam eleger prioridades. Gastam R$ 6 milhões com avião para fotografar imóveis só para aumentar o IPTU mas não têm dinheiro para arranjar lugar decente para as pessoas morarem.”

TERCEIRA IDADE

“O potencial de Teresópolis vem sendo muito mal explorado. Temos a possibilidade de oferecer às pessoas de alto poder aquisitivo uma qualidade de vida que existe em poucos lugares do mundo, por exemplo criar estâncias para a Terceira Idade, criando incentivos, com isenção ou redução de impostos, para projetos voltados ao idosos, por exemplo, que teria entre a tranquilidade e o verde da cidade o lugar ideal para viver, gastando nos mercados, no comércio, gerando empregos. Precisamos atrair investimentos voltados para esse perfil de novo morador.”

INTEGRAÇÃO

“O comércio de Teresópolis é forte por conta da economia do interior que é forte. O produtor rural gasta no centro da cidade, nas lojas da Calçada da Fama, que é o seu shopping. Eles até poderiam viajar, gastar fora, mas gastam aqui. E o que o eles ganham do poder público por gerar riqueza e incentivar o comércio local? Estradas sem condições de trânsito, escolas distantes, postos de saúde deficitários.
Em Rondônia, onde estive por uns dias recentemente, vi exemplos interessantes, um deles é o ‘Tudo Aqui’. O governo da cidade capital levou agências de serviço para os bairros, onde podem ser resolvidos problemas de licença, dúvidas sobre impostos e outros serviços da municipalidade. Hoje, quem mora no Segundo e Terceiro Distrito perde um dia de trabalho vindo à Prefeitura para contar seus problemas a pessoas que vivem na cidade e não sabem bem como funciona o interior.
Imagina um ‘Tudo Aqui’ em Água Quente e Bonsucesso, ou mesmo no bairro São Pedro, onde as pessoas poderiam descer das localidades onde moram para resolver suas pendências nas mini-sede da Prefeitura. Haveria dinamismo no atendimento, menos circulação e gastos. Esses são problemas reais do teresopolitano, o mundo imaginário de Gramado ou do Comary não fazem parte do cotidiano da maioria do nosso povo e isso o prefeito deveria saber porque viu a pobreza de perto quando estava em campanha.”

“O povo tem sabedoria para escolher e sua vontade é soberana. Agora, da mesma forma que torcemos para o candidato em que votamos na eleição, temos que torcer para os eleitos, para que o Brasil cresça e melhore a educação e saúde, e que economia favoreça à produção e a qualidade de vida das pessoas”

SECRETÁRIO ESTADUAL

“Fui convidado para assumir o cargo de secretário estadual de Educação em Rondônia e declinei do convite porque o meu caso de amor é com Teresópolis. Mas fiquei contente pelo convite, tanto que fui agradecer pessoalmente ao governador que prestigia um filho da terra que foi destaque quando esteve à frente da secretaria municipal de Educação, levando a cidade a ser destaque no transporte escolar.”

DEPUTADO ESTADUAL

“Minha condição de suplência é a primeira colocação, porque dois suplentes assumirão outros cargos no governo. Mas, em 2024 boa parte dos 8 deputados eleitos pelo União devem ser candidatos a prefeito e ganhando um deles, posso assumir o mandato. O político tem que estar disponível para o chamado. Meu relacionamento com o governador é bom, ele sempre nos trata bem, e tem promessa conosco, feita ao vivo, em entrevista à tevê Diário, que daria de presente um hospital estadual para Teresópolis. Vamos lutar por essa conquista, do hospital, e chegando o mandato vamos ter como brigar mais por isso, tudo a seu tempo.”

OBRAS DO ESTADO

Sobre as reformas que o governo do Estado está fazendo em Teresópolis, obras que estão praticamente paradas e criando transtornos à cidade, o vereador Leonardo disse que tem feito reiterados pedidos ao governador sobre as reformas, mas que a falta de um deputado tira a preferência de atendimento do pedido. “O governador é um amigo da cidade, tem destinado recursos para o município, mas tem que atender a todos os municípios do estado. E os municípios que elegeram deputados tem neles um pedinte mais qualificado, por isso a nossa candidatura, porque brigaríamos para que essas conquistas fossem efetivadas.”

CONCLUSÃO

“As obras da Feirinha e da Rodoviária são exemplos dessa falta de sintonia. A empresa que realiza o serviço não tem compromisso com Teresópolis e não temos alguém que cobre do governador, que seria um deputado. Estão colocando container para atender enquanto o setor de gastronomia da Feira está em obras, mas é tudo muito demorado. É no que dá quando o executivo é fraco e entrega as suas obrigações ao estado, essas reformas são questões do município, e as benesses do governo do estado para Teresópolis deveriam ser coisas maiores, que não fossem de responsabilidade do zelador do município, que é o prefeito. Essas obras de manutenção e reforma feitos pelo governo do estado é a prova da falência administrativa do município.”

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Edição 22/11/2024
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