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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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TURISMO RURAL: Ateliê de cachaça trabalha diferentes sabores e cores em Teresópolis

Arquiteto transforma hobby em pequeno negócio e incentiva a produção artesanal no município

Marcello Medeiros

Produzida há mais de 400 anos, a cachaça é parte tão importante da cultura e costumes brasileiros quanto o nosso cafezinho. Tanto que em 2009 o 13 de setembro foi definido como Dia Nacional da Cachaça e em diversos cantinhos do nosso país ela produzida, com grandes variações de cores e sabores. Um desses produtores é o Arquiteto Renato Azevedo, que realiza o processo de moagem, fermentação e alambicagem em Minas Gerais e o aperfeiçoamento no Terceiro Distrito de Teresópolis. Proprietário de um sítio na localidade de Córrego das Pedras, ele transformou um dos espaços em um aconchegante ateliê de cachaça, onde trabalha diferentes sabores em um projeto tocado em conjunto com a esposa Patrícia. “Aqui eu junto a cachaça de boa qualidade com o artesanato, trabalho a minha vocação. Junto a minha formação na arquitetura com a técnica da arte. Lembrando que falamos em produção artesanal, não estamos dizendo que é um processo amador. É preciso saber realizar todo o procedimento de forma correta, pois há partes, como o começo e o fim da destilação, que precisa ser descartado, por exemplo”, pontua o apaixonado pelas “branquinhas”.

O Arquiteto e Artesão Renato Azevedo tem trabalhado a vocação de criar cachaças e outros produtos artesanais. Foto: Marcello Medeiros/O Diário


Renato destaca ainda que quando se fala em artesanal, o grande diferencial é justamente poder oferecer produtos incomuns ao grande mercado, escolhendo a dedo cada material que será utilizado. Além de trabalhar a paixão e vocação no aconchegante espaço na zona rural de Teresópolis, Renato acredita que esse tipo de arte pode contribuir com o turismo local. “Tenho sido procurado por guias turísticos, pois o ecoturismo pelo interior tem crescido muito. Quando a pessoa conhece pequenos alambiques como o meu, vê de perto esse material no ateliê, é bem diferente. O visitante também pode degustar e ouvir sobre histórias da produção e criação da cachaça”, atenta o idealizador da RPA Artesanais.

Matéria da Diário TV disponível no Youtube

Cores e sabores
A cachaça pode ser degustada “ao natural” ou com sabores e cores que vão mudando de acordo com as madeiras e outros materiais utilizados na armazenagem e envelhecimento. Porém, é importante frisar que é preciso produzir uma cachaça de qualidade para se trabalhar as melhores madeiras. “Uso lascas de barris velhos que compro em Minas. Um bom exemplo é a Umburana, uma madeira maravilhosa que dá um tom de amarelo ouro e sabor frutado. Também faço do Jequitibá, que dá uma cor levemente amarelada e mantém o sabor da cana, não descaracteriza o gosto. O Carvalho é o mais tradicional, todo mundo gosta. Vem dos barris de Whisky, compro barris usados, de Carvalho da Europa. O meu foco é usar essas nuances de sabor com as lascas. Na divulgação sou claro quanto a isso, uso as lascas e explico sobre isso”, relata Renato.
Além das madeiras, outros sabores têm sido experimentados no ateliê, como café, mel e laranja. “Tenho uma com um sabor maravilhoso, com aroma de café. Uso o grão arábica, que é o mais caro, mas que dá um leve sabor aroma de café. Também trabalho uma cachaça com mel, tenho muitas caixas com abelhas aqui mesmo. Acrescento meu mel na minha cachaça, sem aditivo, sem conservante, uma mistura perfeita. Quanto à laranja, uso laranja cristalizada. Mas, nesse caso, ela é preparada na hora e tem uma validade de dois meses, pois também não usa conservante”, atenta o artesão dos sabores.

Quando se fala em artesanal, o grande diferencial é justamente poder oferecer produtos diferentes e diferenciados, escolhendo a dedo cada material que será utilizado. Foto: Marcello Medeiros/O Diário

Embalagens diferentes
Além da famosa bebida, a pequena empresa familiar trabalha na criação de garrafas diferentes, reaproveitando materiais que seriam jogados no lixo e dando a eles uma sobrevida em tons rústicos. Assim, uma é sempre diferente da outra. “Cada embalagem é única”, reforça Renato.

Beba com moderação
No final da nossa visita, o artesão explicou sobre como deve ser uma cachaça de qualidade e também a importância de se degustar correta e moderadamente. “Um dos princípios básicos da boa cachaça é que ela tem uma espécie de lágrima. Ela não é igual água que escorre rapidamente da taça, tem que ser como uma espécie de óleo, tem que ter essa lágrima. Ao provar, sempre cheire. Você estará jogando para dentro do seu corpo álcool. Então faça sua mente, seu corpo entrarem no personagem. Dê pequenos goles, isso é importantíssimo. Faça o pequeno gole circular na boca. A pessoa que engole direto não está degustando, o importante é sentir o gosto da cana, ser agradável. Outro macete é intercalar com água. Se tomar só cachaça corpo vai sofrer. E, o mais importante, beba com moderação. Esse é o princípio básico. Todo assunto tem que fechar nisso, beba com moderação, não perca esse prazer da degustação de um produto de qualidade”,enfatiza Renato Azevedo. Para saber mais sobre esse ateliê, suas cores e sabores, acesse o Instagram @rpaartesanais

Edição 22/11/2024
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