Wanderley Peres
Na ânsia de fazer oposição ao prefeito, que vem sendo reprovado sistematicamente pelo poder Legislativo, bastião de uma sociedade perplexa diante do caos na gestão municipal, que não sofre repreensão de outros que deveriam estar mais atentos às tantas irregularidades administrativas em curso, os vereadores têm ultrapassado a tênue linha entre a crítica e propagação de mentiras. Na sessão de quinta-feira passada, 7, um vereador repercutiu fake-news divulgada nas redes sociais, e que já havia sido desmentida pelo DIÁRIO e, na sessão seguinte, desta terça-feira, 10, outros três gastaram o mau português por bom tempo para desmerecer a retroescavadeira que o prefeito comprou, com recurso de emenda parlamentar, coisa rara e merecedora de elogio, aliás, porque a preferência do governo municipal tem sido sempre pelo aluguel dessas máquinas junto aos amigos do poder, havendo notícia até de que vereadores contratavam retroescavadeiras em aluguel com a prefeitura, em gestões passadas.
Tudo bem que a Michigan não é nenhum Bentley, como o prefeito tiktokeiro comparou. Mas também não é inferior ao ponto de merecer tamanho vilipêndio a marca da máquina usada pelo Vinícius. Embora existam outras máquinas mais conhecidas, e possivelmente de mais fácil manutenção ou durabilidade, não é uma “xingling” como fizeram parecer a retroescavadeira Michigan usada pelo prefeito no plágio à postagem do Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, que brincou bem comparando seus caminhões de lixo ao carrão do grupo Vickers, dono das caras marcas Rollys-Royce e Bentley.
A retroescavadeira, que a pronúncia da palavra do ilustre prefeito, virou meme nas redes sociais, sendo repetido em municípios vizinhos, como Magé, onde em vez de comprar uma retro, o prefeito tirou onda ao mostrar 50 novas ambulâncias adquiridas. A Michigan é representada no Brasil pela poderosa Volvo, que absorveu a marca dos equipamentos e peças da famosa empresa líder na fabricação de máquinas escavadeiras hidráulicas, moto-niveladoras, carregadeiras de rodas e até caminhões articulados.
Michigan é Volvo – A fábrica do Brasil começou a operar em 1975, quando ainda funcionava com a marca Clark Michigan, para a produção de empilhadeiras e pás-carregadeiras. Em 1984, a Volvo forma uma nova unidade industrial, a VME (Volvo Michigan Euclid). Em 1995, a VME é incorporada ao Grupo Volvo. Nos anos seguintes, Pederneiras passa a fazer parte do sistema industrial mundial da marca.
Quanto à dificuldade de se conseguir peças para reposição, embora existam diversos fornecedores Volvo que podem atender na reposição de peças para a Michigan, o problema é similar ao de outras marcas, sendo necessário pesquisar o mercado até em outros estados. Aliás, diante da preocupação demonstrada sobre as dificuldades com a manutenção, os vereadores já poderiam ter agido no sentido de padronizar a frota municipal, e de atuar mais firmemente na fiscalização dos bens automóveis, de forma regular, para evitar ou reduzir o furto e comércio das valiosas peças desses veículos pesados, como estaria ocorrendo, com maior frequência, no atual governo, onde o pátio da Feira de Exposições em Albuquerque virou local de desmonte e comércio de peças de veículos canibalizados, como os próprios vereadores denunciaram, tempos atrás, ao repercutir matéria publicada no jornal O DIÁRIO.