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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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UM ANO DA FUMAÇA TÓXICA DO LIXÃO: Quando a cidade amanheceu coberta de fumaça tóxica

Tragédia Ambiental repercutiu no mundo inteiro e só aumentou o problema do lixo em Teresópolis

Wanderley Peres

A noite de 25 para 26, de junho do ano passado, foi de mau cheiro e ardência, dos olhos e narizes, para os moradores das localidades próximas ao Lixão do Fischer, na Prata. E na manhã daquela segunda-feira, um ano atrás, o sufoco que passou à noite os vizinhos do vazadouro clandestino, também afetou a cidade inteira que ficou coberta de fumaça tóxica, provocando apreensão e indignação dos moradores. Com o ar parado pelo pouco vento, típico da estação, foi acumulando a fumaça e o ambiente ficou insuportável em Teresópolis, se obrigando os moradores a fecharem as janelas e a não usarem o ar condicionado. Pessoas passando mal e buscando assistência médica. Escolas sem aulas e pais sendo chamados para buscar os alunos que se arriscaram à sair às ruas, e o ônibus atrasando em várias linhas, dificultando ainda mais a vida das pessoas. Mesmo nos bairros mais distantes do lixão, a situação ficou também periclitante, com alguns comércios abrindo somente à tarde ou dando folga aos funcionários por falta de ambiente com ar saudável para o atendimento do público. Passada a pandemia, quando as gotículas do ar traziam a morte, independentemente, com CPF de números par ou ímpar, as pessoas voltaram ao uso das máscaras para poderem circular pelas ruas naquele dia 26 de junho, quando a negligência das autoridades municipais impôs grande risco à saúde pública da população.

Três pessoas deram entrada na UPA 24 Horas e uma no Serviço de Pronto Atendimento Dr. Eitel Abdallah, no bairro de São Pedro, com quadro de tosse seca leve. Elas fizeram nebulização e foram liberadas. As aulas foram suspensas em 35 escolas e 18 creches da rede municipal de ensino.

Incêncio em lixão de Teresópolis causa transtornos à população. Foto: Arquivo Ascom/CBMERJ

Afirmando estar resolvendo o problema, “no aterro sanitário do Fischer”, ao meio dia a Prefeitura deu por controlada a situação no Lixão do Fischer, anunciando em Nota que estavam sendo realizadas investigações “para apurar as causas e os responsáveis” pelo crime ambiental, que desde o mês de julho de 2018 o prefeito é o responsável direto por ele, afinal logo no primeiro mês de governo, o Lixão foi interditado pelo Instituto Estadual do Ambiente e desde então vinha operando por conta de uma liminar que Vinícius conseguiu na justiça.

Em Nota, assim que assumiu, o prefeito informou dois procedimentos em andamento para resolver a questão do lixão reaberto liminarmente, que seriam a construção de uma usina de lixo e, emergencialmente, o transbordo dos detritos para um aterro sanitário licenciado, duas soluções que dependiam de terceiros: a Justiça e o Estado.

Vizinhos registraram a situação e pediram apoio da imprensa local – Arquivo

“A Prefeitura busca um acordo com a Justiça e o Governo do Estado para que o transbordo seja realizado. Isso ocorre porque o município não tem condições de arcar, com recursos próprios, com o custo anual de quase R$ 20 milhões do serviço de transbordo. A próxima audiência está prevista para o dia 20 de julho, quando a justiça deverá decidir definindo as responsabilidades de ambas as partes. Paralelamente, o Município concluiu um Procedimento de Manifestação de Interesse, com o objetivo de realizar a remediação do Aterro Sanitário, no qual cinco empresas apresentaram propostas de diferentes escopos, sendo declarada vencedora a proposta de construção de uma usina de processamento do lixo coletado no Município, bem como do material alocado no aterro, agregando ainda geração energética neste processo. Com isso, além de resolver a questão da destinação dos resíduos sólidos no Município e remediar o atual Aterro, a Prefeitura obterá descontos nas contas de luz dos prédios públicos municipais”, disse o governo, que tinha a expectativa de que “a Usina inicie seus trabalhos num prazo entre 18 e 24 meses, encerrando definitivamente as atividades no aterro sanitário”, enganou a população o prefeito Vinícius, em julho de 2018, seis anos atrás.

O incêndio, em 26 de julho de 2023, seria dado por controlado, pela Prefeitura, embora tenha durado ainda várias semanas, até ser extinto em definitivo, o que só aconteceu no mês seguinte. Com a cidade ainda sob a fumaça tóxica, dois dias depois, a Justiça cassou a liminar que Vinícius havia conseguido em 2018, e já durava cinco anos, interditando de vez o lixão, obrigando-se o município a contratar o serviço de depósito de lixo em outro município, e a contratar o transbordo, situação que ainda se mantém e encareceu, exponencialmente o custo do serviço de coleta e tratamento do lixo.

Vinicius Claussen gravou vídeos para suas redes sociais no antigo aterro sanitário – Divulgação

Uma selfie foi a solução

Por volta das 10h do dia 26, de junho do ano passado, o prefeito fez postagem, dizendo que estava a caminho do Fischer, onde chegou depois das 11h, “para acompanhar pessoalmente a operação das secretarias municipais e órgãos estaduais no aterro” onde o fogo já estava sob controle, embora ativo. Segundo a Prefeitura, o incêndio foi comunicado aos bombeiros às 5h08min e desde as 5h20min os soldados do fogo estavam no local, chegando em seguida os demais servidores que deram suporte ao trabalho de contenção das chamas. Ao DIÁRIO, no entanto, chegaram informações de que as chamas começaram bem antes, ainda no início da madrugada, tendo os bombeiros sido alertado sobre o incêndio às 3h34min, depois de três ligações não completadas, conforme prova de print de conversa de whatsapp

“Estou aqui no aterro sanitário do Fischer, acompanhando de perto as operações de contenção do incêndio… Mandei investigar a causa desse incêndio, porque é um incêndio criminoso, e nós não podemos mais viver com uma condição dessa em Teresópolis”, afirmou o prefeito. “A cidade amanheceu com uma forte intensidade de fumaça e um cheiro pesado no ar, e sabíamos ali que, com o início do sol e a elevação da temperatura essa fumaça iria se dissipar, é o que aconteceu e estamos aqui agora, garantindo a contenção desse incêndio, para que a vida da cidade possa voltar a sua normalidade”, concluiu.

Edição 23/11/2024
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